Médico do Flamengo vê ano atípico por lesões e justifica mudanças no DM: "Não estava satisfeito"

As mudanças no departamento médico do Flamengo ocorreram porque o chefe do setor, Marcio Tannure, não estava satisfeito com o trabalho. Em entrevista coletiva nesta sexta-feira, Tannure justificou as alterações e também explicou os motivos que fizeram com que o número de lesões no elenco rubro-negro aumentasse na atual temporada.

- A gente já vinha estudando isso e não fez em outro momento porque aguardava a mudança da comissão técnica. Claro que existia essa possibilidade de realizar essa mudança no fim da temporada, mas também existia um descontentamento meu. A reformulação a gente realizou exatamente por não estar satisfeito com o que estava apresentando. Claro que uma mudança poderia ter um impacto negativo. Todas decisões de saídas do departamento foram decididas por mim, a diretoria me deu apenas o respaldo. Eu assumo isso aqui completamente - explicou Tannure.

Marcio Tannure, chefe do departamento médico do Flamengo — Foto: Alexandre Vidal / Flamengo
1 de 2 Marcio Tannure, chefe do departamento médico do Flamengo — Foto: Alexandre Vidal / Flamengo

Marcio Tannure, chefe do departamento médico do Flamengo — Foto: Alexandre Vidal / Flamengo

Sobre as lesões dos jogadores, o médico citou alguns que ele acredita que possam ter influenciado no aumento de casos: a infecção de muitos dos jogadores pela Covid e o calendário apertado de 2020. Ele também lamentou os problemas com atletas em suas respectivas seleções.

- Não tenho menor dúvida não só a Covid, mas outros fatores vem contribuindo para isso (número de lesões). Vale lembrar que o Flamengo é o time que mais jogou no ano, porque teve uma Recopa e uma Supercopa. É um ano completamente atípico. Dessas lesões, Rodrigo Caio se lesionou na Seleção. Pedro se lesionou na Seleção. Arrascaeta se lesionou na Seleção. Gabriel entorse no tornozelo, uma lesão traumática. Infelizmente a gente tem que responder por algo que a gente não controla.

- Mas não tenho dúvida de que o Flamengo preza pela excelência. A diretoria me cobra e me dá suporte para que eu ofereça isso. Isso é um dos motivos por termos feito algumas mudanças. Eu particularmente não estava satisfeito, a gente fez essas mudanças para chegar no nível de excelência. Não tenho menor dúvida estamos chegando nisso de novo para se acertar. E vamos ser lembrados de novo como em 2019 - completou.

Confira outras respostas de Marcio Tannure na coletiva:

Rodrigo Caio contra o Racing?

- Existe chances (De jogar). Vamos fazer todo esforço para que ele esteja em campo. É muito bom que se ressalte que são lesões diferentes. Ele foi para a Seleção e voltou com lesão. Nós tratamos. Quando já estava voltando, por questão de fatalidade, teve outra lesão. Mas uma não tem nada a ver com a outra. E estamos tratando.

- Ele estava na transição de uma lesão do joelho e teve uma lesão na panturrilha. São diferentes. Como pode avaliar que teve erro na carga? Como outros jogadores que tiveram lesões em jogos, é uma fatalidade que infelizmente aconteceu. A gente tem esse cuidado de fazer o controle de carga na transição, analisamos com GPS. A gente não gostaria que isso acontecesse, ele também não

Lesão de Pedro não foi leve

- Essa questão da notificação da informação é importante. Eles comunicaram que foi uma lesão leve? Eles quem? Ele teve uma lesão grau II, não é leve. Muitas das recuperações eu vejo pessoas questionando que está demorando muito, além do prazo. Mas nós nem passamos o prazo. Como que pode estar passando do prazo se nem fomos nós que demos esse prazo? Mas esperamos que ele esteja pronto para terça.

Pedro durante treino do Flamengo. Atacante foi cortado da Seleção — Foto: Marcelo Cortes/Flamengo
2 de 2 Pedro durante treino do Flamengo. Atacante foi cortado da Seleção — Foto: Marcelo Cortes/Flamengo

Pedro durante treino do Flamengo. Atacante foi cortado da Seleção — Foto: Marcelo Cortes/Flamengo

Lesões de jogadores com as respectivas seleções

- Essa é uma situação complicada, não posso responder pelo clube, é uma decisão institucional. A gente já tem um calendário complicado esse ano, a gente não pode comparar o Flamengo com outros clubes. Nenhum outro cedeu tantos jogadores para seleções. São viagens longas num ano extremamente cansativo. Esse é o preço que a gente paga pelo Flamengo estar em outro patamar. Tem o ônus e o bônus. A gente quer ter os melhores jogadores, os melhores jogadores querem servir à seleção. Temos que saber lidar com isso.

Thiago Maia

- Thiago Maia é um atleta que pertence ao Lille, então qualquer conduta médica necessita não só autorização do jogador, mas também do time. É uma lesão complexa. O Lille, com toda razão, gostaria de avaliá-lo para que a gente possa confirmar esse diagnóstico e possa traçar próximos passos. O Lille optou por contratar um profissional argentino que já prestou serviços para eles para avaliá-lo. Vamos fazer isso juntos.

Contratação do preparador físico Rafael Winicki

- Na verdade, a gente perdeu alguns profissionais aqui no clube em 2018. Essas mudanças já vinham sendo estudadas por nós para ver quem viria. A gente achou que teria necessidade de um trabalho individualizado e, no momento, só estávamos com um profissional da educação física, que era o Betinho. E achamos por bem contratar mais um para fazer esse trabalho.

Critérios para contratações no departamento médico

- Critérios foram os mesmos que eu utilizei para contratar funcionários que já estavam aqui. Com a saída dos profissionais, a gente entendeu que precisava ajustar algumas coisas. Como é sabido, eu não estava satisfeito. Mas tudo aconteceu de maneira natural. Os outros cumpriram seu ciclo aqui, e a gente iniciou um novo ciclo com critérios parecidos.

- Primeiro de tudo, o clube tem uma metodologia própria, mas sempre time desafio de encaixar sua metodologia com quem está chegando. Estamos sempre nos adaptando, quando consegue esse entendimento dá para ter um resultado muito bom, como foi com Jesus e como está sendo com Ceni. A questão de trazer profissionais que nunca trabalharam com futebol: em algum momento eles têm que começar. Óbvio que experiência com futebol é importante, mas a capacidade técnica é superior

Surto de Covid

- O protocolo é seguro, eu particularmente acho que só estamos tendo isso porque fazemos testagens em massa e tomamos todos os cuidados. Ali não tinha muita alternativa, assumimos um risco e não tinha outra escolha (de ficar no Equador). O futebol apesar de tudo tem dado exemplo. A gente simplesmente decidiu enfrentar essa pandemia. Óbvio que não existe protocolo 100% seguro, não é uma vacina. É pra quê? Para que diminua o risco e tenha as soluções para que se algo acontecer

Fonte: Globo Esporte