De um dia para o outro, Marcelo Salles passou de auxiliar a técnico interino do Flamengo. Mesmo com o cargo provisório, sentirá na pele a responsabilidade de comandar o time após a saída turbulenta de Abel Braga. E nos quatro jogos antes da parada da Copa América, contra Fortaleza, Corinthians, Fluminense e CSA, ele terá algumas missões para tentar solucionar.
Com uma prancheta embaixo do braço, no estilo de seu antigo chefe, Joel Santana, ele comandou os treinos de quarta e quinta-feira. Nesta sexta, faz os ajustes finais antes do primeiro desafio no sábado, no estádio Nilton Santos, pelo Campeonato Brasileiro. E Marcelo Salles, o "Fera", terá que decidir se mantém as últimas escolhas de Abel para a montagem do time ou se fará mudanças.
O ex-comandante acreditava que o ideal era escalar uma equipe reserva no sábado para poupar os titulares para o jogo da Copa do Brasil, terça-feira contra o Corinthians. Mas a diretoria tem uma visão diferente, que deve ser a que vai prevalecer: usar força máxima após a semana livre.
Listamos os desafios do "Fera" nesses 4 jogos:
Diego? Arrascaeta? Ou os dois?
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Marcelo Salles conversa com Diego durante o treino: será que cabem o camisa 10 e Arrascaeta juntos no time? — Foto: Alexandre Vidal / Flamengo
Na última partida, diante do Athletico-PR, Diego foi o escolhido por Abel para retomar a vaga de titular. Arrascaeta, então, foi para o banco de reservas após alguns jogos sem brilho. Uma boa parte da torcida, no entanto, considera que o uruguaio, maior contratação da história do clube, é decisivo e tem que estar entre os 11. Foi um dos pontos de atrito dos rubro-negros com o ex-comandante.
Contra o Fortaleza, Marcelo Salles terá que fazer sua opção. Para escalar os dois juntos, teria que mudar o desenho tático da equipe e tirar alguém. Por exemplo William Arão, que com Abel tinha o status de intocável – talvez a medida mais impopular do treinador durante sua passagem pelo clube.
Arrascaeta está convocado pela seleção do Uruguai para Copa América e ficará fora das partidas contra Corinthians, Fluminense e CSA, o que poderá contar a seu favor na hora da decisão da escalação. Ou então o interino pode preferir já deixá-lo fora para "entrosar" o time para as próximas rodadas. A conferir.
Mais solidez defensiva
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"Fera" passa pelo zagueiro Rafael Santos, que foi inscrito na Libertadores, mas só fez um jogo no ano — Foto: Alexandre Vidal / Flamengo
Com Abel, o Flamengo se notabilizou pelo ataque poderoso – o terceiro melhor do Campeonato Brasileiro –, mas também pela grande quantidade de gols sofridos. Na Série A, o time foi vazado nove vezes em seis jogos. Só não levou mais gols do que Fluminense, Cruzeiro, Grêmio e Vasco, que estão na metade de baixo da tabela.
Considerando todas as 30 partidas oficiais da temporada – sem contar a Flórida Cup nos Estados Unidos –, foram 27 gols sofridos e a pior média do Flamengo nos últimos cinco anos . Para atingir os objetivos, o "Fera" terá que ajudar a equipe a ter mais equilíbrio. Se não levar gol contra o Corinthians, por exemplo, já estará classificado na Copa do Brasil.
Uma frequente sugestão de torcedores nas redes sociais é escalar dois volantes de mais marcação para proteger melhor a defesa, com Piris da Motta ao lado do incontentável Cuéllar – o que Abel nunca chegou a testar. Ronaldo também foi bem no time alternativo e pode ser uma opção. Por outro lado, nessa formação o time perde o elemento surpresa no ataque que tinha com Arão.
