O atacante Gabigol, do Flamengo, pegou dois anos de suspensão após ser julgado por fraude ou tentativa de fraude de qualquer parte do processo de controle antidopagem. Decepcionado com o resultado do julgamento e confiante que será inocentado, o jogador se prepara para os próximos passos do caso.
Agora, os advogados de defesa de Gabigol entrarão com pedido de efeito suspensivo. Ou seja, Bichara Neta, representante do atacante, fará em breve um pedido a Corte Arbitral do Esporte, na Suíça, para que a decisão seja suspensa até que ela seja analisada pelo próprio CAS. Essa movimentação não costuma a demorar a sair, geralmente uma semana.
Se o pedido for deferido, Gabigol voltaria a poder frequentar as dependências do clube. No momento, ele não pode trabalhar no Ninho do Urubu, na Gávea ou em qualquer outro espaço físico que pertença ao Flamengo. Por conta disso, Zico colocou o CFZ à disposição para o atacante treinar.
Paralelo a isso, a defesa fará um recurso pela absolvição ao CAS. Essa análise, no entanto, costuma ser mais demorada. A estimativa é que algum resultado seja dado sete ou oito meses após o recurso ser protocolado.
Enquanto não há nenhuma definição, Gabigol está fora do primeiro jogo da final do Campeonato Carioca, contra o Nova Iguaçu, neste sábado, às 17h.
Entenda o período de suspensão
A pena atribuída a Gabigol contará a partir do dia 8 de abril de 2023, data da coleta realizada no CT do clube. Ou seja, o afastamento será de cerca de um ano se ele não conseguir reverter o quadro no CAS. Isso porque, o tribunal entendeu ter havido uma demora no processamento do caso não atribuível ao atleta. Assim, retroagiram o início da contagem da pena.
O julgamento havia começado na segunda-feira passada e durou cerca de 5 horas. Foi interrompido por causa da demora (se estendeu até 19h) e pela indisponibilidade de alguns auditores. Foi retomado nesta segunda-feira, às 14 horas, com as "alegações finais" e os nove votos dos membros do Pleno do TJD/AD. Ao todo, o julgamento teve cerca de 8 horas. Ele foi julgado pelo Pleno do TJD/AD por ser um "atleta de nível internacional".
Por que Gabigol foi suspenso?
A peça de acusação considerava que Gabigol tentou deliberadamente impedir o controle antidoping realizado pela Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) e ainda atrasou as coletas de sangue e urina, que foram feitas de maneira surpresa, no CT do clube, em 8 de abril.
Consta no processo que Gabigol tentou esconder a genitália na hora de urinar no pote e foi agressivo com os oficiais responsáveis pelo exame. Ao urinar "escondido", sem permitir que o fiscal visualizasse a urina saindo do seu pênis, Gabigol deu brecha para ser denunciado por tentativa de fraudar o antidoping.
Além disso, o atleta se recusou a fazer a coleta de sangue logo que chegou para o treino. Outros atletas também se submeteram aos exames e estavam posicionados na estação de coleta, logo cedo, quando os oficiais de coleta chegaram no local. Gabigol foi o único que não realizou o exame de sangue antes do treino.