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Chegou a hora de passar o bastão? Assim como todo rubro-negro, Lê está devidamente ansioso e contando os minutos para o relógio apontar 17h (de Brasília) do próximo sábado. Mas com uma pequena diferença: além da óbvia torcida pelo Flamengo na final da Copa Libertadores contra o River Plate, da Argentina, ele espera repassar uma responsabilidade que tem carregado durante 20 anos: ser o autor do último gol de um título internacional do clube.
Aos 40 anos, o herói da conquista da Copa Mercosul de 1999 continua morando em Guadalupe, Zona Norte do Rio de Janeiro, desde os tempos de jogador. É lá que o ex-meia deve assistir à decisão em jogo único em Lima, capital do Peru. E onde também recebeu a reportagem do GloboEsporte.com na semana passada para responder: a quem você gostaria de passar o bastão? Confiante no título, ele já tem um escolhido.
– Todos merecem, mas para mim o Bruno Henrique destoa. É um cara que é veloz, tem a sua técnica também, é muito atuante, consegue fazer o vai e vem muito bem no que se propõe o futebol hoje... Acho diferenciado e torço muito por ele. É um cara que merece – decretou, dizendo que também ficaria feliz se o gol sair dos pés do Everton Ribeiro.
Em uma hora de resenha em sua área de lazer – um terreno recém-construído ao lado de sua casa, com piscina, futmesa personalizado e espaço já reservado para uma churrasqueira –, Lê viajou ao passado. Resgatou lembranças, deu boas gargalhadas e não fugiu das polêmica para passar a limpo aquela surpreendente campanha. Assim como seus mais de 10 anos de clube e sua carreira agora fora das quatro linhas com o filho João Gabriel, meia-atacante do sub-20 do Flamengo.
Confira a entrevista completa:
GloboEsporte.com: No próximo sábado, o Flamengo enfrenta o River Plate na final da Libertadores e pode voltar a conquistar um título internacional. Isso te traz alguma lembrança?
Lê: – Ah, me remete a muita coisa. Era um grupo fragilizado por ir mal no Brasileiro. Até ganhamos o Carioca, mas o Flamengo queria voos mais altos. Nosso campeonato não estava bom, salários atrasados seis meses na época da final, se não me engano. Às vezes o Romário que ajudava a gente. Rapaziada subindo cheia de medo: eu, Reinaldo, Juan, Athirson... Só que sem saber o que iria acontecer. Ninguém pensava que iríamos ganhar do Palmeiras pelo time dos caras.
– Lembro da escalação: Marcos, Arce, Cléber, Júnior Baiano e Júnior; Galeano, César Sampaio, Zinho e Alex; Paulo Nunes e Oséas (nota da redação: no último jogo, Asprilla e Euller foram os titulares nos lugares de Galeano e Oséas) . Como que ganha de um time desse? Tinha que jogar como a gente jogou, com o coração. Foram duas finais maravilhosas. E o que envolveu esses jogos, aquela coisa da mística do Flamengo de chegar à final e as coisas acontecerem. Foi isso que aconteceu, foi muito bom.
Caramba, até a escalação do adversário você lembra?
– Não sei a do Mengão direito, mas sei a do Palmeiras (risos). Lembro muito do Célio Silva, que jogou com a perna esquerda porque fazia infiltração no joelho direito. A batida de canhota dele era melhor do que a de direita, o cara era fenomenal. Ajudou muito a gente.
Guardou alguma coisa daquela conquista?
– A camisa do título eu guardei, já me ofereceram R$ 8 mil nela e não vendi. O short eu tinha, mas está perdido pelas bagunças da casa. Tenho também a medalha, que eu revitalizei agora com um ourives amigo meu, e ficou linda.
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Camisa do título, que Lê já recusou vender, e medalha revitalizada, que está como se fosse nova — Foto: Thiago Lima
A bola do jogo você não quis pegar?
– Não, na época não tinha essas coisas. A gente ficou tão desesperado com o título em si, que nem se preocupou em saber da bola. É mesmo, eu tinha que ter pegado a bola. Seria legal.
Aquela campanha ficou marcada por várias histórias, como por exemplo a pancadaria contra o Peñarol no Uruguai. Onde você estava na hora da confusão?
