Existe um padrão na construção das defesas dos principais times do Campeonato Brasileiro: a ideia de que uma boa dupla de zaga pede alguém com sotaque estrangeiro. Nove das 20 equipes da Série A apostam em um jogador vindo de fora do país para compor o setor.
Na competição deste ano, a estratégia tem funcionado. Dos primeiros colocados — Santos, Palmeiras, Flamengo, Atlético-MG, São Paulo e Internacional —, apenas o Galo não tem um zagueiro gringo como titular. Aguilar (Santos), Gomez (Palmeiras), Marí (Flamengo), Arboleda (São Paulo) e Cuesta (Internacional) são representantes da legião estrangeira que joga nas defesas da Série A.
Quem mais jogou, porém, não está no topo da tabela. É um zagueiro colombiano quem mais acumula partidas no Brasileirão. Quintero, do Fortaleza, é homem de confiança do técnico Rogério Ceni, atuou nas 13 partidas possíveis na competição. Completam a lista dos nove zagueiros titulares Carli, do Botafogo, Henríquez, do Vasco, e Kannemann, do Grêmio.
Para dois especialistas na posição, os ex-zagueiros Ricardo Rocha e Edinho, a presença dos zagueiros vindos de fora reforça a ideia de que existe uma fragilidade nas opções que emergem das categorias de base.
— Isso é um reflexo da carência dos clubes e de uma deficiência nossa na formação de zagueiros, e aí as equipes acabam buscando alternativas em outros mercados. Além disso, há um êxodo muito precoce de zagueiros que se destacam cedo. Antes, os clubes europeus buscavam, principalmente, atacantes e meias no Brasil. Hoje, volantes, zagueiros e goleiros saem quase na mesma proporção — analisou Rocha, campeão do mundo com a seleção brasileira em 1994.