A Defensoria Publica do Estado do Rio de Janeiro classificou como "prova inconteste da responsabilidade do clube" a revelação de documentos a respeito das irregularidades no alojamento do CT da base do Flamengo que pegou fogo ano passado.
Em nota enviada a reportagem, o órgão informa que os dados serão anexados à ação coletiva em curso, a favor da família das dez vítimas.
"Os e-mails também comprovam que eles sabiam do risco de vida a que estavam submetendo os adolescentes que ali dormiam, e nada fizeram para evitar a morte de 10 jovens, e as lesões em tantos outros", diz a Defensoria, que chegou a acordo com o clube e a família do jovem Samuel Thomas.
O Flamengo fechou acordo com sete das dez famílas das vítimas. Advogados dos jovens que ainda nao acertaram indenização disseram que vão aguardar novidades no inquérito da Polícia Civil para tomar providências na Justiça.
— Apenas corroborou o conhecimento da antiga gestão, sobre as irregularidades cometidas, em não cumprir com a determinação da Interdicao do ninho, mas ainda assim, não exime a irresponsabilidade da atual gestão, que foi cientificada das irregularidades através das inúmeras intimações da Prefeitura. Levando-se em conta que foi eleita a nova diretoria, para uma gestão de janeiro de 2019/2021, enquanto o acidente ocorreu em 08/02/2019, não resta menor dúvida a existência de cumplicidade ou conivência com a antiga gestão, em não providenciar a interdição das instalações do Ninho do Urubu —afirmou o advogado Marcio Costa, da família do jovem Christian Esmério.
Faltam os acertos com as famílias de Arthur Vinícius, Pablo Henrique e a mãe de Rykelmo.
O Grupo de Atuação Especializada do Desporto e Defesa do Torcedor (GAEDEST/MPRJ) também se posicionou. Informou que tomou conhecimento da notícia de fato, que está sendo analisada, e só se manifestará oficialmente no momento adequado.
Confira a nota da Defensoria na íntegra:
"Os e-mails mostram que os representantes do Flamengo (em especial o gerente e o diretor responsáveis pela administração do CT) tinham ciência, desde maio de 2018, das gambiarras nas instalações elétricas do alojamento da base, tendo o gerente dito que as instalações foram feitas "no esquema 'faça-de-qualquer-jeito". Os e-mails também comprovam que eles sabiam do risco de vida a que estavam submetendo os adolescentes que ali dormiam, e nada fizeram para evitar a morte de 10 jovens, e as lesões em tantos outros. Esses documentos são a prova inconteste da responsabilidade do clube, e serão anexados à ação coletiva. A Defensoria Pública continuará buscando a reparação integral dos danos causados pela tragédia no Ninho do Urubu."