A Justiça condenou o Flamengo no processo movido pela família do goleiro Christian Esmério, uma das 10 vítimas do incêndio no Ninho do Urubu em 2019. Os pais do jovem eram os únicos que não haviam feito acordo com o clube e aguardavam a sentença que saiu nesta quinta-feira. A decisão, assinada pelo juiz André Aiex Baptista Martins, da 33ª Vara Cível do Rio de Janeiro, é em primeira instância e cabe recurso.
A informação foi divulgada primeiro pelo jornal "O Globo" e confirmada pelo ge , que teve acesso à sentença de 12 páginas. Na decisão, o juiz julgou parcialmente procedente o pedido e condenou o Flamengo a pagar R$ 2,82 milhões de danos morais para os pais de Christian (valor a ser dividido igualmente entre eles) e R$ 120 mil ao irmão, além de uma pensão mensal de R$ 7 mil, que já vinha sendo paga de forma voluntária pelo clube, até 2048 ou até o falecimento dos genitores.
O valor é menor do que inicialmente pedia a família na ação, onde constava a pedida de R$ 5,2 milhões de danos morais para os pais e R$ 240 mil para o irmão, além de R$ 3,9 milhões de pensão, à vista ou parcelado por mês. Por outro lado, a quantia é maior do que a sugestão na época da Câmara de Conciliação formada para ajustar os acordos entre o clube e os familiares, que propôs indenização de R$ 2 milhões e pensão mínima de R$ 10 mil para cada família por cerca de 30 anos.
- A vida de um filho não tem preço. A gente ainda é julgado por alguns fanáticos que enxergam como se fosse por dinheiro. Se fosse, já teria pego. A questão é a forma como fui tratado, como a família foi tratada. Tentaram de todas as formas enfraquecer as famílias. E ainda fazem as pessoas de fora enxergarem a gente como mercenários - comentou o pai de Christian, Cristiano Esmério, que trabalha com projetos sociais de futebol, em entrevista ao ge na semana passada .
Questionado se irá recorrer da decisão, o clube limitou-se a dizer que "não fala do assunto pela imprensa" . Os acordos com as demais nove famílias foram feitos de forma individual, e os valores foram mantidos sob sigilo. Em todo dia 8 de fevereiro desde a morte dos meninos, o Flamengo organiza uma missa no Ninho do Urubu. Alguns pais costumam comparecer. No museu do clube, havia uma homenagem, mas depois da reforma ela foi retirada.
A tragédia, que completou cinco anos no último dia 8 de fevereiro, levou à morte de 10 jovens entre 14 e 16 anos de idade. Outros 16 que estavam no CT sobreviveram. Até hoje, nenhuma pessoa foi punida criminalmente pela tragédia. Além de Christian, morreram no dia do incêndio: Arthur Vinícius de Barros Silva Freitas, 14 anos; Pablo Henrique da Silva Matos, 14 anos; Bernardo Pisetta, 15 anos; Vitor Isaias, 15 anos; Samuel Thomas Rosa, 15 anos; Athila Paixão, 14 anos; Jorge Eduardo, 15 anos; Gedson Santos, 14 anos; e Rykelmo Viana, 16 anos.
Assista: tudo sobre o Flamengo no ge, na Globo e no sportv