Se a relação entre Jorge Jesus e Rodolfo Landim desandou nos últimos anos desde a saída do técnico do Flamengo, com a ascensão de Bap como novo presidente o nome do português ressurgiu.
Antes mesmo de vencer a eleição do dia 9 de dezembro, o treinador multicampeão pelo clube entre 2019 e 2020 conversou com a nova diretoria e semeou o caminho para um possível retorno.
Na breve coletiva antes de tomar posse, Luiz Eduardo Baptista, o Bap, admitiu que conversou com Jesus sobre a reestruturação do futebol do Flamengo. Mas nos bastidores, o papo foi além.
O "Mister" era plano da chapa vencedora para assumir o clube novamente em 2025. E a depender do desenrolar do trabalho de Filipe Luís, esse planejamento pode ser retomado no futuro.
Troca cogitada
Entre apoiadores de Bap, o nome de Jorge Jesus era o trunfo de campanha, mas não precisou ser acionado. Até por que Filipe Luís se provou um acerto da gestão Landim e segue no cargo.
Bap minimizou a participação de Jorge Jesus nas conversas sobre o futebol do Flamengo, mas ele também foi ouvido para a chegada do diretor técnico José Boto, de quem é amigo.
Há quem diga que Bap não teria como reeditar a dupla do Benfica no começo do mandato, mas figuras importantes que apoiaram o novo presidente articularam o retorno. E Jesus não descartou.
Livre no Al Hilal a partir do meio do ano que vem, se não renovar, claro, o português tem a pretensão de voltar ao Flamengo para poder reeditar o que fez antes e se credenciar de vez para a seleção brasileira.
A ideia seria, quem sabe, se credenciar para a Copa do Mundo de 2026. Com Filipe Luis no colo da torcida, qualquer mudança pela nova gestão perdeu força. A depender dos próximos capítulos.
Discípulos de Jesus
Vale lembrar que além de Boto, Filipe Luis também tem proximidade enorme com Jorge Jesus, que referendou a efetivação e a sequência do novato no cargo no Flamengo.
Inclusive, chegou-se a cogitar uma dobradinha, mas Filipe não admitia retroceder em voo solo. Então, Jesus virou uma espécie de conselheiro. De Bap, de Boto, de Filipe.
— Para todos os rubro-negros, ele (Jorge Jesus) é uma personalidade queridíssima. É uma característica pessoal minha: quanto mais gosto da pessoa, eu mais tenho envolvimento emocional com ela, menos eu considero a sugestão racional dela. Eu acho que ela pode ter algum tipo de contaminação. Se você trabalha dez anos com ela, você se dá bem com ela. A tua relação com essa pessoa se dá dessa forma. Isso quer dizer que no Flamengo será dessa forma? Não — disse Bap.
— Eu não tive uma conversa com o Jorge sobre o Boto, mas tivemos outras conversas sobre planejamento, estruturação, como está sendo no Mundo Árabe. Mas hoje, com a internet, a gente consegue ter acesso sobre qualquer pessoa. No caso do Boto e desses caras, tem farto material para avaliação. Ou seja, esse tipo de indicação personalista não é tão relevante — acrescentou.
No meio de uma possível reformulação, o aval de Jesus deve pesar até para a permanência de Márcio Tannure como chefe do departamento médico do Flamengo.
A chegada de Boto no próximo dia 28 vai deixar todo o departamento em período de avaliação, mas internamente, apesar da apreensão, há esperança de manutenção da maioria dos profissionais.
Em função da dificuldade de mudar com a temporada em andamento, em janeiro, a tendência é que haja uma progressiva qualificação em algumas áreas, mas sem caça às bruxas.