Para aliar a necessidade de encontrar uma casa, na ausência
do Maracanã, a novas fontes de renda para manter as contas em dia, o Flamengo
deu preferência a Brasília para mandar suas partidas de maior apelo,
principalmente no Campeonato Brasileiro. No entanto, a deterioração do gramado
do Estádio Mané Garrincha coloca esse planejamento em risco. Comissão técnica e
diretoria estão atentas ao fato e já chamaram a atenção do governo do Distrito
Federal.
- Em Brasília, hoje o desafio é a manutenção do campo, que está
sendo ruim, e com isso pode perder jogos lá. O gramado está degradado, por isso
estamos conversando com a administração do estádio, com a empresa responsável
pelo gramado e com o Comitê Olímpico. Nossa ideia é que haja uma colaboração
entre as partes para que o campo melhore - explicou Fred Luz, diretor geral do
Flamengo.
Muricy Ramalho elogiou as condições do campo após o Fla-Flu do dia 21 de fevereiro, mas já houve queixas no jogo contra o Figueirense, em 9 de março. Na última quarta-feira, o técnico do Fluminense, Levir Culpi, reclamou muito do campo após a partida contra o Internacional. Dirigentes e integrantes da comissão técnica do Rubro-Negro comentaram o fato internamente ao observarem o jogo do rival. Nesta quarta-feira, o Flamengo enfrenta o Vasco no Estádio Mané Garrincha.
A Greenleaf, empresa responsável pela implantação e
manutenção do gramado do Mané Garrincha, teve encerrado em 12 de fevereiro seu
contrato com a Novacap (Companhia Urbanizadora da Nova Capital), empresa que
trata da administração do estádio. Como o acordo não previa renovação e como
não houve novo processo de licitação junto à Secretaria Adjunta de Turismo do
Distrito Federal, o campo não vem sendo tratado da maneira correta e, por isso, está em mau estado de conservação.
Dessa forma, o Flamengo tem agendada nos próximos dias uma
conversa com a Greenleaf, pois cogita um acordo para que a empresa volte a
fazer o tratamento do gramado, visando principalmente ao Campeonato Brasileiro.
Do acordo também faria parte o Comitê Olímpico Brasileiro, já que haverá cerca
de 10 partidas do torneio de futebol dos Jogos no Estádio Mané Garrincha.
O Flamengo já decidiu que fará em Volta Redonda a maior
parte de seus jogos como mandante no Brasileiro, mas tem Brasília como
alternativa principal para as partidas de maior apelo. Por isso já conversa com os
clubes adversários. Também não está descartada a realização do Fla-Flu de
outubro na Arena da Amazônia, em Manaus.
- Nosso planejamento em relação a isso está definido e bem
alinhado. Não houve qualquer modificação. Precisamos da aprovação de clubes e
federações e estamos tratando disso. O desgaste dos jogadores é real, mas está
dentro do planejado - ressaltou Fred Luz.
Governo do Distrito Federal promete baixar taxas para atrair clubes
Enquanto tenta ajustar o problema do gramado do Mané
Garrincha, o governo do Distrito Federal prepara o terceiro decreto para
conceder descontos de uso do estádio e vencer a concorrência com outras praças que
também tentam trazer partidas de apelo nacional. Originalmente, em decreto de 9
de agosto de 2013, o aluguel do estádio era de 15% da renda bruta - com
desconto para 13% em caso de "combo" de quatro jogos fechados. Mas
desde o ano passado que as negociações levam a metade desse custo, com clubes e
empresas negociando para pagar 7% a 8% da renda em aluguel do estádio.
A Secretaria Adjunta de Turismo do Distrito Federal tem
reunião programada com o Flamengo, o principal alvo - pela grande torcida em
Brasília -, para a semana que vem. A ideia é definir quais jogos o Rubro-Negro
vai levar para Brasília e negociar um desconto maior para atrair o Flamengo e
seus adversários. A diretoria carioca já iniciou contatos com os adversários do
Brasileiro para não haver exigências acima do previsto - leia-se, pedidos de
cota fixa que inviabilizassem a partida.
Em outra frente, o Flamengo aproveita o bom relacionamento
com o governo do DF e também com o Comitê Organizador dos Jogos 2016 - Rodrigo
Tostes, ex-vice de finanças do presidente Eduardo Bandeira de Mello, é diretor
geral de operação das olimpíadas - para conseguir a liberação do estádio até
agosto, quando o Mané Garrincha será exclusivamente cedido para quatro jogos de
futebol da Rio 2016.
O secretário adjunto de Turismo, Jaime Recena, ainda não
adianta quais condições serão mexidas nesse novo decreto. No início do ano, dia
4 de janeiro, ficou estabelecido - em segundo decreto - que seria de
competência do "secretário adjunto de Turismo autorizar o uso dos mencionados
bens públicos por particulares com redução do preço público, caso reconheça,
justificadamente, a existência de relevante interesse público, instruindo os
autos com os documentos pertinentes." O decreto valia também para o centro
de convições, pavilhão de exposições e outros bens públicos do Distrito
Federal.
- Vai sair um novo decreto, em abril, de regulamentação do
estádio, do centro de convenções. A ideia é aprimorar e atualizar o decreto.
Quando publicamos o primeiro em 2013 não existia esse mercado dos clubes
levando jogos para fora dos estádios de origem - justificou o secretário do DF
Jaime Recena.
Com a concorrência de outras praças no Brasileiro - Arena
Pantanal (Cuiabá), das Dunas (Natal) e Amazônia (Manaus) - e diversificação de
local de partidas, por exemplo, do próprio Flamengo em São Paulo - 30 mil
pessoas no Fla-Flu do Pacaembu há uma semana -, a intenção do poder público em
Brasília é, por decreto, atrair mais jogos para a praça esportiva da capital
federal.