"Joni" Alcaraz, do Flamengo, festejou gol contra aos 4 anos e dormia de chuteiras; conheça o meia

"Um menino simples e carinhoso especialmente com torcedores mirins, mas que se transforma em campo e se alimenta da hostilidade de adversários" . Assim Charly Alcaraz, cotado para disputar seu primeiro clássico pelo Flamengo , nesta quinta-feira, contra o Fluminense, é descrito por uma das pessoas que convivem com ele.

A reportagem do ge conversou com gente que conhece Alcaraz de perto e desde pequeno. Uma delas preferiu o anonimato, mas a mãe, Amalia, e o pai, Carlos, não tiveram problemas para contar histórias divertidas sobre a contratação mais cara da história do Flamengo .

Alcaraz é apaixonado por futebol desde pequeno e aceitava até jogar de goleiro; na última foto, ele está com os pais, a irmã e a sobrinha — Foto: Arquivo Pessoal

Carlos Alcaraz, o pai de Charly, com um termo bem argentino, identificou o filho como um rapaz "mamero" . Ou seja, grudado na "mamá" (mamãe), Amalia.

- Ele é um garoto muito "mamero" . É muito caseiro. Quando vem para casa, fica nela o tempo inteiro e ama que eu faça um churrasco para ele.

Dona Amalia faz coro às palavras do marido e diz que o atleta é muito ligado à família. Aliás, para ela, Seu Carlos, a irmã (Jana) e a sobrinha (Pía) Alcaraz deixa de ser Charly e vira o "Joni".

- Ele é muito voltado para a família e muito reservado nos assuntos familiares. Apesar da distância (com a ida dele para Inglaterra, Itália e Brasil), nós cinco somos muito unidos, e ele sempre cuida de nós. Para nós, os familiares, ele é Joni porque seu segundo nome é Jonas. Para os amigos e primos, é Carlitos. Começaram a chamá-lo de Charly quando começou no futebol profissional - explicou a mãe de Carlos Jonas Alcaraz Durán.

A irmã (Jana), o pai (Carlos), a mãe (Amalia), Alcaraz e a sobrinha, Pía — Foto: Arquivo Pessoal

Alcaraz também é muito próximo da namorada, Micaela, e de Cher, uma bulldog francesa que tem de estimação. Em postagem no Instagram, o atleta declarou-se para as duas.

- Chuchi, obrigado por me ensinar o que é o amor, obrigado por tudo que você me dá todos os dias, obrigado por ser o tipo de pessoa que você é comigo! Obrigado por me acompanhar em cada passo que dou e obrigado por tudo sempre. Desculpe por muitas outras vezes não ter sido o que você esperava ou por tantas brigas que causei, sou grato por ter conhecido você e por estar construindo o nosso dia a dia dia com Chersita💙. Estarei sempre aqui para você em tudo. Eu te amo 🤍.

Como disse Dona Amalia, Charly é bem reservado quando o assunto é família. Em seu feed no Instagram, há uma única homenagem a Micaela e não há fotos dos pais, da irmã e da sobrinha.

Alcaraz, a noiva Micaela, e a buldogue francesa Cher — Foto: Arquivo Pessoal

Apresentado o lado pessoal de Alcaraz ao torcedor do Flamengo , Dona Amalia se diverte ao lembrar do início no futebol daquele que só pensava em bola desde pequenininho.

- Charly começou a andar com menos de 1 ano de idade. Não queria outros brinquedos que não fossem bola. Sempre sonhou em ser jogador de futebol.

Aficionado pelo esporte, comemorou demais o primeiro gol que fez na vida, aos 4 anos de idade. Havia um problema, porém, que faz a mãe morrer de rir.

- Seu primeiro gol foi contra, aos 4 anos, e ele festejou. Depois explicamos a ele que o gol a ser atacado era o do outro lado (risos).

Alcaraz, de camisa roxa, já foi goleiro do Curuzu Cuatiá, de Villa Elisa, em La Plata. No alto, Carlos, seu pai, era o treinador — Foto: Arquivo Pessoal

Treinado pelo pai no Curuzu Cuatiá, de Villa Elisa, em La Plata, Alcaraz não escolhia posição. Queria era estar em campo, e o entusiasmo era tão grande que às vezes esquecia de tirar parte do uniforme.

- Para jogar futebol, ele atuava em qualquer posição, queria até ser goleiro. De tanta emoção, dormia com as chuteiras nos pés. Dormiu muitas vezes assim (risos).

O talento inato de Charly fez os pais, talvez numa intuição de que estavam diante do nascimento de um craque, guardarem o primeiro par de chuteiras do garoto.

- Guardamos com terra e tudo - orgulha-se Amalia.

O primeiro par de chuteiras de Alcaraz está guardado na casa dos pais — Foto: Arquivo Pessoal

Alcaraz é fotografado em foto na qual usava as chuteiras do pai, que jogou futebol amador na Liga Platense — Foto: Arquivo Pessoal

Apesar da personalidade amável no convívio dos familiares, o atleta de 21 anos é apontado como alguém que redobra a motivação diante de ambientes adversos.

