Juninho afasta desconfiança e se prepara para vingar no Flamengo: "Eu sei que vai dar certo"

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Aos 28 anos, Juninho tenta agarrar a chance da vida no Flamengo . Pouco conhecido entre os rubro-negros, o primeiro reforço do clube na temporada peregrinou pelo Brasil e pelo mundo antes de chegar ao Rio. Foram nove times desde que deixou o interior de Minas Gerais para seguir carreira de jogador. O interesse do Fla é o auge da trajetória de quem se define como trabalhador e tem certeza que vai superar a desconfiança e alcançar o sucesso, assim como já fez outras vezes.

O atacante marcou o segundo gol da vitória do Flamengo por 2 a 1 sobre o Fluminense, na quarta-feira, no jogo de ida da final do Campeonato Carioca. Foi o segundo dele com a camisa rubro-negra, mas o primeiro no Maracanã: "Um sonho para qualquer um", resumiu. Se depender de Juninho, o sonho não vai parar por aí e o torcedor terá outros motivos para sorrir.

- Eu sou um cara muito correto. O que você faz na sua vida você vai ter um retorno. Eu fiz por onde para estar aqui. Sofri muito para poder estar aqui. É aquela velha história do sonho, que você sai de casa com 15 anos, mas as pessoas não querem ver isso, só querem ver o sucesso. Não sabem de todo o trabalho para você estar na base alta. Sou merecedor de estar aqui. Não sou focado em redes sociais, penso na minha família e no meu trabalho - afirmou o jogador em entrevista ao ge .

- Sou trabalhador e ninguém dá nada para ninguém de mão beijada se não você não fizer por merecer. Eu acho que eu fiz. Se eu não estivesse aqui eu teria outras oportunidades que eu achei que não poderia ter. Estou muito realizado por estar aqui em um clube da potência do Flamengo . O trabalho vence tudo e, se depender de mim, vai dar tudo certo... Não me arrependo dessa escolha, estou muito feliz e sei que vai ser um sucesso - completou ele.

As oportunidades citadas por Juninho dizem respeito ao interesse de outros clubes europeus no início deste ano, quando estava no Qarabag, do Azerbaijão. Ele chegou a acertar a ida para o Sevilla, da Espanha, quando Filipe Luís fez contato e o convenceu a fechar com o Flamengo . Não precisou pensar muito para dizer sim.

De volta ao Brasil, ele realiza o sonho do pai, que era torcedor de um rival rubro-negro, mas foi quem o incentivou a ser jogador. Olávio faleceu quando o atacante tinha apenas 12 anos, mas ele vive nas comemorações do filho.

- Sou filho único do meu pai, não conheci a família dele, é uma homenagem ao sobrenome dele: Vieira. Hoje eu e minha filha carregamos o nome. É uma declaração para o mundo, ele sempre me apoiou e quero levar o nome dele para que todo mundo saiba. É por isso que eu destaco o V de Vieira, é a marca dele, é a minha marca por causa dele. Foi quem mais me apoiou. Ele era vascaíno, acostumado a ver Romário e outros grandes jogadores, sempre me incentivou. Sempre falou para mim: "Você vai ser jogador". E o sonho dele aconteceu - declarou o atacante do Flamengo .

Juninho comemora gols em homenagem ao pai — Foto: André Durão

Recém-recuperado de um edema na coxa direita, Juninho ainda não se sente 100% e, por isso, não deve ser titular na finalíssima contra o Fluminense, às 16h deste domingo, no Maracanã. O atacante será opção para Filipe Luís mudar o time no segundo tempo.

No Flamengo , Juninho conta com a ajuda de um velho conhecido. Léo Pereira jogou junto com o atacante na base do Athletico-PR. É o ponto de apoio do reforço no processo de readaptação ao futebol brasileiro e no entrosamento com os companheiros do novo time.

- Conheço o Léo há muito tempo. Me mandou mensagem antes de eu vir, me ajudou muito quando eu cheguei. Está me ajudando a entrosar com o restante do grupo. Acompanhei o Léo quando eu estava fora também, vi o sofrimento no início e depois veio toda a glória. Ele sabe a pessoa que eu sou, o quanto eu trabalho e que eu posso ajudar. Eu levarei um tempo, e ele sabe que esse tempo está chegando. Um cara que está sempre me ajudando no dia a dia - disse Juninho.

