Desgaste era a palavra mais usada pelo Flamengo em toda a
temporada. Com inúmeras viagens e quilômetros rodados pela terra e pelo ar
brasileiro, Guerrero, literalmente, foi mais longe. O atacante peruano
surpreendeu e apareceu de titular no clássico com o Vasco – menos de 24 horas
depois de enfrentar o Uruguai, que tinha na reserva Martín Silva – para marcar
seu nome no clássico. Com discussões, ações e reações, teve duas bolas no seus
pés, mas perdeu as chances. Nas brigas com Rodrigo, perdeu a cabeça e acertou
cotovelada. No fim, levou pisão. Na saída de campo, mostrou bom humor e
ironizou o rival.
- Pergunta lá
para o Rodrigo como ele está...
Mordido contra o Vasco, como disse recentemente em
entrevista para a TV Bandeirantes, Guerrero fez questão de jogar contra o clube
de São Januário. Ele se colocou à disposição da diretoria e da comissão técnica
e desembarcou em Brasília pouco depois das 11h para se juntar à delegação. Ele
fez avaliações ainda no hotel e foi para o jogo cercado de expectativa para
entrar em campo. Guerrero fica no banco ou sai de titular? Era a pergunta nos
arredores do Mané Garrincha. Quando o locutor anunciou o 9 Guerrero, a parte
flamenguista do estádio explodiu.

Em campo, o duelo com Rodrigo foi o mais apimentado de todos
os outros cinco – ainda sem vitória rubro-negra com o peruano em campo.
Provocado com beliscão no peito, o peruano reagiu à provocação e acertou o cotovelo
no rosto do zagueiro. O árbitro não expulsou o jogador, que recebeu cartão
amarelo. Pouco depois, duas chances à feição do artilheiro. Guerrero escorou de
primeira e Martín rebateu. De novo o camisa 9 emendou, mas, bateu fraco, para
defesa do goleiro uruguaio – outro que enfrentou horas de avião para chegar em
Brasília.
De volta para o segundo tempo, o jogador peruano recebeu de
Willian Arão na entrada da área, mas entregou de cabeça para Gabriel, que finalizou em
cima da zaga vascaína. No meio da segunda etapa, descolou boa abertura de jogo
para Rodinei na ponta direita, mas o zagueiro Luan cortou. Como pivô, ele
ajeitou bola para chute fraco de Marcelo Cirino. No fim, ainda teve tempo de se
estranhar com seu “amigo” Rodrigo, que o empurrou antes da batida da falta
quando o peruano ia partir para a área.
- O jogador
se propôs, ninguém fez pedido especial. Ninguém. Ele se propôs, teve até um
contratempo no aeroporto, o que é sempre problemático. Fez todo esse sacrifício
e não dá para chegar e dizer que vai para o banco. Tivemos a humildade de
perguntar se queria iniciar no banco, se queria jogar meio tempo. Mostrou todo
comprometimento. Jogou o tempo todo. Agradecemos pelo profissional que ele está
sendo. Depois fizemos nova pergunta. Perguntei se ele estava pronto para voltar
do intervalo. E como o nome diz. É um guerreiro mesmo. E mostrou hoje - disse o
treinador do Flamengo.
O esforço de Guerrero impressionou os rubro-negros. O
presidente Eduardo Bandeira de Mello, o vice-presidente de futebol Flavio Godinho, o
diretor de futebol Rodrigo Caetano e o diretor geral Fred Luz ouviram os
elogios de Muricy e concordavam com a demonstração de profissionalismo do
jogador. Guerrero, porém, será reavaliado para saber se entra em campo contra o
Botafogo. Em nova viagem, para Juiz de Fora, Guerrero terá que mostrar mais uma
vez que além de guerreiro é resistente. A torcida espera a outra face também: o
goleador.