Galo supera 1º tempo ruim e elimina o Flamengo com brilho de Everson

Um dos melhores jogadores do tempo normal acabou saindo como vilão na noite da classificação atleticana. Wallace Yan atuou muito bem, mas mandou por cima a cobrança que manteria o Flamengo na frente na disputa por pênaltis. Antes dele, Samuel Lino havia perdido também. Assim como na decisão da Supercopa do Brasil em 2022, Éverson brilhou contra o Rubro-Negro.

Escalações

Cuca fez mistério e só divulgou a escalação 40 minutos antes da bola rolar. Mas não trouxe nenhuma grande novidade. Guilherme Arana voltou à lateral-esquerda depois de quase 20 dias fora. Gabriel Menino compôs o meio com Gustavo Scarpa e Alan Franco. Rony, Hulk e Cuello seguiram como trio de frente.

Já Filipe Luís surpreendeu ao escalar Everton Cebolinha na ponta-esquerda e Wallace Yan perto de Pedro, pelo faixa central. Samuel Lino e Arrascaeta ficaram no banco. Evertton Araújo e Jorginho foram os volantes. Varela e Ayrton Lucas os laterais.

O jogo

Seria difícil que após duas partidas seguidas com dificuldades para superar a marcação por encaixes e perseguições do Galo, Filipe Luís não planejasse algo diferente no terceiro encontro entre as equipes. E assim foi feito. O Rubro-Negro realizou movimentos distintos de seu padrão recente. Mexeu com as marcações individuais dos mineiros, e acabou rapidamente com a desvantagem sofrida no Maracanã.

Everton Cebolinha abriu o placar aos 20 minutos de jogo. Concluiu, após traçar uma diagonal da esquerda para a área e driblar Natanael. A jogada como um todo envolveu os quatro atacantes do Flamengo. Plata recebeu de Varela pela direita, aproveitou o cochilo de Arana, tabelou com Pedro e Wallace Yan, e conduziu para o meio antes da linda assistência dada, a sétima na temporada.

A escalação de Wallace Yan, além de poupar Arrascaeta de mais minutos no sintético gramado da Arena MRV, tem a ver com os movimentos que Filipe sabe que o jovem é capaz de fazer. Pedro recuava. Alan Franco o seguia, e Wallace traçava diagonais, realizava infiltrações, tirando a referência de combate de Lyanco ou Junior Alonso. Além disso, fez trocas com Everton Cebolinha e Plata.

O ataque mais leve para se mover se junta a uma pressão mais bem ajustada na saída atleticana. O time da casa não conseguiu rodar a bola e achar espaços para conduzir pelos flancos, ou encontrar inversões de jogo, como na última semana. Everton Cebolinha subia para pressionar Lyanco. Wallace Yan cuidava de Alonso, e Pedro recuava para combater Alan Franco.

A solução, muitas vezes, foi o jogo direto para Hulk segurar a bola. Nem sempre a jogada teve prosseguimento e o Atlético demorou quase 20 minutos para finalizar com perigo. Hulk arrematou bem da entrada da área, e a bola passou perto da trave de Rossi. Depois ele chutaria de um lugar próximo, mas sem força.

Por volta desse momento do jogo, Cuca fez mexidas na estrutura de marcação da equipe. Rony, que marcava Ayrton Lucas, passou a combater os zagueiros do Flamengo. Hulk, que fazia o papel que passou a ser de Rony, recuou para marcar Jorginho. E Gabriel Menino, que marcava o camisa 21 do Flamengo antes, abriu para seguir Ayrton Lucas.

Cuca queria alguém mais rápido para conseguir pressionar os zagueiros do Flamengo, que conduziam a bola, atraíam a marcação de algum meio-campista rival, e achavam passes aos volantes na sequência. Principalmente a Jorginho. O experiente volante passou a recuar também para atrair Hulk, Rony e Scarpa, e liberar espaços para o quarteto de ataque se mover às costas deles. Funcionou!

Além do gol de Cebolinha, o Flamengo chegou com perigo em uma finalização linda de Pedro. Plata e Evertton Araújo também assustaram em arremates de fora da área. Já Jorginho e o próprio Pedro arremataram a poucos metros da meta de Everson, mas não acertaram a pontaria. O time carioca produziu para fazer mais de um gol nos primeiros 48 minutos de jogo.

O Galo teve seus melhores momentos quando conseguiu pôr a bola nos pés de Scarpa a partir da linha média. Ele recuava para encaixar passes às costas dos volantes do Flamengo. Não era pressionado, e achou Rony e Hulk perto da área. Um problema rubro-negro ao recuar o bloco de marcação. Fez uma boa inversão para Cuello também, em jogada que quase terminou em gol do próprio Scarpa.

Cuca tirou Natanael para botar Saravia no intervalo. Rony voltou a marcar Ayrton Lucas e trabalhar pelo lado direito do ataque. Gustavo Scarpa seguiu como o melhor jogador do Atlético em campo. Recebeu de Cuello na entrada da área e acertou o travessão de Rossi logo aos sete minutos. O Galo ganhou agressividade e já não recebia pressões tão encaixadas em sua saída de bola. O jogo se abriu!

Wallace Yan continuava infernizando. Levava muitas vantagens nos duelos contra Lyanco. Filipe Luís botou Samuel Lino no lugar de Cebolinha antes dos 15 minutos. Com mais posse de bola em relação ao Flamengo no início da 2ª etapa, o Galo pôde trabalhar mais vezes pelo lado esquerdo. Cuello e Arana se entenderam bem e o lateral chegou muito perto de empatar em chute cruzado.

Rossi fez grande defesa e ainda pegou a finalização fraca de Hulk no rebote. Saúl e Arrascaeta entraram logo depois. Plata e Pedro saíram. Wallace Yan atuou como centroavante. Uma clara tentativa de aumentar o poder de retenção de bola no meio-campo. No Galo, Igor Gomes substituiu Gabriel Menino. Biel também foi a campo na vaga do apagado Rony.

As mexidas de Filipe Luís funcionaram por um instante. O Flamengo voltou a ficar com a bola no campo de ataque e quase ampliou com Arrascaeta. Junior Alonso impediu. O Atlético, no entanto, era bastante perigoso ao atacar. Scarpa mantinha a ótima distribuição de passes, principalmente endereçados ao lado esquerdo, setor em que Cuello levava vantagem sobre Varela.

Cuca acabou sacando o ponta argentino perto dos 30 minutos para a entrada de Dudu. Arana também deixou o gramado para a entrada de Alexsander. Scarpa foi jogar na lateral-esquerda. O Galo subiu a marcação e quebrou o breve bom momento que o Flamengo teve na 2ª etapa. Hulk teve grande chance em bola mal rebatida por Rossi e desperdiçou boa oportunidade.

O Galo perdeu o que tinha de melhor depois das mexidas de Cuca. A influência de Scarpa por dentro e o desequilíbrio que Cuello gerava pela esquerda. O Rubro-Negro voltou a ter momentos de posse no ataque. Criou uma ótima jogada finalizada por Samuel Lino e desviada por Wallace Yan para fora. A vitória magra dos cariocas se manteve até o apito final e o jogo foi definido nos pênaltis.