Após a derrota por 2 a 0 no Equador, o Flamengo recebe o Emelec nesta quarta-feira, às 21h30 (de Brasília), no Maracanã, buscando uma vaga nas quartas de final da Libertadores. Para isso, o Rubro-Negro terá que repetir algo que só conseguiu uma única vez em mata-matas do torneio, nas 14 edições que o clube já disputou: virar o placar depois de perder o jogo de ida.
A primeira e única vez aconteceu em 2012, na fase de Pré-Libertadores. Na época, o Flamengo de Ronaldinho Gaúcho, Renato Abreu, Léo Moura e companhia visitou o Real Potosí na altitude de 4.100 metros na Bolívia. Perdeu por 2 a 1, mas o gol que saiu dos pés de Luiz Antonio – seu primeiro como profissional – no fim valeu a classificação após o 2 a 0 na partida de volta, no Engenhão.
Daquela vez, o Flamengo avançou para a fase de grupos, mas acabou não passando para as oitavas de final: ficou em terceiro da Chave 2 com oito pontos, um a menos do que o próprio Emelec, que tirou sua vaga com um gol no fim na última rodada. Sete anos depois, Luiz Antonio continua com o coração rubro-negro, mas trocará o campo pela TV na madrugada de quarta para quinta-feira.
O volante, cria do Ninho do Urubu, atualmente está em Marbella, no litoral da Espanha, fazendo pré-temporada pelo Baniyas, dos Emirados Árabes. No Mundo Árabe desde o ano passado, ele inclusive enfrentou o técnico Jorge Jesus, quando o português estava no Al Hilal. Em entrevista ao GloboEsporte.com, Luiz Antonio garante que ainda acompanha o Flamengo, diz se arrepiar mesmo de longe com o Maracanã lotado e se mostra confiante por uma nova virada na Libertadores.
Confira a entrevista:
GloboEsporte.com: sabia que a classificação de vocês contra o Real Potosí em 2012 foi a única vez que o Flamengo virou após perder o jogo de ida em mata-matas da Libertadores?
Luiz Antonio: – Algumas pessoas comentaram comigo sobre essa situação, que foi a única vez que o Flamengo ganhou de virada. Eu nem sabia. Lembrava mais que foi um jogo complicado, e por ter sido o meu primeiro gol como profissional. Já era um sonho realizado estar no profissional, e o gol fica marcado, vai ficar na memória. Para mim, pelo primeiro gol e um jogo de virada, por até hoje ter sido a única do Flamengo na Libertadores.
O que você lembra daqueles jogos, tanto na Bolívia quanto no Engenhão?
– Lembro que foi muito difícil lá pela altitude. Ficamos 10 dias antes em La Paz trabalhando e treinamos só uma vez no campo do jogo. Graças a Deus ninguém precisou de balão de oxigênio. Foi um jogo de abafa, correria, a diferença do ar, da bola, é muito grande. O meu gol ajudou na volta a gente ter conseguido fazer 2 a 0 e ter se classificado. Graças a Deus conseguimos fazer o resultado em casa com o apoio da torcida.
Sem aquele seu gol lá na altitude, o placar de 2 a 0 levaria para os pênaltis. Acha que ainda assim vocês se classificariam?
– Cara, o Flamengo sempre joga para a frente, a torcida cobra bastante, há uma pressão pela grandeza. Acredito que, mesmo se não tivesse feito aquele gol, a gente classificaria. Nós estávamos confiantes, sabíamos que seria um jogo diferente. O que a gente sentiu lá, eles sentiriam um pouco aqui. Então acreditava bastante, nosso time tinha caras rodados, que já tinham sido campeões em outros clubes e com bagagem grande de experiência. E o apoio da torcida iria dar um gás a mais.
Viu a derrota para o Emelec? Te lembrou aquele jogo do Potosí?
– Eu não vi o jogo, vi só os melhores momentos. O Flamengo não jogou tão bem, do jeito que todo mundo esperava. Algumas coisas que o Jorge Jesus fez acabaram não dando certo, mas eu acho que dá para virar. Como exemplo daquela vez contra o Real Potosí, mesmo não jogando tão bem, perdemos o jogo, mas em casa o Flamengo é muito forte. Precisa ganhar, jogar para a frente, ter aquela vontade. Com a pressão que a torcida faz, tem muita chance de ganhar o jogo.
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Luiz Antonio em sua chegada ao Baniyas: volante está há um ano no Mundo Árabe — Foto: Arquivo Pessoal
Dessa vez não teve gol fora de casa. Ainda assim, acha que dá para passar? Qual seu palpite?
– Com certeza. Acredito que vai ser a segunda vez a conseguir a virada. Joguei contra o time do Jorge Jesus na temporada passada, na Arábia Saudita, e ele joga com um time muito para frente, com as linhas altas, o ataque se movimentando bastante. E em casa vai ser uma pressão muito maior, tanto da torcida quanto do time. Acredito na vitória tranquila do Flamengo. 3 a 0 dá tranquilamente para conseguir. Aposto em dois gols do Gabigol e um do Bruno Henrique.
Pretende assistir ao jogo, apesar do fuso-horário?
– Pretendo sim. Apesar de estar em pré-temporada aqui na Espanha, a diferença de fuso é de cinco horas, então o jogo aqui é de madrugada. Se no dia seguinte não for treino em dois períodos, por eu ser Flamengo, ter jogado a maioria dos anos no clube, ter uma identificação muito grande, vou fazer um esforço para ver. Vai ser importante ver o Maracanã em festa, estádio cheio... Chega a arrepiar olhando de fora.
E o Mundo Árabe, está curtindo? Quais as suas expectativas para a nova temporada?
- O Mundo Árabe é muito bom. Agora estou em Abu Dhabi, ano passado estava na Arábia Saudita, que é um lugar um pouco mais fechado, na religião deles. Foi mais difícil a convivência, até por ter sido meu primeiro ano e tudo, mas tenho gostado bastante dessa experiência. Aqui em Abu Dhabi já é mais perto de Dubai, um pouco mais aberto em relação às religião, tem mais turismo, um custo de vida melhor. Está sendo muito bom, estou feliz para caramba, minha esposa e meus filhos se adaptaram rápido.
- Espero esse ano conquistar títulos e chegar às Champions da Ásia, apesar do meu time ser de muitos jovens. O objetivo deles é formar jogadores e vender. Acredito que eu, com a experiência que tenho, possa ajudar o clube a conseguir uma colocação melhor do que teve no passado. Espero que junto com os outros estrangeiros a gente possa ajudar a conquistar alguma coisa esse ano e ajudar nessa formação de jogadores. Quero continuar jogando todos os jogos os 90 minutos, mas conseguir títulos e fazer mais gols.
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— Foto: Divulgação