– No cantinho (risos). E dali eu não saí, parceiro. Todo mundo apanhando, vou eu também ficar de olho roxo? (risos) Estou brincando, entrei para ajudar. Pelo menos tirar a rapaziada dali. Fiquei com medo de fecharem o vestiário, aí iria virar um terror campal. Mas não deu tempo de fecharem. O Clemer era capoeirista, deu dois "rabos de arraia" no malandro, eu gritei: "Pega". O Athirson todo ensanguentado, porque na época jogava de aparelho fixo (nos dentes) e tomou um soco.
– Os caras foram muito covardes ali, já colocaram gandulas adultos, lutadores, para pegar a gente. Já sabiam que não ia dar certo na bola... E, para mim, uruguaio é pior que argentino em relação a catimba. Hoje em dia mudou muito porque tem muita câmera. Mas eles eram muito covardes: porradas por trás, cotoveladas, saía dos jogos com a camisa toda cuspida... Cuspiam nas tuas costas, quando terminava o jogo para você tirar...
E a famosa noitada da "Festa da Uva"?
– Teve gente no hotel que se escondeu debaixo da cama, não posso dar o nome do santo (risos). A rapaziada no quarto, a festa já armada, e o (José Eduardo) Chimello, diretor, bateu e entrou. Aí um guerreiro pegou o lençol e foi para debaixo da cama. Quando todo mundo saiu do quarto, o guerreiro estava mijado, todo nervoso (risos). Eu não estava, mas se estivesse lá teria ido também (risos). Eu gostava de uma noitezinha.
O Romário acabou mandado embora depois disso, mas já havia antes uma "Guerra Fria" da diretoria com ele, né?
– Tinha essa guerra. Mas quando a gente é muito novo, não tem que se meter em muita coisa, não. Era fazer o nosso e ir para casa. Porque era briga de cachorro grande: o presidente com o melhor jogador do time, que tinha vencido Copa do Mundo, cheio de título, Barcelona... O que que eu vou me meter? A corda sempre arrebenta para o lado mais fraco. Então eu ficava na minha, mas tinha arranca-rabo em vestiário. Bagulho era doido.
Como era a relação de vocês com o Baixinho?
– O Romário era muito na dele, até porque ele era muito requisitado na época. Então ele enjoava de dar entrevista, às vezes chegava de saco cheio. Cada um tem o seu jeito, a gente tem que respeitar. Dava bom dia, boa tarde. Falava pouco, mas conversava com a gente, dava moral para quem estava subindo... Era um cara legal.
– E o prazer era todo nosso de jogar com ele, no auge ainda, fazendo gol à beça. Aprendi bastante. Ficava depois dos treinos cruzando bola para ele, tinha um dinheirinho: pegava R$ 100 quem ficava, e eu ficava até escurecer no antigo Fla-Barra. Minha perna inchava, mas não falava nada. Ficava feliz da vida para ganhar um dinheirinho.
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Lê disputou 84 jogos no profissional do Flamengo e marcou 10 gols — Foto: Arquivo Pessoal
E quando ele logo depois foi para o Vasco, como vocês reagiram?
– Aí vida que segue. Como foi no final e ele saiu desgastado, foi bom para os dois lados. A gente entendeu dessa forma. Ele cumpriu a etapa dele no Flamengo e foi para uma nova vida. Achou por bem sair, até porque não tinha mais clima. Na época ficou como o principal que levou a rapaziada para sair, mas acho que não teve isso. Não pode culpar um cara só, ninguém colocou uma arma na cabeça e falou: "Vamos lá na festa". Vai quem quer, parceiro.
E essa história de que estava no churrasco antes da final?
– Já era dezembro, não estava mais sendo relacionado, aí pensei: "Vou tomar um creme, né"? Fiz um churrasco aqui com a rapaziada, jogamos pelada, sueca... Aí de noite o Chimello me liga falando que eu ia para o jogo. Falei: "Meu Deus do céu, isso é mentira". Tinha dado, vendido minhas roupas todas. Aí vai na casa de vizinho pegar chuteira, vai em Madureira pegar a camisa da concentração... Mas não consegui, os caras já tinham revendido. Flamengo teve que me dar uma roupa nova (risos).
Acha que não teria sido chamado de volta se o Romário não tivesse saído?
