Dia lindo para receber o clássico mais charmoso do futebol brasileiro, mas a beleza terminou aí. Fluminense e Flamengo não fizeram um duelo tão interessante. Mesmo em início de temporada, a expectativa era positiva. O Tricolor foi bem contra o Vasco e poderia selar a recuperação. O Rubro-Negro, após poupar titulares na quarta, não chegou nem perto do nível apresentado recentemente.
O resultado foi muito melhor para o Flamengo, que dificilmente sairá da zona de classificação ao término da rodada, mesmo com um jogo a menos que a maioria das equipes. Já o Fluminense, apesar de se mostrar competitivo defensivamente, terminará a jornada com a 8ª posição como melhor possibilidade. Tem duas rodadas para buscar uma combinação de resultados que o favoreça.
Escalações
Mano Menezes fez apenas uma mexida em relação ao time que iniciou contra o Vasco. Thiago Santos foi para o banco e Ignácio formou a zaga com Thiago Silva. Samuel Xavier seguiu desfalcando a equipe. Filipe Luís preservou De la Cruz e Arrascaeta. Evertton Araújo formou a dupla de volantes com Erick Pulgar. A linha de frente foi a mesma da final da Super Copa Rei contra o Botafogo.
Como Fluminense e Flamengo iniciaram o clássico válido pela 9ª rodada do Campeonato Carioca 2025 — Foto: Rodrigo Coutinho
O jogo
Se o sábado no Rio de Janeiro foi quente como a maioria dos dias de verão, o 1º tempo no Maracanã teve outra temperatura. Muito mais branda. E boa parte disso se deve a postura do Fluminense para inibir os pontos fortes do Flamengo. A começar pela coragem em subir o bloco de marcação em diferentes momentos e causar desconforto na circulação de bola rubro-negra.
A ausência de De la Cruz é fundamental para entender a dificuldade que o Flamengo teve para criar. Evertton Araujo consegue mais imposição, vitórias em duelos, mas apresentou problemas para progredir com a bola quando pressionado. Fez poucas ações ofensivas de destaque. Basicamente nenhum passe vertical. Ficou preso no combate que Hércules ou Martinelli apresentavam.
Se não cometeu erros que gerassem chances ao Fluminense perto da própria área, o rubro-negro acabou mais travado em sua construção ofensiva que o costume. Não conseguiu levar o jogo para o lugar que se sente mais confortável. Tentou pressionar a saída tricolor para roubar a bola perto da meta, mas viu um adversário preparado para superar esse movimentos.
Evertton Araújo e Canobbio em Fluminense x Flamengo — Foto: André Durão
Hércules, Martinelli e Arias se mexeram bastante por dentro para gerar linhas de passe aos zagueiros. Guga e Fuentes tentaram se projetar às costas da primeira pressão para receber inversões. Se o Flamengo encostasse na bola, forçasse duelos, o Fluminense era competitivo para reagir rapidamente e transformar o jogo em uma verdadeira batalha física na intermediária tricolor.
Obviamente que isso geraria atritos entre os jogadores. Pulgar x Arias - ambos amarelados - foi um deles. Gérson se estranhou com Fuentes. Wesley e Canobbio travaram duelos mais pacificos, mas com alto nível de intensidade. De criatividade mesmo, muito pouco pode ser destacado. Apenas uma cabeçada de Bruno Henrique e um chute travado de Wesley nos acréscimos incomodaram o Tricolor.
O Fluminense, por sua vez, também teve uma baixa produção ofensiva. Tentou surpreender a última linha de defesa do Flamengo com laterais cobrados em profundidade, mesmo quando não estava tão perto assim da área. German Cano acabou recebendo a melhor oportunidade, após desarme de Ignácio no campo de ataque e belo lançamento de Hércules, mas bateu muito mal.
Mano Menezes perdeu Thiago Silva no intervalo. O zagueiro saiu sentindo dores no mesmo calcanhar que lesionou no ano passado. Freytes entrou. Riquelme também foi sacado para a entrada de Lima. Arias passou ao lado direito. Mesmo em um ritmo mais baixo, o duelo seguiu travado. O Flamengo continuou mais tempo com a bola nos pés, mas ainda sem encontrar as soluções criativas.
Wesley e Canobbio em Fluminense x Flamengo — Foto: André Durão
Filipe insistiu com Pulgar e Evertton Araujo juntos como volantes. Sacou Michael e Plata para as entradas de Luiz Araujo e Juninho. Bruno Henrique passou ao lado esquerdo. Luiz Araújo se posicionou como um segundo atacante por dentro e Gérson manteve-se na função original que tem na equipe. Um meia que parte da direita para o meio.
A dificuldade de conectar as peças com poucos espaços perto da área era nítida. O Fluminense, sem conseguir uma abordagem de marcação dentro do campo do Flamengo, mostrou compactação entre os setores, concentração e agressividade para pressionar a bola e tentar um desarme para explorar contragolpes. Canobbio, cansado, deu lugar a Kevin Serna para potencializar as transições do time.
A medida que o tempo foi passando, o desgaste cresceu e mais espaços apareceram nas duas defesas. O duelo ganhou um pouco de emoção, e o Flamengo chegou mais perto da vitória. Luiz Araújo e Everton Cebolinha - que havia entrado depois dos 40 minutos no lugar de Bruno Henrique - fizeram Fábio trabalhar com a conhecida qualidade. Foi por pouco.
O Fluminense até trocou mais passes no campo de ataque após os 35', mas não teve a mesma capacidade técnica para gerar chances de gol. Balançou a rede menos vezes do que Sampaio Corrêa e Maricá na competição. Soma apenas uma vitórias nas últimas cinco rodadas de Campeonato Estadual. Tem grande chance de ficar de fora das semifinais.