Um time passivo e que se acovardou no segundo tempo da derrota por 2 a 1 para o San Lorenzo-ARG foi o retrato de mais um vexame do Flamengo na Copa Libertadores. Só que outro ponto chama a atenção na Gávea: o investimento em jogadores sul-americanos fracassou até o momento. Foram R$ 36 milhões aplicados em quatro atletas que ainda não corresponderam ao que o clube espera.
As exceções são Paolo Guerrero - principal nome da equipe ao lado de Diego - e o lateral-esquerdo Trauco, que está longe de ser unanimidade, mas conseguiu preencher o setor após a negociação de Jorge com o Monaco-FRA.
"É a nossa obrigação avaliar permanentemente a performance dos atletas, independentemente da origem e do período em que estão conosco. O desempenho varia com o tempo. Algumas delas [contratações] têm dado um bom retorno, outras ainda terão oportunidade de desenvolver integralmente o potencial", afirmou o presidente Eduardo Bandeira de Mello.
O fato é que Mancuello, Cuéllar, Donatti e Berrío seguem sem decolar na Gávea. Os quatro comprometeram os cofres rubro-negros até 2018 em apostas da diretoria para tornar o elenco mais experiente e com bagagem especial nas competições internacionais.
O colombiano Orlando Berrío foi o último a chegar. O Flamengo investiu R$ 11 milhões no atacante na negociação com o Atlético Nacional-COL - R$ 4,7 milhões em 2017 e R$ 6,3 milhões em 2018. Visto como um jogador veloz e fundamental para se encaixar no esquema do técnico Zé Ricardo, ele esteve longe de agradar. Pior, pouco jogou na Libertadores.
Foram apenas 144 minutos em campo na competição continental. Ele foi expulso na partida diante da Universidad Católica-CHI e punido pela Conmebol por três jogos. O retorno se deu justamente na noite de mais um vexame, quando o veloz colombiano teve nova atuação para esquecer. Mancuello é outro caso curioso no Flamengo. O argentino chegou ao clube no ano passado como uma grande contratação, mas jamais se firmou. Ele já foi escalado em diversas posições e ultimamente nem sequer tem sido relacionado para os compromissos. O clube adquiriu 90% dos direitos econômicos do atleta por R$ 12 milhões - 50% pagos em 2016 e o restante apenas em 2018. A diretoria ainda espera que ele recupere o espaço, embora o cenário atual seja absolutamente desfavorável por conta dos problemas físicos, além da má performance quase sempre quando escalado.
O colombiano Cuéllar vive situação ainda mais delicada do que a de Mancuello. Ele chegou no ano passado para comandar o setor de proteção no meio de campo. Começou jogando com Muricy Ramalho e perdeu de vez a posição sob a direção de Zé Ricardo. Hoje, o volante de R$ 8 milhões entra apenas nos minutos finais das partidas quando tem oportunidade.
O zagueiro Donatti é quem vive a melhor situação entre os estrangeiros questionáveis. A contratação demorou meses e o investimento de R$ 5 milhões começou a ser colhido apenas recentemente. No entanto, quando barrou Rafael Vaz e ganhou a confiança do treinador, o argentino apresentou problemas físicos e regrediu na disputa com o companheiro, que reassumiu a titularidade.
Nenhum dos quatro se mostrou imprescindível ao elenco. A sensação é a de que qualquer um deles pode ser substituído sem muito esforço. O Flamengo, por sua vez, avalia internamente as performances e espera que o grupo encontre o caminho das vitórias.
Enquanto isso, outro sul-americano se prepara para estrear. Contratado com a esperança de participar da Copa Libertadores, Conca nem sequer terá a oportunidade de jogá-la. O clube só pagará parte dos salários quando o meia voltar aos gramados. A expectativa é a de que o argentino desempenhe o futebol que o Brasil se acostumou a ver mesmo depois de uma longa recuperação da cirurgia no joelho. Caso contrário, a lista de fracassos momentâneos será reforçada.