Recuperar Gabigol
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Queda de rendimento de Gabigol é um dos desafios para Marcelo Salles nos quatro jogos antes da Copa América — Foto: Alexandre Vidal / Flamengo
Artilheiro do Flamengo nos primeiros meses do ano, Gabigol foi uma verdadeira sensação. Em campo, fez ótima dupla com Bruno Henrique e chegou a marcar nove gols em oito jogos. E fora das quatro linhas, ele vivia uma lua-de-mel com a torcida, que cobrava da diretoria nas redes sociais para comprar o atacante ao final do empréstimo com a Internazionale, da Itália.
Mas, aos poucos, ele foi vendo o parceiro Bruno Henrique assumir os holofotes de principal jogador do time, enquanto o camisa 9 caia vertiginosamente de produção. Principalmente depois que passou a ser escalado como ponta-direita por Abel. Mesmo voltando à posição de centroavante, onde se sente mais confortável, não retomou a boa fase ainda.
Após aquela sequência mágica, com média superior a um gol por partida, nos últimos nove jogos Gabigol estufou a rede apenas duas vezes, sendo uma de pênalti. Em má fase, o atacante passou a conviver com cobranças de torcedores nas redes sociais, cenário inimaginável alguns meses atrás. Marcelo Salles terá que descobrir como fazer o 9 brilhar de novo.
Motivação do elenco
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O "Fera" já é conhecido dos jogadores e terá a missão de não deixar o elenco se abalar psicologicamente com a troca — Foto: Alexandre Vidal / Flamengo
Se não conseguiu a confiança dos torcedores, Abel tinha a admiração da maior parte do elenco. O abraço coletivo depois da vitória sobre o Athletico-PR, que não impediu as vaias ao treinador, foi a maior demonstração pública desta relação. Na despedida dos jogadores, no Ninho do Urubu, ele foi bastante aplaudido pelos ex-comandados.
O treinador agora ex-rubro-negro também costumava usar bastante os garotos recém-promovidos da base. Marcelo Salles terá o desafio de não deixar que a saída de Abel influencie no espírito do time em um momento importante, que envolve uma classificação na Copa do Brasil, torneio mais rentável do Brasil.
Por outro lado, o interino poderá motivar quem não vinha tendo muitas chances na equipe principal, como Trauco, Piris da Motta, Rhodolfo... E até o próprio Arrascaeta, que ficou no banco durante toda a partida contra o Athletico-PR e sequer foi chamado mesmo com a derrota parcial.
Avançar na Copa do Brasil
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Flamengo venceu o Corinthians no jogo de ida e pode empatar na volta, mas não deverá ter os gringos convocados — Foto: Marcos Ribolli
A principal missão do interino é a classificação para as quartas de final da Copa do Brasil. Depois da vitória por 1 a 0 sobre o Corinthians, em Itaquera, o Rubro-Negro tem a vantagem de jogar pelo empate, com o Maracanã lotado. Vantagem considerável mesmo diante dos possíveis desfalques de Cuéllar, Arrascaeta e Trauco, convocados para a Copa América.
Um fracasso teria um gosto muito amargo para ser digerido durante o período sem jogos por causa da Copa América. Para a diretoria, uma eliminação precoce também seria um duro golpe, tanto esportivamente quanto financeiramente. a desclassificação seria ruim até para a próximo treinador, que teria menos um chance de título no ano.
Subir na tabela do Brasileiro
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Time vem tropeçando fora de casa no Brasileiro e precisa melhores o desempenho longe do Rio — Foto: RODRIGO ZIEBELL/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO
Além da classificação na Copa do Brasil, internamente o planejamento de cenário ideal para a parada da Copa América é que o Flamengo esteja no pelotão de cima no Brasileiro. Atualmente, o time está no G-6, zona de classificação para a Pré-Libertadores, mas a ambição é de G-4 para cima. Para isso, uma das metas é melhorar o desempenho fora de casa.
Em sexto lugar com 10 pontos, o Rubro-Negro está três pontos atrás do líder Palmeiras, que teve três pontos retirados enquanto o seu jogo contra o Botafogo não é julgado pelo STJD. Para melhorar a posição na disputa, bons resultados contra Fortaleza, Fluminense e CSA – que será realizado em Brasília – são fundamentais.
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