Gabilíder: atacante vai além dos gols e é determinante em reação do Flamengo no Brasileirão

O "fator Gabigol" foi determinante para fazer renascer uma equipe que não faz muito tempo era criticada pelo conformismo com que encarou tropeços para Fluminense e Ceará nos primeiros jogos de 2021. A atuação de gala na virada sobre o Grêmio, em Porto Alegre, serviu de chacoalhão para um time que mudou de postura, melhorou a performance e tem a chance de assumir a liderança do Brasileirão em confronto direto com o Inter, domingo, no Maracanã.

Na ocasião, o atacante marcou um gol, deu duas assistências e iniciou uma sequência de cinco partidas consecutivas balançando as redes dos adversários. A influência, porém, vai muito além. Gabigol tem cada vez mais voz ativa no dia a dia do Ninho do Urubu e vê o papel de líder ser incentivado por Rogério Ceni.

O pulo no colo com o abraço efusivo para comemorar o gol diante do Corinthians diz mais da relação com o treinador do que os questionamentos pelas substituições contra Athletico-PR e Vasco. Quem convive no ambiente do CT relata uma relação aberta, fomentada por um Ceni que dá abertura para o diálogo franco com os comandados.

Depois da experiência ruim no Cruzeiro, a percepção é de que o treinador usa este comportamento a seu favor, principalmente com seus contemporâneos dos tempos de jogador. Gabriel é um dos que mais aproveita esta liberdade.

• Brasileirão: 13
• Carioca: 8
• Libertadores: 2
• Recopa: 1
• Supercopa: 1
• Copa do Brasil: 1
• Total : 26

Certa vez, um membro da comissão técnica definiu em conversa de bastidor a importância do camisa 9 para a equipe, após o empate sem gols com o Fortaleza, quando Gabi estava suspenso:

- Com ele em campo, a postura do time é diferente. Todo mundo fica mais ligado, mais concentrado. Seja por ele motivar no vestiário, seja pela correria dele em campo, seja pelas brincadeiras, seja até por preocupação dele não brigar com um adversário...

Definição que passou a fazer ainda mais sentido após a derrota para o Ceará, quando Gabriel se viu no alvo de polêmica por ficar no banco de reservas com uniforme de aquecimento. Desde então, a indignação por não jogar ou pelos resultados negativos foi canalizada em uma voz ainda mais ativa no vestiário e também nos microfones.

No jogo seguinte, Gabigol fez questão de dar entrevista após a vitória sobre o Goiás por 3 a 0. A cena chamou a atenção de quem estava no local, visto que naquele momento era o auge das cobranças para que Pedro fosse o dono da posição.

Pendurado com dois cartões amarelos há 17 rodadas (desde a vitória sobre o Santos, na Vila Belmiro, em agosto), Gabriel controlou os nervos para não desfalcar o time na reta decisiva. A participação com discursos antes dos jogos é cada vez mais frequente, assim como brincadeiras que ajudam a aliviar o clima de pressão pela na acirrada pelo título.

Equilíbrio que vem muito da relação próxima com lideranças como Filipe Luís e Diego Alves, já exposta em dancinhas e apelidos nas redes sociais. Terceiro mais jovem do time titular (atrás somente de Hugo e Gérson), Gabi é um dos mais tem influência e respeito dos companheiros.

Dentro de campo, os números seguem impressionantes. Em 100 jogos, são 69 gols e 23 assistências. E se as lesões o afastaram da briga pela terceira artilharia consecutiva no Brasileirão, a disputa está viva pelo posto de maior goleador do país na temporada.

Com 26 gols, Gabi está a dois de Diego Souza, que tem 28 e dois jogos a mais para disputar, por conta da final da Copa do Brasil. Foram 13 no Brasileirão, 8 no Carioca, 2 na Libertadores e 1 em Supercopa, Recopa e Copa do Brasil.