Em entrevista exclusiva à ESPN, José Boto, diretor técnico do Flamengo, destacou a necessidade da implementação do fair play financeiro no futebol brasileiro.
Direto em suas palavras, o dirigente comparou a situação dos clubes do Brasil com os da Europa e defendeu punições para aqueles que não cumprem com seus compromissos financeiros.
''Por aquilo que percebo, não existe um fair play financeiro. Temos alguns clubes que nos devem dinheiro e não pagam. Isso na Europa é impossível, pois fazíamos queixa na Uefa e havia transfer ban depois de 3 meses. Tem que se pensar isso no Brasil. Não se pode concorrer com concorrência desleal. Nós temos os salários todos em dia, as contas em dia, contra um oponente que não tem. Em qualquer área da sociedade, a concorrência não é saudável. É algo que a CBF tem que pensar, de punir quem não paga'', começou por afirmar.
''Para um europeu não faz muito sentido concorrer contra clubes que não pagam jogadores que deveriam pagar. E ver esses clubes continuar comprando jogadores sem algum tipo de sanção. Mas é um problema da CBF, do Ministério dos Esportes, não o Flamengo. O Flamengo é muito penalizado com situações dessas. Ninguém quer ter um transfer ban, mas é o justo: se não tem dinheiro para pagar alguém, não tem dinheiro para comprar jogadores. Agora, é saudável trazer jogadores como Neymar, Danilo, porque isso põe os olhos do mundo na liga brasileira'', completou.
Boto também relembrou uma declaração de Jorge Jesus em 2020, quando o técnico português deixou o Flamengo para comandar o Al Hilal, da Arábia Saudita.
Na época, Jesus afirmou que o Campeonato Brasileiro era mais forte do que a Premier League. Para o diretor rubro-negro, a liga nacional realmente se destaca pela competitividade em relação ao torneio inglês.
''Lembro há alguns anos que o Jesus falou que a liga brasileira era mais competitiva que a Premier League. Eu, sem estar aqui, concordei muito com ele. Porque a liga é competitiva, não há nenhuma que 7 equipes podem ganhar o título, com torcida tão alegre, um espetáculo vendável para a Europa'', disse.
''Precisava melhorar a qualidade dos gramados, porque não é agradável ver um campo esburacado ou sintético, pois afeta o espetáculo televisivo. Mas as condições que a Série A tem não deixam nada a desejar para a Premier League. Seria um produto interessante para os europeus comprarem e verem. É comum ficar acordado em Portugal para ver Palmeiras x Flamengo ou um jogo assim'', finalizou.