No instante da publicação deste texto ainda não é possível dizer se o Corinthians, de fato, está fora da zona de rebaixamento. Precisa torcer contra o Fluminense em dos jogos de encerramento da rodada. Mesmo assim é possível pegar a atuação da vitória por 2x1 sobre o Flamengo como exemplo a ser seguido nas rodadas restantes. O Timão combinou fatores que podem decidir favoravelmente.
O primeiro deles é o comportamento. Não abaixou a guarda em nenhum momento e foi pra cima do rubro-negro sem receio da diferença técnica existente entre os times. O segundo passa pelo posicionamento e a liberdade dada a Rodrigo Garro, grande nome criativo do jogo. E o terceiro pela utilização de Ángel Romero, artilheiro da Neo Química Arena e vice-goleador da equipe na temporada.
Escalações
Ramon Diaz voltou a escalar a equipe com três zagueiros. Fágner ganhou espaço na ala-direita. Hernández foi titular no ataque e Martinez na cabeça-de-área. Talles Magno e Garro foram os jogadores mais próximos do centroavante.
Já Tite pôde contar novamente com Pedro. Ele foi titular no ataque. Bruno Henrique passou ao lado esquerdo e Léo Ortiz seguiu como volante. David Luiz substituiu o desfalque Léo Pereira.
O jogo
Disputas ríspidas e alternâncias de domínio. Seria difícil esperar um cenário diferente em duelo de tanta relevância entre os times de maior torcida do Brasil neste momento do campeonato. O Corinthians conseguiu ser um pouco mais agressivo antes do intervalo. Abriu o placar e finalizou acima do número de vezes do Flamengo. Mostrou mais contundência no campo de ataque.
Isso ficou nítido nos primeiros minutos. Buscou adiantar a marcação inicialmente. Apresentou um combate duro, e tentou finalizar rapidamente as jogadas ao roubar a bola. Perdeu o espanhol Hector Hernandez lesionado logo aos quatro minutos. Yuri Alberto entrou acabou servindo melhor na estratégia pensada pela comissão técnica.
Atacou espaços nas costas dos zagueiros, principalmente no setor de David Luiz, e ali se aproveitou de uma falha do zagueiro rubro-negro para construir a jogada do gol de Talles Magno em ataque rápido. O atacante revelado no Vasco já vinha se destacando no jogo. Ajudava Juan Martinez e Charles a fechar o meio-campo e rapidamente se colocava com desenvoltura nos contragolpes pela esquerda.
Garro e Charles também acrescentavam bem na parte ofensiva. Em ataques de posse de bola mais duradoura, eles se aproximavam pela meia-direita e trabalhavam boas triangualações com Fágner em um setor que o Flamengo teve dificuldades para marcar. Quando subia o bloco, o rubro-negro encontrava um melhor encaixe, e esta foi uma das ferramentas para equilibrar as ações.
A principal, porém, foi ter a bola na intermediária contrária. O Corinthians não conseguiu manter a mesma postura de marcação adiantada dos primeiros minutos e permitiu que o rubro-negro se instalasse no ataque. Varela, que já mostrava segurança na defesa, começou a aparecer muito bem em conexões com Luiz Araújo. Léo Ortiz e Gérson faziam o mesmo, apoiados por Pulgar, pelo meio.
Pedro também recuava para gerar alguns apoios, e Bruno Henrique era a válvula de aceleração pela esquerda. Antes mesmo do gol do Corinthians ele já tinha feito uma grande jogada ao aproveitar lançamento de David Luiz. Mais tempo com a bola, o Flamengo chegou ao gol de empate em pênalti convertido por Pedro, cada vez mais artilheiro do campeonato.
O Corinthians voltou a transitar mais tempo no campo do Flamengo nos últimos dez minutos, mas não chegou a produzir nenhuma jogada de real perigo. No intervalo, Tite sacou o amarelado Pulgar para a estreia do argentino Alcaraz. Trocou também Fabricio Bruno e David Luiz de lado na defesa. Uma contingência para controlar o setor mais explorado pelo Corinthians em profundidade.
A entrada do novo reforço do Mais Querido quase causou um impacto imediato. Alcaraz precisou de 15 segundos para fazer um desarme, tabelar com Pedro e sair na cara de Hugo Souza, que se jogou nos pés do adversário e impediu o gol. Logo depois os cariocas assustaram de novo, em chute de Pedro, da entrada da área. Mas o Corinthians logo reequilibrou as forças da partida.
O Timão continuou explorando a frouxa marcação que o Flamengo apresentava na frente da área. Ortiz e Alcaraz não conseguiram deter Garro em mais uma boa enfiada de bola do argentino para Romero marcar. O artilheiro da Arena havia entrado no lugar de Talles Magno menos de um minuto antes. David Luiz, que a esta altura já sentia a lesão que causou sua substituição, não reagiu.
Varela e Pedro foram substituídos na metade da 2ª etapa para as entradas de Wesley e Carlinhos. Allan já tinha entrado no lugar de David Luiz. Léo Ortiz foi para a zaga. Ramon Diaz sacou Juan Martinez e Fágner na sequências para os ingressos de Raniele e Ryan. Charles passou para a ala-direita.
Na base do ímpeto, o Flamengo pressionou nos últimos minutos. Conseguiu finalizações de relativo perigo com Alcaraz, Luiz Araújo e Léo Ortiz, mas nada que se aproximasse de uma equipe que realmente produz baseada em organização coletiva e clareza do que fazer com a bola. Foi mais uma atuação de pouca inspiração ofensiva de forma geral e oscilações defensivas.
Nem mesmo o fato de ter ficado com um homem a mais durante parte dos acréscimos, fruto de uma grande confusão que causou a expulsão de Yuri Alberto, Cacá e Alcaraz, fez com que o rubro-negro conseguisse o empate. A equipe venceu apenas um dos últimos cinco jogos de Campeonato Brasileiro e vai perdendo contato com o líder Botafogo.