– Não teria ido, esquece. Não sei nem se estaria falando aqui em relação a título. Estava muita briga, sei nem se ganhava a Mercosul, parceiro. O vestiário já não era muito bom, tinha muita picuinha. Título se ganha no vestiário. Quando o técnico consegue fechar, deixar o grupo coeso... O reserva não pode reclamar, pode estar insatisfeito, mas sabe que ali está jogando um cara melhor que ele. Não tem sacanagem no grupo, jogador gosta disso.
E aquela comemoração inusitada do gol do título?
– Estava naquela onda do Bebeto ainda (comemoração na Copa do Mundo de 1994), e a Leandra, minha filha mais velha, era novinha, tinha 11 meses. Em todos os gols que fazia nessa época, eu embalava neném para ela (risos). Só que contra o Palmeiras eu não consegui. Um gol daqueles, faltando três minutos, falei: "A gente é campeão". Aí começo a chorar. Foi aquela coisa da criança. Eu estava saindo da adolescência, 20 anos. Foi emblemático também.
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Matéria com o herói do título em "dia de Papai Noel" no jornal "O Globo" do dia 22/11/99 — Foto: Reprodução / Jornal O Globo
O bicho foi bom? O que fez com o dinheiro?
– Era progressivo, até R$ 50 mil para quem jogou todos os jogos. Aí no mês de janeiro falei: "Vou gastar por conta". Comprei carro, um Astra bonitão, preto. Ganhava R$ 3 mil na época. Aí sai o pagamento do mês: R$ 0,0. Em fevereiro de novo. Fiquei até junho recebendo R$ 0,0, irmão. "Meu Deus, o que está acontecendo?" Aí que fui saber que o pagamento estava retido porque tinha que pagar imposto de renda sobre o bicho que ganhei. O carro ficou parado seis meses na garagem por falta de gasolina (risos).
– E não foi só comigo, aconteceu com todo mundo. Passei um momento complicado, vendia até camisas de jogo às vezes, fazia leilão na rua de chuteira. Ia muito no George Helal (ex-presidente do clube), esse coroa me ajudou muito. Até com fralda para a Leandra. Ele era um paizão, me acostumou mal (risos).
Tem esse carro ainda?
– Não, meu sogro vendeu.
O que você tem feito agora? Agencia a carreira do filho?
– Eu fico mais com o filho, que toma bastante meu tempo. Ele está na empresa do Márcio Bittencourt (empresário), que nos deu respaldo. Então a gente faz essa junção, porque o pai sempre tem que estar perto. E aqui eu cuido da minha casa, com o pouco que ganhei dá para viver. Não ostento muita coisa, tenho é meu lazer. Isso aqui (terreno onde construiu uma piscina) era para ser uma casa, mas virou essa áreazinha. Tem meu futmesa, onde brinco com o João, logo terá churrasqueira... E assim vou vivendo.
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Lê tem um futmesa personalizado com o seu nome de um lado, e o do filho do outro — Foto: Thiago Lima
Seu filho tem dimensão do que você fez no Flamengo?
– Ele não tinha antes, mas também porque não morava comigo, morava com a mãe e a avó. Aí ele fica doido. Eu falo: "É, João, teu pai fez uma história muito bonita no Flamengo. Cheguei em 91 e saí em 2004, então é muita coisa". A gente tem que dar o braço a torcer porque nós fizemos história ali. Ganhamos dois Cariocas, que na época valia bastante, e um título internacional que o Flamengo precisava. Tem que respeitar. Eu falo para ele: "Tu me respeita, rapaz. Eu tenho história" (risos).
Acha que poderia ter tido uma história maior no Flamengo?
– Pô, cara... Um montão de pequenas coisas, sabe? Eu também me deslumbrei um pouquinho depois do gol, não vou mentir. É muito complicado você com 20 anos fazer um gol de título. Você pensa que pode tudo, que é o cara, mas é onde tem que ter os pezinhos no chão, cabecinha no lugar, perto da família. Eu não ouvia as pessoas. Também era um cara muito da noite, ia para os meus pagodes da vida... Isso não era legal, jogador tem que descansar. Descanso hoje é treino.
