Há um ano, Flamengo anunciava Jorge Jesus. Os números e as razões da revolução rubro-negra

Rodolfo Landim se encontrou com Jorge Jesus no Grand Hotel Inglés, perto da Porta de Alcalá, em Madri. Por volta de meio-dia, no horário espanhol, veio a informação de que o acerto financeiro estava concluído. Jorge Jesus era o novo técnico do Flamengo, três dias depois do pedido de demissão de Abel Braga. Landim e Jesus estavam na capital espanhola para assistir à final da Champions League. Incrivelmente, para começar a observar o rival rubro-negro na final do Mundial de Clubes.

Perto do monumento construído pelo rei Carlos III para ser a porta de entrada de Madrid, o Flamengo ergueu a porta de entrada no futebol contemporâneo. Em exatamente um ano, Jorge Jesus conduziu o Flamengo em 51 partidas e escalou 37 jogadores. Venceu 38, empatou 9, só perdeu 4 vezes. Os mais escalados foram Diego Alves e William Arão, 45 vezes cada e não é preciso muita força para saber quem é o goleador: Gabigol, com 38 gols em 41 atuações.

1 de 1 Jorge Jesus em treinamento do Flamengo no Ninho — Foto: Alexandre Vidal / CRF

Jorge Jesus em treinamento do Flamengo no Ninho — Foto: Alexandre Vidal / CRF

Mais do que os números, Jorge Jesus mudou conceitos. Começou pela avaliação do que é um primeiro volante. Para os dirigentes do Flamengo, William Arão era segundo homem de meio-de-campo. Jesus disse a eles que tinham montado um elenco com vários primeiros jogadores de meio, mas nenhum segundo. Arão era, para ele, a melhor opção para a cabeça de área, porque, para ele, o ideal para esta função é um jogador alto, bom no jogo aéreo ofensivo e defensivo e que dê opção de jogada de ataque.

Cuellar era só defensivo, na sua visão.

Mudou o desenho tático. Bruno Henrique virou atacante e, para isso, Gabriel não precisou virar ponta. Os dois juntos formaram a melhor dupla do futebol do Brasil de um ano para cá. Incrível que Bruno Henrique tivesse de jogar como ponta ou improvisado como centroavante, com Gabriel aberto pela direita, como fazia no Santos.

Mais importante, Jorge Jesus devolveu o gosto pelo ataque e a certeza de que esta é a única maneira de cativar uma legião de torcedores. Em 51 atuações, o Flamengo fez 118 gols, média de 2,31 por partida. Em um ano, Jorge Jesus nos lembrou que o Brasil gosta de atacar, de gols, de encher e festejar nos estádios e que é possível ter futebol de alto nível mesmo com os melhores jogadores bem longe de nossos estádios.

Abaixo, o resumo de Jorge Jesus em números:

51 JOGOS - 38 VITÓRIAS, 9 EMPATES, 4 DERROTAS, 118 GOLS PRÓ, 45 GOLS CONTRA

ARTILHEIROS

Gabriel 38 gols, Bruno Henrique 26 gols, De Arrascaeta 14 gols, Éverton Ribeiro 5 gols, Reinier 4 gols, Gérson 4 gols, Vitinho 3 gols, Pedro 3 gols, William Arão 2 gols, Pablo Marí 2 gols, Rodrigo Caio 2 gols, Lincoln 2 gols, Diego 2 gols, Michael 2 gols, Filipe Luís 1 gol, Gustavo Henrique 1 gol (os demais são gols contra).

ATUAÇÕES

GOLEIROS (3)

Diego Alves 45 jogos, César 6 jogos, Gabriel Batista 1 jogo

LATERAIS (9)

Rafinha 37 jogos, Rodinei 15 jogos, Filipe Luís 28 jogos, Renê 28 jogos, João Lucas 8 jogos, Trauco 2 jogos

ZAGUEIROS (8)

Rodrigo Caio 34, Pablo Marí 28 jogos, Thuler 13 jogos Gustavo Henrique 10 jogos, Léo Pereira 8 jogos, Rhodolfo 7 jogos, Léo Duarte 5 jogos, Dantas 1 jogo

MEIO-DE-CAMPO (10)

William Arão 45 jogos, Éverton Ribeiro 43 jogos, Gérson 43 jogos, De Arrascaeta 38 jogos, Diego 25 jogos, Piris da Mota 25 jogos, Reinier 13 jogos, Cuellar 11 jogos, Thiago Maia 7 jogos, Vinicius Souza 3 jogos

ATACANTES (10)

Bruno Henrique 42 jogos, Gabriel 41 jogos, Vitinho 32 jogos, Berrio 17 jogos, Michael 11 jogos, Pedro 9 jogos, Lincoln 9 jogos, Lucas Silva 8 jogos, Vítor Gabriel 1 jogo, Pedro Rocha 1 jogo

Fonte: Globo Esporte