- É um cara especial, fora de série. Tranquilo, trabalhador e que precisou passar por muita coisa para estar aqui. Eu sei um pouco da história dele, já ouviu muita coisa. Fico feliz. Ele chegou para ajudar muito, além de agregar, quis muito estar aqui. Ele sabe que está no lugar certo - afirmou Léo Pereira em entrevista coletiva na sexta-feira .

Léo Pereira e Juninho se conhecem desde a base do Athletico-PR — Foto: Gilvan de Souza / CRF

Ainda no Athletico, Juninho foi emprestado para Portimonense (Portugal), Grêmio Esportivo Brasil (RS), Grêmio Novorizontino (SP), Figueirense (SC), Vila Nova (GO) e Estoril Praia (Portugal). Depois passou por GD Chaves (Portugal) e Qarabag (Azerbaijão) antes de chegar ao Flamengo . Foi no Qarabag que o atacante passou a jogar mais centralizado. Lá, marcou 42 gols em 80 jogos.

- Fiz a base no Athletico como ponta, mas também joguei alguns jogos como 9. Em Portugal, eu jogava mais como extremo e, quando eu fui para o Azerbaijão, também achei que jogaria como extremo. O treinador quis me usar como 9, e me adaptei muito bem à função. Era um time muito ofensivo também, que pressionava alto e saía logo para o jogo. É melhor para mim que estou mais perto do gol, vou ter mais chances. Eu não tenho preferência, me sinto à vontade como 9.

A versatilidade é um ponto positivo para Juninho no Flamengo , onde ele enfrenta forte concorrência na frente. Mas isso não o incomoda. Pelo contrário, serve como motivação.

- Eu sabia da dificuldade de vir para o Flamengo e foi por isso também que eu decidi vir. Eu iria também para um grande clube (Sevilla). Estou disputando posição hoje com um jogador que está na minha seleção (Pedro). São pessoas que eu estava acostumado a ver na minha TV, como Arrascaeta, Pedro, Gerson, Bruno Henrique, Cebolinha... São grandes nomes e fico feliz de estar aqui compartilhando o dia a dia com eles, sei que vou aprender muito. Eu só quero estar bem, desejo que eles estejam bem, porque é um time só, se o Flamengo ganha todo mundo ganha.

Juninho, atacante do Flamengo, em entrevista ao ge — Foto: Emanuelle Ribeiro

Dos dois meses no Flamengo , Juninho passou quase um mês se recuperando da lesão. Ele deixou o gramado no dia 12 de fevereiro, logo no início do clássico contra o Botafogo, e retornou somente no dia 8 de março, na semifinal contra o Vasco, quando atuou por pouco mais de 17 minutos.

Ele está em busca da forma física que considera ideal, mas o problema muscular o afastou da meta particular. Enquanto retoma o ritmo de jogo, o atacante espera atingir o peso que acredita ser fundamental para melhores desempenhos: 75kg. Este é o objetivo para o Brasileirão.

- Vindo para cá muda tudo. Eu fiquei muitos anos fora do Brasil, tem a situação da comida, lá fora não tem feijão (risos). Fui criado com isso. Junta tudo, horário de comer, nossa comida, acabei ganhando um pouco de peso. Ainda teve a lesão, que me prejudicou um pouco. Tem dois meses que estou aqui e ganhei quatro quilos. Quando cheguei no Azerbaijão estava com 81 quilos e perdi, cheguei a 74. Vou tentar me aproximar de novo desse peso. Estou fazendo treinamentos extra e outras coisas.

- É treino a treino, jogo a jogo, ir ganhando minutagem que eu sei que vai dar certo. Eu confio em mim, o Filipe confia em mim, as pessoas que estão à minha volta confiam em mim, então não é por acaso que estou aqui. "Ah veio do Azerbaijão". O Qarabag é um clube que disputa Champions League, Liga Europa... Não era qualquer jogo que eu jogava. Eu sei que eu vim na base da desconfiança das pessoas, mas eu acredito em mim e eu sei que vai dar certo.

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Fonte: Globo Esporte