Lateral ou zagueiro? Entenda como Danilo atuava na Juventus e como pode encaixar no Flamengo de Filipe Luís

No momento, o estafe do defensor e a direção do Flamengo conversam sobre a parte financeira do acordo, enquanto a equipe de Danilo também conversa com a Juventus para uma rescisão amigável do contrato.

Embora seja lateral-direito de ofício e tenha, recentemente, atuado assim na seleção brasileira de Dorival Júnior, onde é um dos capitães, fato é que Danilo tem sido utilizado na Juventus prioritariamente na zaga desde a temporada 2021/2022, quando a equipe era comandada pelo italiano Massimiliano Allegri. E é assim que o defensor se vê mais confortável para jogar atualmente.

O movimento de deslocar Danilo da lateral para a zaga, começou antes mesmo da Copa do Mundo do Catar, em 2022. Na ocasião, a Juventus começou a jogar com uma linha de três atrás num esquema de 3-5-2. Ora deslocado para a direita, ora para a esquerda, Danilo foi bem na nova função e passou a ser utilizado com cada vez mais frequência na posição.

— O Danilo foi um zagueiro que jogava pelos lados, e acho que, pela carreira dele inteira, pode ter sido onde ele mais rendeu a nível individual. A principal qualidade dele era ser um zagueiro construtor, que conduz bem a bola dos lados para o centro do campo — explica o jornalista Cesar Costa, escritor do site especializado em futebol italiano Calciopedia.

Nas três temporadas em que Danilo foi treinado por Allegri na Juventus, o defensor realizou 119 partidas. A média é de 39 jogos em cada uma delas, sendo que a de maior participação foi em 2022/2023, com 54 partidas. Além disso, foram, no total, seis gols e nove assistências.

— Danilo passou a ser usado como zagueiro por Allegri no esquema 3-5-2, preferencialmente pela esquerda, com bom rendimento, dando segurança ao sistema defensivo e qualidade à saída de bola. Com Thiago Motta, que usa linha de 4 atrás, suas experiências na zaga não foram tão positivas e seus minutos em campo foram consideravelmente reduzidos — pondera Leonardo Bertozzi, comentarista da ESPN.

Na Juventus desde julho de 2024, o ítalo-brasileiro Thiago Motta de fato não utilizou tanto Danilo quanto seu antecessor. Até aqui, foram apenas 16 partidas, sendo a metade como titular. De acordo com César Costa, a justificativa para a baixa frequência na equipe pode estar na mudança de estilo de jogo do time e, consequentemente, nas alterações táticas.

— O Allegri também é um treinador mais conservador, então o Danilo tinha mais proteção da equipe, que marcava num bloco mais baixo, era mais precavida. Ele não ficava tão exposto no mano a mano, o que poderia acontecer num time de uma linha alta, que marcasse de uma forma mais ousada. Como zagueiro, ele tinha uma posição de ajudar mais na parte criativa, na construção de jogo — afirma o jornalista.

— Com o Thiago Motta isso mudou muito, porque ele prefere jogar com uma linha de quatro atrás, então não tinha mais essa posição de terceiro zagueiro para o Danilo. Acho que ele não tem condições de fazer esses combates numa dupla de zaga, com o tempo de bola. Até a imposição física ele acaba perdendo para os centroavantes — conclui.

Bertozzi, por sua vez, aponta que, além da mudança tática, o comportamento da Juventus também mudou com Thiago Motta, e que isso fez com que Danilo perdesse espaço.

— Os encaixes de marcação são diferentes, então, sem o encaixe na zaga, ele voltou a competir por posição na lateral-direita. Mas aí o surgimento do jovem Savona e a versatilidade de Cambiaso, que faz as duas laterais, limitaram suas possibilidades — aponta.

Ainda assim, Danilo viveu bons momentos na atual temporada. Na vitória da Juventus por 2 a 0 contra o Manchester City, por exemplo, o defensor atuou como lateral-esquerdo e teve a atuação elogiada. Além disso, contra o Bologna, pelo campeonato italiano, quando atuou pela direita, Danilo deu sua única assistência na temporada e também foi bem.

Com 16 jogos oficiais como técnico do time principal do Flamengo, Filipe Luís até indicou, no ano passado, preferência por um esquema ofensivo, com uma linha de defesa alta e formada por quatro defensores. No entanto, versátil, o treinador também demonstrou capacidade para utilizar um esquema de três zagueiros.

Foi assim, por exemplo, que o rubro-negro superou o Corinthians na Neo Química Arena, na Copa do Brasil, e confirmou o título do torneio contra o Atlético-MG, na Arena MRV.

— Hoje o Milito demonstrou para o Brasil que três zagueiros não é um sistema defensivo. Ao contrário, é um sistema muito ofensivo — falou o treinador em 10 de novembro, após a conquista da Copa do Brasil.