Gabigol diz não ter dimensão de sua história no Flamengo e comenta sintonia com Libertadores: "A gente combina"

"Eu entro do mesmo jeito. Estou pronto. Sempre estive pronto."

Foi assim que Gabigol encerrou entrevista ao ge no fim de fevereiro sobre a Libertadores, torneio que ele conquistou duas vezes com o Flamengo e no qual se tornou o brasileiro com mais gols na história (31).

Suspenso por tentativa de fraude em exame antidoping, ele ficou fora das três primeiras rodadas. Agora liberado após efeito suspensivo no CAS, o camisa 10 estará à disposição no torneio pela primeira vez nesta terça-feira, contra o Palestino, às 21h, em Coquimbo.

Quis o destino que Gabigol iniciasse a sua sexta Libertadores pelo Flamengo no Chile, país onde mais marcou gols pela competição (4) - com exceção do Brasil. O status, porém, é bem diferente dos outros anos com a camisa rubro-negra. O atacante já era reserva do técnico Tite antes mesmo da suspensão - foram apenas dois jogos como titular com o treinador desde outubro.

Gabigol voltou a campo por cerca de 35 minutos no jogo contra o Amazonas. Não foi utilizado contra o Bragantino. Será relacionado nesta terça, mas a utilização ainda segue o planejamento da comissão técnica. Em boa forma física, o atacante busca recuperar o ritmo de jogo. Por enquanto, segue apto a ficar apenas pouco mais de 30 minutos em campo.

Gabigol substitui De la Cruz em Flamengo x Amazonas — Foto: Reprodução

A Libertadores reaparece no caminho de Gabigol em momento em que o jogador acumula recordes - é o maior artilheiro do clube (30 gols) e o brasileiro que mais marcou na competição (31 gols). O atacante fez gols em três finais (2019, 2021 e 2022) e foi campeão duas vezes (2019 e 2022) pelo Flamengo .

- Claro (a Libertadores gera um fascínio). É a competição mais importante. É claro que o Brasileiro tem uma competição muito grande entre vários times. Mas a Libertadores é o sonho de qualquer jogador. Eu acho que a gente combina. É difícil falar (qual imagem define a relação com a competição). Eu tenho noites maravilhosas de Libertadores. Começa pelo Maracanã sempre cheio às 21h30. O Maracanã fica muito lindo, até o caminho é diferente. Noite de Libertadores é sempre muito especial.

- Eu sou assim. Sou um competidor e não consigo ficar sem competir. Seja no treino, no jogo, em casa. Eu quero vencer. É a (competição) mais importante, é a que marca a história no clube. Eu já ganhei duas. Eu quero poder ganhar mais três, mais quatro. Cada uma vai ser diferente. Eu fui para três finais. Perder uma foi muito dolorido, mas pude voltar e vencer de novo. 2019 foi algo incrível. Eu espero chegar às finais e vencer, que é o mais importante - encerrou.

A relação com a Libertadores foi consolidada como jogador do Flamengo , mas a primeira lembrança da competição é antiga, e o carinho por ela também vem de longa data. Começou quando ainda era um pequeno torcedor do Santos encantado por Neymar e que assistiu a toda a campanha de 2011 nas arquibancadas da Vila Belmiro. E foi como jogador do Santos que marcou o primeiro gol na competição: contra o Estudiantes, em 2018.

- Como torcedor (a minha primeira lembrança). Todo mundo sabe que sou torcedor do Santos. Eu fui no estádio ver o Santos jogar pela Libertadores. Tem o Santos sendo campeão no Pacaembu com gol do Neymar. Eu acompanhei todos os jogos e, na Vila Belmiro, eu sempre ia para o estádio - relatou o camisa 10 do Flamengo .

A história de Gabigol com a Libertadores tem capítulos importantes. O mais marcante deles é a final em que marcou dois gols em três minutos e deu fim ao jejum de 38 anos do Flamengo contra o River Plate. Na ocasião, o atacante foi artilheiro isolado com nove gols - feito que repetiu em 2021, com 11.

Gabigol chega ao Maracanã para o retorno dele aos campos em Flamengo x Amazonas — Foto: Divulgação/Flamengo

Em 2022, marcou o único gol da decisão contra o Athletico. No ano seguinte, chegou ao posto de maior goleador brasileiro ao marcar contra o Racing na Argentina . O jogador revelou ainda não ter dimensão do seu tamanho na história do Flamengo .

- Eu não penso nisso. Eu penso no próximo treino. E não falo isso para ser mentiroso. Eu acho que o que vai acontecer é que quando eu sair do Flamengo ou quando eu me aposentar, eu vou poder olhar para trás e tentar ter essa dimensão. Eu não sou de ver os jogos que já passaram. Eu ainda não parei para ver vários jogos que aconteceram no Flamengo : a final em Lima, a de Guayaquil, a Copa do Brasil. Eu tenho cortes do jogo que eu vivi dentro do campo. Eu acho que quando eu parar ou quando eu sair, eu vou conseguir olhar para trás e ver o que eu já fiz.

Depois do jogo contra o Racing, Gabigol marcou apenas mais uma vez na competição: no empate com o Ñublense, no Chile. Agora, o atacante volta ao país para dar o pontapé inicial naquela que pode ser a sua última Libertadores pelo Flamengo . O contrato do camisa 10 se encerra no fim do ano. Após um acordo encaminhado no fim de 2023, as partes ainda não retomaram as conversas.

Crescer em momentos de decisão. Por que acontece?

- É onde eu me sinto mais tranquilo, na verdade. Quando tem pressão, quando é um jogo decisivo que pode te levar para frente e eliminar o adversário, quando tem grande jogo, é onde eu me sinto mais tranquilo e mais preparado.

Dos 31 gols, qual o preferido?

- É difícil. A Libertadores tem um significado muito importante. Tem os dois de Lima, que aconteceram em três minutos. Teve o último em Guayaquil que não deixa de ser importante. Tem o que eu me tornei o brasileiro com mais gols na Libertadores. Tem o 5 a 0 contra o Grêmio no Maracanã, eu fiz dois. São noites que ficam marcadas. O meu primeiro gol na Libertadores pelo Flamengo foi na altitude, um jogo muito complicado. Se for para escolher um, o segundo de Lima. Ah, não tem como escolher, o primeiro de Lima foi muito importante. O de Guayaquil a gente ganhou de 1 a 0 com gol meu. Não tem como escolher. Todos os gols são muito importantes.

Comemoração sozinho em Lima

- Eu sou muito frio. Quando a gente fez os dois gols, eu só queria estar no meu canto e dar uma relaxada, estar com os meus amigos. Eles até foram atrás de mim. Mas eu mandei eles embora. Eu pude ficar sozinho. Em Guayaquil foi a mesma coisa. Eu sou muito frio, a verdade é essa. Fazia muito tempo que eu não chorava. Quem me fez chorar foi o Filipe Luís e o Rodrigo Caio. Eu tenho sempre que pensar na próxima vez. A verdade é essa. Quando a gente ganhou e quando a gente perdeu, eu pensava já na próxima vez. Eu estou ansioso para vencê-la de novo.

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Fonte: Globo Esporte