Protegido da guerra de narrativas que toma conta dos bastidores políticos, o Flamengo do ainda questionado Tite se vê diante de mais uma chance de voltar à luta pelo título brasileiro. O clássico com o Vasco, por toda rivalidade que o cerca, é visto como o marco ideal para recuperar o favoritismo que o time já carrega nas Copas. E a confiança é escorada, mais uma vez, no poder que emana das arquibancadas em jogos no Maracanã, onde somou 29 dos 44 pontos (74,3%) que sustentam o clube na quarta posição, com um jogo a menos que os três de cima.
Dos 13 jogos do Brasileiro que fez no estádio, incluindo os clássicos contra Vasco e Fluminense, onde jogou na condição de visitante, o time venceu nove e só perdeu para Botafogo e Fortaleza — líder e vice-líder. Este último, aliás, como o empate com o Cuiabá, jogados sem os titulares envolvidos com a Copa América. Houve também o empate com o Palmeiras. Agora, porém, recorte é outro: restam sete jogos no Maracanã, quatro deles entre os seis que fará nos próximos 40 dias: Vasco, Athletico, Fluminense e Juventude.
A vitória de 1 a 0 sobre o Bahia, no última quinta-feira (12), com a classificação à semifinal da Copa do Brasil, resgatou a discussão sobre a qualidade do elenco. O time não produz o futebol vistoso e encantador que o torcedor quer ver. E talvez até não seja mesmo confiável. Mas só um elenco bem servido e de qualidade insuspeita suportaria o entra-e-sai por contusões e suspensões. A três meses do término da temporada, o Flamengo de Tite, pragmático e previsível, mas competitivo e eficiente, é dos raros a estar entre os favoritos ao título nas três competições que disputa.
Não é fácil se equilibrar nessa esteira que alimenta a pretensão de uma inédita tríplice coroa. E é por esta janela que o Vasco vê a chance de se consolidar como candidato a uma vaga na Libertadores de 2025. Um passo que não depende de vitória no clássico contra o rival que o goleou por históricos 6 a 1 no confronto do turno. Mas que pode ser dado com a autoestima renovada. O Vasco SAF faturou R$ 318 milhões em 2023, o Flamengo R$ 1,374 bilhão. Essa diferença de R$ 1 bilhão traduz o favoritismo do confronto.
Para atenuar a desvantagem que resulta da maior qualidade do elenco rubro-negro, os vascaínos terão de se fortalecer em pilares do “jogo mental”: determinação, comprometimento e superação. Não é o que costuma decidir os embates, mas o que pode equilibrar a disputa num jogo entre duas instituições gigantescas.