A interferência do VAR nos jogos do Brasileirão apresentou uma queda significativa em 2023. A edição deste ano registrou 619 paralisações do jogo para checagem do árbitro de vídeo - o menor número desde que a tecnologia foi implementada na competição e uma redução de 12% em relação ao ano passado. Foram 528 interrupções para escuta do ponto eletrônico e 91 com ida à telinha.
O VAR também foi responsável por um número menor de mudanças de decisão. Em 2023, o árbitro de campo alterou o que havia marcado, após uso da tecnologia, 144 vezes, sendo 82 após checar o vídeo e 62 com escuta pelo ponto eletrônico. Esse é o menor número compilado desde 2019, quando a ferramenta foi introduzida ao Brasileirão.
- Em 2023: 144 mudanças de decisão (82 após ida à telinha e 62 com o ponto eletrônico)
- Em 2022: 173 mudanças de decisão (110 após ida à telinha e 63 com o ponto eletrônico)
- Em 2021: 154 mudanças de decisão (96 após ida à telinha e 58 com o ponto eletrônico)
- Em 2020: 187 mudanças de decisão (114 após ida à telinha e 73 com o ponto eletrônico)
- Em 2019: 182 mudanças de decisão (117 após ida à telinha e 65 com o ponto eletrônico)
A 7ª rodada foi a primeira na história do Brasileirão que não contou com nenhuma mudança de decisão do VAR , desde a implementação da ferramenta. As rodadas 12, 15, 30 e 37 foram as recordistas de alterações por conta do árbitro de vídeo, com oito cada. Confira os detalhes de cada jornada no gráfico abaixo:
Comentarista de arbitragem da Globo, Paulo Cesar de Oliveira destacou os números positivos do árbitro de vídeo na temporada, mas também ressaltou os erros da arbitragem que não foram corrigidos pela tecnologia.
- Houve melhora em todos os indicadores, o que é positivo. O indicador mais importante, na minha avaliação, é o número de mudanças de decisão, que nessa temporada foi o menor registrado desde a implantação em 2019. Só não podemos esquecer que houve vários erros claros e óbvios não corrigidos pelo VAR, alguns deles reconhecidos pela própria Comissão de Arbitragem durante o programa semanal, Papo de Arbitragem - disse PC.
- É inimaginável pensar num campeonato tão difícil e equilibrado, como foi essa edição, sem a utilização da ferramenta. Os trabalhos técnicos, com atividades no campo de jogo, implementados nas fases finais da Copa do Brasil, deram resultado e mostraram que esse pode ser o caminho para que o VAR seja utilizado de acordo com a filosofia original: Máximo Benefício-Mínima Interferência - completou.
Tempo de jogo paralisado pelo VAR
Quando o assunto é tempo de jogo parado, também houve uma pequena redução em relação ao ano passado. Os jogos do Brasileirão 2023 tiveram uma média de 1 minuto e 24 segundos de paralisação por conta da atuação do VAR - uma queda de 6% na comparação com 2022. Veja os detalhes de cada ano desde a implementação da tecnologia no torneio:
- Em 2023: tempo de jogo parado pelo VAR de 1min24s (tempo total de 14h29min23s)
- Em 2022: tempo de jogo parado pelo VAR de 1min30s (tempo total de 17h39min12s)
- Em 2021: tempo de jogo parado pelo VAR de 1min16s (tempo total de 15h10min55s)
- Em 2020: tempo de jogo parado pelo VAR de 1min17s (tempo total de 20h40min40s)
- Em 2019: tempo de jogo parado pelo VAR de 1min29s (tempo total de 18h37min)
Na atual temporada, o jogo com maior número de paralisações foi Internacional 3 x 4 Coritiba , pela 30ª rodada. No total, foram oito paradas, num jogo recheado de tomadas de decisão importantes, com quatro pênaltis marcados e uma expulsão . O recorde desde 2019 é de Santos 3 x 1 Atlético-MG , partida do Brasileirão 2020, com total de 10 intervenções do árbitro de vídeo.
Jogos com mais paralisações por VAR no Brasileirão 2023
Jogo | Rodada | Paralisações |
Internacional 3 x 4 Coritiba | 30 | 8 |
Bahia 1 x 2 Grêmio | 13 | 6 |
Santos 1 x 1 Athletico-PR | 18 | 6 |
Atuação dos árbitros
Rafael Rodrigo Klein foi o juiz que mais parou o jogo para verificar decisões com o árbitro vídeo no Brasileirão 2023: 48 vezes. No total, Klein teve média superior a dois lances checados sem bola rolando por partida. Uma das maiores médias de paradas para revisão por jogo é de André Luiz Bento, que somou 37 momentos de VAR em apenas 14 jogos.
Árbitro que mais comandou partidas em todo o campeonato, Raphael Claus teve 36 paradas para checagem de VAR ao longo dos 27 jogos que apitou.
Árbitros que mais pararam o jogo para escutar o VAR
Árbitros | Paralisações | Jogos apitados |
Rafael Rodrigo Klein | 48 | 23 |
Ramon Abatti Abel | 44 | 26 |
Anderson Daronco | 42 | 24 |
Flávio Rodrigues de Souza | 40 | 23 |
André Luiz Skettino Policarpo Bento | 37 | 14 |
Raphael Claus | 36 | 27 |
Rodrigo Jose Pereira de Lima | 35 | 23 |
Sávio Pereira Sampaio | 33 | 20 |
Bráulio da Silva Machado | 33 | 23 |
Wilton Pereira Sampaio | 30 | 22 |
Em 2022, Anderson Daronco liderou a estatística, com 61 paralisações em 27 partidas apitadas. Em 2023, apresentou queda relevante - de 2,3 paradas para VAR por jogo passou para 1,8 em média.