Seu ato final com a camisa do Racing foi a disputa do Trofeo de Campeones de 2022, realizado em jogo único, foi um pacote de acontecimentos que é condizente com a descrição que o aponta como um atleta que gosta de enfrentar a hostilidade. Alcaraz, que entrou aos 15 minutos do segundo tempo, tinha pela frente o Boca Juniors e uma torcida adversária que estava em grande maioria no Estádio Único de Villa Mercedes, também conhecido como La Pedrera, na província de San Luís.

Aos 14 minutos do segundo tempo da prorrogação e com 1 a 1 no placar, o garoto, que estava a 24 dias de completar 20 anos, ganhou as costas do lateral Agustín Sández e subiu para cabecear e virar a partida para o Racing. Sem chances para o agora companheiro Rossi, goleiro do Flamengo .

Na comemoração, tirou a camisa e, com um irônico sorriso no rosto, ajoelhou-se diante da torcida adversária, benzeu-se e cruzou os braços. A provocação fez vândalos atirarem objetos no campo e revoltou os rivais. Ciente de que aquele gol era o do título, o time do Boca arrumou uma enorme confusão, cinco atletas xeneizes foram expulsos, e a partida foi encerrada com o Racing campeão. No total, 10 levaram cartão vermelho, e Alcaraz foi um dos três da equipe de Avellaneda.

Para completar, ele ainda tirou sarro do silêncio em que ficou o lado azul e amarelo do Estádio Único de Villa Merecedes (veja no vídeo acima).

- Simplesmente me ajoelhei diante dos torcedores do Boca e primeiro fiz o sinal da cruz. Depois fiquei de braços cruzados porque realmente parecia que eu estava no pátio da minha casa, havia silêncio. Não sei se foi pelo gol, mas houve um silêncio tremendo.

Charly Alcaraz comemora gol do título do Trofeo de Campeones de 2022, contra o Boca — Foto: Racing/Divulgação

Já no Southampton, em maio do ano passado, Alcaraz provocou à distância o Independente, maior rival do Racing, time que o revelou para o futebol mundial. Perguntado sobre as dificuldades que o Rojo enfrentava, o meia deu de ombros e afirmou que um eventual rebaixamento não o incomodaria.

- Eu não vou mentir: se depender de mim, que o Independiente vá para a Série B. Não é problema meu, e a verdade é que não me incomodaria se eles caíssem. Suas dívidas ou seus problemas não são coisas que me preocupam.

De acordo com das pessoas que acompanha Alcaraz, o atleta era o mais requisitado pelas crianças nas ações realizadas pelo Southampton junto aos sócios. Sempre era muito procurado por fotos e autógrafos e gostava dessa proximidade. Por fazer questão de dar atenção aos fãs, deixou saudades na Inglaterra.

A família, a sobrinha Pía e a cachorrinha Chear são algumas das grandes paixões de Carlos Alcaraz — Foto: Arquivo Pessoal

Apesar de ter sido torcedor do Gimnasia La Plata quando pequeno, hoje Charly é um apaixonado pelo Racing. A busca por identificação com o vermelho e preto também tem sido manifestada pelo atleta. Em entrevistas após o gol marcado contra o Bahia insistiu no quanto estava feliz por vestir a "linda camisa do Flamengo ".

Alcaraz celebra gols ao lado de Lisandro López (esquerda) e Zaracho — Foto: Arquivo Pessoal

Fã de Cristiano Ronaldo, ele tem como referências no futebol os ex-companheiros Lisandro López, hoje centroavante do modesto Sarmiento, e Matías Zaracho, meia-atacante do Atlético-MG. A diferença de quase quatro anos fazia Alcaraz ficar observando os treinamentos de Zaracho no Racing, clube onde os três se profissionalizaram.

- Quando jogava no Racing, tinha um companheiro muito grande no Racing, o Lisandro López. Foi uma pessoa que me ajudou muito e que me dava muitos conselhos. Tenho um temperamento muito forte, e ele é uma grande referência para o Racing e para mim. Estreei no Racing aos 17 anos, e ele me ajudou muito, me aconselhou muito.

Feliz com a recepção dos irmãos de idioma Rossi, Arrascaeta, De la Cruz, Varela, Viña, Pulgar e Plata, Carlos Alcaraz começou a falar a língua que pode criar os laços tão esperados com o vermelho e preto do Flamengo : a do gol. Contra o Bahia, fez o primeiro e esteve perto de marcar um golaço. No Fla-Flu desta quinta-feira, a presença dele como titular é praticamente uma certeza, ainda mais após Arrascaeta e Gerson terem jogado muitos minutos na Data Fifa - De la Cruz jogou um tempo em Uruguai x Equador.

Comemoração de Alcaraz é uma homenagem ao atacante Lisandro López — Foto: Gilvan de Souza/Flamengo

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Fonte: Globo Esporte