As vaias no clássico com o Botafogo se transformaram em aplausos para Diego Alves três depois, após a classificação do Flamengo para as quartas de final da Libertadores . Com uma defesa na disputa de pênaltis contra o Emelec, o goleiro viveu novamente o lado de herói. Definitivamente foi um jogo que ficará marcada, ainda mais por ter sido o de número 100 com camisa rubro-negra.
Muito festejado pelos companheiros e torcedores, Diego Alves acredita que sua principal lembrança será a da euforia que tomou conta do Maracanã, novamente lotado. Ainda sob o efeito da felicidade, ele recebeu a imprensa na folga desta quinta-feira em um hotel na Barra da Tijuca para entrevistas.
- Não é fácil completar 100 jogos. Cheguei em um momento de turbulência, de ter que provar que merecia vestir a camisa do Flamengo. Tem que provar a cada fim de semana. Essa marca é importante, ainda mais da maneira que foi, com vitória nos pênaltis e classificação. O jogo 100 vai ficar marcado, foi diferente, especial. A principal lembrança vai ser o Maracanã em festa.
O Flamengo ainda tem muitos desafios pela frente neste ano. Nas quartas de final, vai medir força com o Internacional, desta vez com o primeiro jogo no Maracanã. No Brasileiro, o time é terceiro colocado e luta ponto a ponto com Palmeiras e Santos pela liderança da competição. Com o clube em grande evidência, Diego Alves vê o Fla como o time a ser batido no momento.
- Todos os jogos são difíceis porque, queira ou não, o Flamengo é o time a ser batido, por tudo que envolve. A dimensão, contratações, momento financeiro... isso faz com que seja o time a ser batido. Mas provamos que podemos alcançar objetivos bem maiores.
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Diego Alves, goleiro do Flamengo — Foto: Fred Huber
A entrevista completa com Diego Alves:
Nervosismo coletivo em disputas de pênaltis
- Preferia não passar por pênaltis, acho muito sofrido. O torcedor extravasa quando ganha, mas é um momento de nervosismo. Esgota emocionalmente cada jogador. Mas estou preparado, estou lá para isso. Nos momentos decisivos tem que aparecer. Se chegar a uma decisão, você está lá para fazer sua parte. Se puder ajudar, cria essa situação que estamos vivendo.
Estratégias frente a frente com os batedores
- Eu tento ficar tranquilo, apesar da pressão. É preciso concentração para essa tomada de decisões, porque você pode acertar e decidir uma classificação. É uma guerra psicológica com o batedor, que está sempre muito pressionado. Tenho que tentar usar todas as armas para deixar ele ainda mais com dúvidas. A gente tenta usar dessas artimanhas para se beneficiar.
Segredos para defender cobranças
- Respondo sobre isso há mais ou menos uns 13 anos, desde a Espanha. Todo goleiro tem sua característica, sua forma de agir em uma disputa de pênaltis. Me sinto privilegiado porque sempre tive muita facilidade, desde criança. Claro que pode acontecer de eu não defender. Mas é uma coisa minha, natural, que eu nunca forcei. Segredo? Não sei dizer qual é o segredo. Até o cobrador chegar passa mil coisas pela cabeça. Tento montar uma estratégia para me beneficiar. Mas se não tiver a tranquilidade para a tomada de decisão...
Treino no dia do jogo
- É comum em treinadores fazer algum tipo de ativação no dia do jogo, quando é à noite. Até mesmo para quebrar a ansiedade. Treinamos antes também. Contra o Athletico, não tivemos muito tempo para treinar. O Jorge Jesus mesmo disse que não sabia direito quais jogadores colocaria para cobrar. Agora, já conhece melhor. Treinou para isso. Os batedores estavam bem preparados, confiantes. O treino que fizemos pela manhã com certeza deu uma desbloqueada.
Papel com a "cola" sobre os batedores do Emelec
- Todo mundo estuda, todo mundo vê os vídeos... Mas na hora não tem como saber 100% se o cobrador vai repetir o lado que ele bate mais. É uma situação que gera debate. Depende de muitas coisas, é uma guerra psicológica.
Herói da classificação?
- Eu sou bem sincero, não gosto dessa fama de herói. Invertemos uma situação adversa, fizemos dois gols. Foi uma atuação maravilhosa, seria injusto receber isso sozinho. Fomos competentes. Fiz a minha parte também.
Até onde o Flamengo pode chegar na Libertadores?
- Faz um tempo que o torcedor não tem esse gostinho de chegar nas quartas de final. Com certeza aumenta a expectativa e a pressão. Temos agora três semanas antes do primeiro jogo, será uma nova história. Vamos ter tempo para trabalhar e preparar para esse jogo. A torcida vai ter essa expectativa de chegarmos lá na frente no nosso objetivo, que é sermos campeões.
Relação de altos e baixos com a torcida
- Torcida não tem como controlar. Opinião pública não tem como controlar. E só posso controlar as minhas atuações, a minha cabeça, a minha confiança. Quando estou em campo, estou no meu mundo e sei o que tenho que fazer. Ninguém quer errar, ninguém quer perder, mas pode acontecer. A torcida é soberana e tem o direito de se manifestar.
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Jogadores Flamengo com a camisa de Diego depois do jogo contra o Emelec — Foto: Marcelo de Jesus/Agência Estado
Homenagem a Diego
- Foi uma ideia de todos, o Diego representa muito. Lógico que ninguém quer se machucar, ainda mais uma lesão dessa. Sabíamos que se a gente se classificasse, teria a homenagem. É um jogador que faz falta.
Expectativa pela disputa da liderança do Brasileiro
- O calendário é puxado, corrido, mas o Brasileiro também é um objetivo e vamos tentar manter um nível alto nas duas competições.
Preparador elogia frieza de Diego Alves
Wagner Miranda, preparador de goleiros do Flamengo, contou sobre a preparação para este duelo e sobre o estudo dos cobradores do Emelec. Para ele, no entanto, o diferencial é a frieza e a capacidade de Diego Alves de fazer a leitura correta do batedores rivais.
- Fizemos treinos, estudo dos adversários e outros recursos, mas, além disso, o Diego tem uma capacidade e frieza absurdas para avaliar os batedores nos momentos decisivos. Essa característica com certeza levou ele a essa marca incrível de ser uma referência no Brasil e no mundo em pegar pênaltis - disse o preparador.
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Wagner Miranda, preparador de goleiros do Flamengo — Foto: Alexandre Vidal/Flamengo
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— Foto: Divulgação