Agora, parar o jogo para ouvir o VAR e mudar decisões após checagem são coisas diferentes. Com tantas paradas, Rafael Rodrigo Klein também lidera o ranking de juízes que mais mudaram o que foi decidido em campo a partir da intervenção de VAR, juntamente com Sávio Pereira Sampaio. Ambos tiveram 13 mudanças de decisão, sendo que Sávio apitou três partidas a menos que Klein.
Árbitros que mais mudaram a decisão
Árbitro | Mudanças de decisão |
Rafael Rodrigo Klein | 13 |
Sávio Pereira Sampaio | 13 |
Rodrigo Jose Pereira de Lima | 10 |
Marcelo de Lima Henrique | 9 |
Anderson Daronco | 8 |
André Luiz Skettino Policarpo Bento | 8 |
Raphael Claus | 7 |
Bráulio da Silva Machado | 7 |
Leandro Pedro Vuaden | 7 |
Ramon Abatti Abel | 7 |
Paulo Cesar Zanovelli da Silva | 6 |
Wagner do Nascimento Magalhães | 6 |
Ramon Abatti Abel mostrou mais segurança em suas marcações em 2023. No ano passado, Ramon foi quem teve mais mudanças de decisão pelo VAR, com 17 no total em 29 partidas. Na atual temporada, o número caiu para apenas seis alterações em relação ao que foi decidido por ele inicialmente, em 26 jogos conduzidos.
Atuação dos videoárbitros
Conforme os números mostram, os árbitros de vídeo foram menos intervencionistas neste Campeonato Brasileiro. A Comissão de Arbitragem da CBF escalou 22 juízes diferentes para atuarem na função de VAR em pelo menos um jogo do Brasileirão. O principal nome foi Wagner Reway, que comandou a cabine de 45 duelos. Veja abaixo quem mais foi escalado como VAR:
- Wagner Reway: 45 jogos
- Rodrigo Guarizo do Amaral: 36 jogos
- Daniel Nobre Bins e Rafael Traci: 34 jogos
- Daiane Caroline Muniz dos Santos e Rodolpho Toski Marques: 32 jogos
- Igor Junio Benevenuto e Rodrigo D. Alonso Ferreira: 28 jogos
Recordista de jogos como árbitro de vídeo, Reway foi quem mais paralisou o jogo para falar com o árbitro de campo sobre a análise de um lance da partida: 74 vezes. Quinto juiz mais escalado como VAR no Brasileirão, Rodolpho Toski tem números próximo ao de Reway, com 72 intervenções. Veja mais abaixo:
VAR com mais intervenções no Brasileirão
Árbitro de vídeo | Partidas como VAR | Número de paralisações de jogo |
Wagner Reway | 45 | 74 |
Rodolpho Toski Marques | 32 | 72 |
Rafael Traci | 34 | 56 |
Rodrigo Guarizo do Amaral | 36 | 53 |
Igor Junio Benevenuto | 28 | 47 |
Daiane Caroline Muniz dos Santos | 32 | 46 |
Daniel Nobre Bins | 34 | 46 |
Rodrigo D. Alonso Ferreira | 28 | 45 |
Pablo Ramon Gonçalves Pinheiro | 24 | 41 |
Rodrigo Nunes de Sá | 17 | 30 |
Em 2022, a lista foi liderada por Daiane Caroline Muniz dos Santos (81 paralisações) e Pablo Ramon Gonçalves Pinheiro (80). Wagner Reway foi o terceiro do ano passado, com 78 interrupções de jogo para análise do vídeo.
Neste ano, além de ser quem mais chamou o árbitro de campo, Reway foi disparado o principal responsável pelas mudanças de decisão dos juízes no Campeonato Brasileiro: foram 27, no total. Quase o dobro do segundo lugar. Rafael Traci e Rodrigo Guarizo do Amaral tiveram 15 mudanças cada.
VAR com mais mudanças de decisão no Brasileiro
Árbitro de vídeo | Partidas como VAR | Número de mudanças de decisão |
Wagner Reway | 45 | 26 |
Rafael Traci | 34 | 15 |
Rodrigo Guarizo do Amaral | 36 | 15 |
Igor Junio Benevenuto | 28 | 12 |
Daniel Nobre Bins | 34 | 12 |
Daiane Caroline Muniz dos Santos | 32 | 10 |
Rodrigo Nunes de Sá | 17 | 10 |
Pablo Ramon Gonçalves Pinheiro | 24 | 9 |
Rodolpho Toski Marques | 32 | 9 |
Rodrigo D. Alonso Ferreira | 28 | 7 |
O curioso é que a dupla responsável por mais mudanças de decisão em 2023 também foi a mesma em 2022. A distância, porém, foi menor. Foram 26 mudanças após Wagner Reway chamar o juiz de campo e outras 23 com Rafael Traci.
*A equipe do Espião Estatístico é formada por: Gabriel Leonan, Guilherme Maniaudet, Guilherme Marçal, João Guerra, Leandro Silva, Roberto Maleson, Roberto Teixeira e Valmir Storti