Freiras torcedoras do Flamengo vão aos jogos e mostram fé no título: "Tem que acreditar"

"Chamamento de alguém para exercer certa função" é o que diz uma das definições de vocação no dicionário. A vocação religiosa sempre esteve presente na vida das Irmãs Ana e Kamilla, que vivem e trabalham em um hotel-residência para idosos, enquanto a vocação de torcedoras do Flamengo apareceu aos poucos durante a vida no Rio de Janeiro.

Irmã Ana, de 64 anos, é mineira e vive na Cidade Maravilhosa há quase sete anos quando se mudou para coordenar o lar de idosos na Tijuca. Mesmo com familiares rubro-negros na família, o Flamengo não era parte presente na vida da religiosa, que teve a paixão verdadeiramente despertada em 2019 com a chegada de Gabigol - a quem ela trata como o "pivô'' de tudo.

- O que me chamou atenção foi quando o Gabigol chegou no Flamengo . Isso chamou muito a minha atenção. Se falava nele todos os dias. Como eu via muito noticiário, eu passei a me interessar mais. Passei a ver o jogo. Fui me entusiasmando, principalmente pela alegria que é o Flamengo . O Flamengo é uma alegria só. São pessoas que do nada estão felizes. É só alegria. Isso me encantou. Fui vendo os jogos e fui gostando mais e mais - disse ao ge , antes de continuar:

Irmã Ana e Irmã Kamilla presentes no Maracanã para assistir jogo do Flamengo — Foto: Reprodução

- O Gabigol foi o pivô de tudo. Ele tem muito carisma. Esse carisma apaga toda a personalidade forte. Isso faz parte, isso é dele, é da pessoa dele. Quantas pessoas amam ele? Gabigol é muito amado, assim como outros, mas ele é muito amado. As crianças fazem o gesto dele - encerrou.

Se a paixão da Irmã Ana tem um motivo, na vida da Irmã Kamilla não foi diferente. A jovem de 24 anos foi criada em um berço de rubro-negros apaixonados lá no Piauí. Foi através da família que o Flamengo se tornou presente na vida de Kamilla, mas foi por conta da vocação religiosa que ela ficou mais perto dessa paixão.

Há pouco mais de cinco anos, Kamilla se mudou para o Rio de Janeiro para atender a vocação religiosa e viveu boa parte deste tempo em Araruama, na Região dos Lagos. Tem apenas quatro meses que a jovem auxilia a Irmã Ana no lar de idosos na Tijuca e foi neste momento que o Flamengo se tornou constante.

- Eu sabia que era flamenguista e apaixonada pelo Flamengo . Só que eu nunca imaginei que um dia iria ao Maracanã. A Irmã Ana me fez um convite e eu já sabia que ela era flamenguista. Mas também nunca imaginei que um dia iria com ela no Maracanã, poder comemorar juntas. E ela foi, me convidou, e lógico que eu jamais ia recusar um convite desses - contou Irmã Kamilla ao ge e continuou:

- Foi inexplicável. Só entrando lá com aquele um monte de gente. O primeiro que eu fui foi Flamengo e São Paulo (pelo Brasileirão). A gente não podia levantar o braço que olhavam para gente. Eu não consigo ficar quieta no jogo. Coloco a mão na cabeça, bato a mão na perna, seguro a medalha. É muita emoção. Na hora do gol, eu não sei nem explicar, o que está na minha mão voa - finalizou.

"Tem espaço para tudo quando se ama" foi o que disse Irmã Ana, que encaixa o Flamengo na rotina que começa cedo, lá pelas 5h pouco antes da primeira oração do dia ao lado da Irmã Kamilla. Se não estão no Maracanã, estão de frente para televisão e, se a rotina está apertada, o celular está por perto para acompanhar o andamento da partida.

Mas o que as irmãs gostam mesmo é de estar na arquibancada, onde se sentem cada vez mais parte da torcida.

- Me apaixonei vendo as crianças com os pais, eram crianças chorando torcendo com os pais. Ver a torcida cantando dá algo no coração. Só um flamenguista pode entender o que é estar no Maracanã em dia de jogo. Eu virei rubro-negra mesmo e sou uma torcedora normal, desfilei com uma bandeira e tudo no Flamengo e Vasco. Sou uma pessoa de Deus que posso estar em todos os meios - comentou Ana.

Até o fim do Brasileirão, o Flamengo tem cinco jogos no Maracanã (Palmeiras, Fluminense, Bragantino, Atlético-MG e Cuiabá) e um objetivo: classificação direta à Libertadores. A maratona começa nesta quarta à noite. Matematicamente, o sonho do título ainda existe e Irmã Ana é daquelas rubro-negras que se apega às chances.

- Dá para ganhar ainda (o título). Tem que acreditar. Tem que ter esperança. Isso ajuda. A gente tem que acreditar até o último momento. Não vai ser um jogo fácil (contra o Palmeiras). Mas tem tudo para ganhar e sair vitorioso. Eu acredito. O Flamengo é capaz de ganhar todos (os jogos no Maracanã). Nós temos jogadores bons - disse Ana, antes de Kamilla completar:

- Os jogadores também têm que acreditar. Não basta só os torcedores. Eles têm que fazer a parte deles para buscar. Tem que lutar. Tem que arriscar.

O Flamengo enfrenta o Palmeiras, às 21h30 (de Brasília), no Maracanã, pela 33ª rodada do Brasileirão. O Rubro-Negro tem 53 pontos na tabela, seis atrás do líder Botafogo.

Assista: tudo sobre o Flamengo no ge, na Globo e no sportv

Fonte: Globo Esporte