– E também outras coisas, o Flamengo não me dava muita moral, sempre tinha um para jogar no meu lugar, dois três para chegar... Eu me considerava um cara muito técnico, mas ficava para trás e ficava triste por isso. Preferências de treinador, que às vezes eu ficava p... Mas se eu estivesse com a cabeça que tenho hoje, eu não faria muita coisa que fiz.
E hoje você passa isso para o João Gabriel?
– Com certeza. Mas o bom dele é que não é de beber. Na idade dele já tomava umas cervejinhas, e o João com 18 anos não bebe. Abomina cerveja, vinho, essas coisas. Então para mim fica mais fácil. Ele está sempre focado, já é profissional, teme três anos de contrato. Tem que ficar sempre ligado à sua volta, não pode dar mole. E ele não vai errar onde eu errei.
João Gabriel ao lado do pai; jovem de 18 anos está no time sub-20 do Flamengo — Foto: Arquivo Pessoal
As pessoas ainda te reconhecem nas ruas?
– Bastante, bastante. Porque eu sou muito do povo, adoro internet, Facebook, interajo com os flamenguistas... Sempre falo que o Flamengo em si, sua história é infinita. Logicamente o Zico é à parte, mas tirando a rapaziada de 81, que conquistou bastante coisa, a gente é só uma frase ou uma página. O Flamengo é muito maior do que todos nós. Então eu joguei no Flamengo, sou flamenguista, sempre ia ao estádio, meu pai sempre me levava. Meu nome é por causa do Leandro...
E o que costumam falar quando te reconhecem?
– "Olha aí o autor do gol de 99", "jogava muito bem"... Minha carreira foi muito pautada em sair do banco e tentar resolver jogos, porque na minha posição tinha Denilson, Edilson, Alex, Petkovic... Sempre tinha um meia. Naquela época era complicado de jogar, então esperava um pouquinho, entrava no segundo tempo para mudar o jogo. E a torcida me reconhece por isso. Isso que é legal. Joguei no Flamengo, dei título para o Flamengo, não só passei. Tem muita gente boa que não deu certo no Flamengo, só passou.
– Tem uns papagaios de pirata, que nunca jogaram nada, e ficam falando: "Ah, mas tu só fez aquilo". Não. Claro que foi um gol do título, então é o mais lembrado. Mas tem o gol no Peñarol na semifinal, tem o gol olímpico, nos dois primeiros gols do Adriano no profissional, contra o São Paulo no Morumbi, os passes foram meus. Hoje em dia é tudo estatística, o cara dá assistência e vira rei. Mas na nossa época só era rei quem fazia o gol.
Você citou que sempre ia ao estádio para ver os jogos. Ainda vai?
– Sim, sou convidado direto pela FlaTV e estou sempre no Maracanã. Quando não, ligo para o Pinheiro, que é o chefe da segurança, ou falo com outras pessoas envolvidas lá no Flamengo para pedir um ingressinho. Acho que é legal, eu também fiz parte da história, e eu vou como torcedor. Adoro ir a estádio, ainda mais nessa fase boa. Mas também ia na fase ruim.
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O jovem Lê, com 20 anos, distribuindo autógrafos na carreata do título em 1999 — Foto: Reprodução / TV Globo
– Nessa fase boa está sendo ótimo ser Flamengo, todo mundo agora é Flamengo. Mas a gente já passou coisas difíceis, momentos ruins, e agora chegou a hora da hegemonia. Acho que temos que fazer três, quatro anos aí bem, ganhar coisas importantes. Não só um título, mas pegar uma sequência boa.
E a final da Libertadores, vai ver de onde?
– Devo fazer um evento, agora a gente faz bastante com o Flamaster. As pessoas chamam muito para visitar as embaixadas. Se tiver algum convite eu vou, senão fico aqui na minha casa mesmo, boto a tela ali no cantinho, abro minha cerveja bem gelada e toco a vida.
Como aconteceu em 99, a final vai ser contra o atual campeão da Libertadores. Acha que enfrentar o River será mais ou menos como ter encarado o Palmeiras naquela época?
– Palmeiras era bem melhor (que o Flamengo na época). E isso aí de entrar com o favoritismo em jogos desse... Eles ganharam a Libertadores, jogaram Mundial, e pensaram que iriam arrebentar tudo. Até pelo momento do Flamengo. Só que Deus é flamenguista. Quando deixa o Flamengo chegar é diferente, por isso que eu confio muito na mística.
