Justiça retira chance de punição e absolvição de Bandeira de Mello em processo do CT do Flamengo

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A Justiça do Rio acatou pedido do Ministério Público e extinguiu a possibilidade de punição ao ex-presidente do Flamengo , Eduardo Bandeira de Mello, pelo incêndio ocorrido no CT do Ninho do Urubu, em 2019, que vitimou 10 jovens jogadores da base do clube.

A medida é justificada pela prescrição da denúncia do Ministério Público, feita em janeiro de 2021, e pela idade avançada do ex-dirigente. A decisão é do juiz Tiago Fernandes de Barros, da 36ª Vara Criminal.

"Assim, considerando que a denúncia foi recebida em 19/01/2021, tendo transcorrido mais de quatro anos até a presente data, e considerando que o referido réu conta com mais de 70 anos de idade, sendo o prazo prescricional reduzido pela metade, imperiosa é a extinção de sua punibilidade.

Assim, acolho o requerimento do Ministério Público e DECLARO EXTINTA A PUNIBILIDADEde EDUARDO CARVALHO BANDEIRA DE MELLO, com base no artigo 107, inciso IV, art.109, IV e art. 115, todos do Código Penal."

Eduardo Bandeira de Mello no Morumbi antes de São Paulo x Flamengo — Foto: Marcos Ribolli

Em nota, Bandeira de Mello afirmou ter recebido com "surpresa e tristeza" a decisão e considerou incomum o pedido do MP para extinguir a punição. Ele também alegou que existem provas que mostram sua inocência no caso.

Veja um trecho da nota:

"Estávamos há mais de 100 dias aguardando que eles apresentassem suas alegações finais e permitissem o julgamento do caso. Agora, o órgão que me acusou não parece interessado em uma decisão do Judiciário.

Após mais de 4 anos de processo, todas as provas produzidas apontam a minha inocência. Prefiro acreditar que não, mas talvez isso explique a demora da Promotoria para apresentar as suas alegações finais e a agilidade do mesmo órgão em pedir essa prescrição".

Da minha parte e de minha equipe de defesa, sempre houve efetiva colaboração com a Justiça na busca pelas causas dessa tragédia. Atos protelatórios que visassem uma possível prescrição nunca foram opções para nós. Não por acaso, minha equipe de defesa sempre atuou em estrito cumprimento dos prazos estabelecidos a fim de promover a celeridade do processo.

Após 6 anos de dor, entendo que todos merecemos uma resposta que possa aplacar, ainda que minimamente, esse imenso sofrimento. Partes, torcedores, público em geral e, principalmente, as famílias das vítimas merecem essa resposta.

Sigo confiando no trabalho sério da Justiça e convicto da minha inocência.

O processo que visa a apontar os culpados pelo incêndio do CT do Ninho do Urubu está em andamento no Tribunal de Justiça do Rio. Desde 2023, foram realizadas audiências que ouviram testemunhas e profissionais que atuaram nas investigações. Ainda não há previsão para a sentença.

São réus por incêndio culposo qualificado pelos resultados de morte e lesão grave Marcelo Sá, engenheiro do Flamengo ; Márcio Garotti, ex-diretor financeiro do Flamengo ; Claudia Pereira Rodrigues, Weslley Gimenes, Danilo da Silva Duarte e Fabio Hilário da Silva, da NHJ (empresa que forneceu os contêineres); e Edson Colman da Silva, técnico em refrigeração.

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Athila Paixão, de 14 anos
Arthur Vinícius de Barros Silva Freitas, 14 anos
Bernardo Pisetta, 14 anos
Christian Esmério, 15 anos
Gedson Santos, 14 anos
Jorge Eduardo Santos, 15 anos
Pablo Henrique da Silva Matos, 14 anos
Rykelmo de Souza Vianna, 16 anos
Samuel Thomas Rosa, 15 anos
Vitor Isaías, 15 anos

Na noite desta terça-feira, o Flamengo informou, por meio de nota, que celebrou um acordo com os pais do goleiro Christian Esmério, única família das 10 vítimas fatais do incêndio no Ninho do Urubu em 2019 que ainda não tinha sido indenizada e processava o clube na Justiça. O jovem tinha 15 anos, defendia a seleção de base e era monitorado pelo exterior quando morreu na tragédia.

"Foi com surpresa que recebi a notícia do incomum pedido de reconhecimento de prescrição feito pela Promotoria. Afinal, estávamos há mais de 100 dias aguardando que eles apresentassem suas alegações finais e permitissem o julgamento do caso. Agora, o órgão que me acusou não parece interessado em uma decisão do Judiciário.

Após mais de 4 anos de processo, todas as provas produzidas apontam a minha inocência. Prefiro acreditar que não, mas talvez isso explique a demora da Promotoria para apresentar as suas alegações finais e a agilidade do mesmo órgão em pedir essa prescrição.

Da minha parte e de minha equipe de defesa, sempre houve efetiva colaboração com a Justiça na busca pelas causas dessa tragédia. Atos protelatórios que visassem uma possível prescrição nunca foram opções para nós. Não por acaso, minha equipe de defesa sempre atuou em estrito cumprimento dos prazos estabelecidos a fim de promover a celeridade do processo.

Após 6 anos de dor, entendo que todos merecemos uma resposta que possa aplacar, ainda que minimamente, esse imenso sofrimento. Partes, torcedores, público em geral e, principalmente, as famílias das vítimas merecem essa resposta.

Sigo confiando no trabalho sério da Justiça e convicto da minha inocência."

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Fonte: Globo Esporte