– Final não se joga, se ganha. Para mim, a melhor coisa é que seja em jogo único mesmo. Porque nessa batida que o Flamengo está vindo, vai imprensar do mesmo jeito. Pode acontecer? Pode, os caras têm qualidade também, mas eu não vejo nada demais. Vejo que vai ser um jogo igual mais pela história deles, e não pelo momento. Na América do Sul, não vejo time jogando igual ao Flamengo, não.
Qual seu palpite?
– Para mim, vai ser um 2 a 0. Mas um 2 a 0 com a gente em cima dos caras. Propondo o jogo, indo para cima, não deixando eles jogarem. Lógico que todos jogos têm seus momentos difíceis, mas acredito que vai ser um acachapante 2 a 0.
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Taça da Mercosul de 1999 está na galeria de troféus do Flamengo na Gávea — Foto: Reprodução
E quem você aposta como seu sucessor, o cara que vai fazer o próximo gol de um título internacional?
– Todos merecem, mas para mim o Bruno Henrique destoa. É um cara que é veloz, tem a sua técnica também, é muito atuante, consegue fazer o vai e vem muito bem no que se propõe o futebol hoje... Acho diferenciado e torço muito por ele. É um cara que merece. Como o Everton Ribeiro também, que pegou um momento ruim do Flamengo.
E o Brasileiro? Dá para conquistar os dois?
– Ah, já foi, né? Não dá para pegar a gente. Abrimos uma frente muito grande, e eu não vejo ninguém jogando o que a gente joga. Não vejo o Palmeiras jogando dessa forma, o Santos... Estamos fazendo por merecer, mais cedo ou mais tarde a faixa estará com a gente.
Naquela época, vocês também chegaram a liderar o Brasileiro durante a campanha na Mercosul, mas no fim ficaram fora da zona de classificação para o mata-mata. Acha que o cansaço atrapalhou?
– Pode ser. O grupo era reduzido, não tínhamos a estrutura de hoje. Era difícil a logística, hoje os caras vão de avião fretado. Na nossa época muitas vezes viajávamos até de ônibus. A confiança da torcida também não era a mesma. A torcida do Flamengo é o 12º jogador se o time der mostras em campo, e o nosso não estava mostrando isso, vinha tropeçando...
Dá para comparar alguma coisa daquele time de vocês com o atual?
– Não. Tecnicamente, os caras hoje voam, são de uma rapidez enorme. Nosso time jogava para o Romário, esse atual joga para o conjunto. Tanto que um tem 20 gols, outro 19, outro 14...
Nem os treinadores dá para comparar? O Carlinhos Violino também era um técnico com muito prestígio com a torcida...
– De carinho, sim. Carlinhos era vitorioso demais, muito inteligente, mas era outra época. Foi o cara que tapava buraco, infelizmente. Mas ele vinha e ganhava títulos. Só que o êxtase dessa campanha do Jorge Jesus, para mim, está maior pelo que o time vem jogando. E ele acertou em muito pouco tempo.
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Campeão carioca, brasileiro e sul-americano, Carlinhos fez história no Flamengo — Foto: Globoesporte.com
– Estamos falando em quatro, cinco meses. Tem time que demora para jogar isso aí dois anos. Lógico que tem as peças, mas podem ser as peças que for, não é todo time que ganha título, não. Vê a Seleção de 82, um time do c... e não ganhou. Tem que dar a César o que é de César, o cara é brabo mesmo.
Aquele título de 99 coroou garotos da base como você, Athirson, Juan, Leo Inácio, Reinaldo... Mesmo com o Flamengo sendo uma potência financeira hoje em dia, podendo contratar nomes de peso no mercado, acha que ainda terá espaço para a molecada?
– Sem dúvida. Em todos os títulos do Flamengo sempre teve quatro, cinco da base. Sempre o protagonista foi a base. Vê o 92 do Júnior, tinha o Gaúcho que não era (prata da casa) e mais um ou dois. A gente é protagonista tendo base, então não pode perder esse fio da meada.
– Agora tem o Reinier, nosso goleiro reserva (César), e num time multimilionário, de estrelas. Não pode deixar de olhar para a base, a do Flamengo é rica. É mesclar, saber a hora desses meninos também para não queimar o jogador. Mas que tem que usar, tem que usar.