Flamengo x Peñarol: Mesmo com mais finalizações, rubro-negro não deu nenhum indício de que venceria a partida; leia análise

Abril de 2019. Foi a última vez que o Flamengo perdeu no Maracanã em uma partida de Libertadores. Coincidência ou não, o adversário era justamente o Peñarol. O mesmo time que ontem, com um futebol intenso, de marcação firme e ótimo toque de bola, superou o rubro-negro com uma merecida vitória por 1 a 0, no jogo de ida das quartas de final da competição sul-americana.

Na volta, na quinta-feira, em Montevidéu, o Flamengo precisa vencer por dois ou mais gols de diferença para avançar direto à semifinal — e enfrentar Botafogo ou São Paulo. Triunfo por um gol leva para a disputa por pênaltis.

A derrota fez a torcida perder a paciência com alguns jogadores e também o treinador Tite. Ele foi xingado na ida para o vestiário, quando o Flamengo já perdia, quanto no fim da partida.

— Eu tenho que respeitar o sentimento do torcedor. Claro que sinto isso (os xingamentos), sou humano. (Mas) só vai reverter de uma forma. Sabe como se conquista torcedor? Sabe como conquistei os torcedores dos outros clubes pelos quais passei? Ganha título importante. Se não for, tchau — desabafou Tite.

— Perdemos o jogo, mas temos a partida de volta para mudar essa situação. É trabalhar durante a semana. Domingo já temos mais um jogo de outra competição (contra o Grêmio, pelo Brasileiro). É pensar nesta partida, e depois trabalhar até quinta-feira para chegar lá e reverter o placar — disse Gerson.

Pulgar erra no gol

Não foi a primeira vez que o Flamengo jogou mal em 2024 no Maracanã. Aliás, o desempenho na Libertadores tem sido bem decepcionante, mesmo em casa. Ainda assim, a atuação de ontem chamou a atenção porque passou a sensação de que em nenhum momento o rubro-negro seria capaz de virar o placar.

De acordo com o Sofascore, o Flamengo finalizou 20 vezes contra 11 do Peñarol. Mesmo assim, o site especializado em dados do futebol aponta que cada equipe teve uma chance clara para marcar o gol.

A dos uruguaios, aproveitada por Cabrera, saiu em lance que colocou um ponto final na paciência da torcida do Flamengo com Pulgar. O volante chileno errou na tentativa de passe e também foi mal na pressão pós-perda, o que permitiu o contra-ataque do Peñarol. A equipe uruguaia aproveitou o espaço dos laterais rubro-negros, que demoraram a recompor, e demonstrou qualidade na troca de passes, que fez a bola chegar até o camisa 7 para fazer 1 a 0.

Um dos protagonistas da noite, mas de forma negativa, Pulgar já era contestado pelos rubro-negros mesmo antes de a bola rolar. Logo na chegada dos torcedores ao Maracanã, um dos grandes questionamentos feito por eles era o fato de Tite ter optado por escalar o chileno e não Léo Ortiz, que vinha bem na posição. Após a falha, o camisa 5 foi vaiado, assim como o restante do time na saída para o intervalo.

— Todas as possibilidades que são aventadas agora fora do que aconteceu vão ter razão. Todas são "poderia ser melhor". Pulgar é um jogador de seleção, vinha bem na sequência e estava habituado (à posição) há mais tempo. O Léo estava jogando muito numa situação que não gostava. Eu precisava naquele momento, e ele contribuiu — explicou Tite.

— A gente não pode generalizar por um erro. A escolha foi em cima de um jogador de seleção, de alto nível e que tem todo um lastro em cima de uma equipe organizada e treinada mais com ele do que com o próprio Ortiz — concluiu o treinador.

Chances foram criadas

A análise do capitão do rubro-negro faz sentido. Até porque, o Flamengo criou chances para pelo menos empatar o jogo no primeiro tempo. Mesmo sem brilho coletivo e individual, foram três oportunidades. Arrascaeta, de fora da área, e Bruno Henrique, em cabeçada à queima-roupa, pararam no goleiro Aguerre. Já Gerson, na marca do pênalti, foi travado pela defesa uruguaia.

— Precisamos ter a mentalidade forte. Ainda não acabou (o confronto). Saímos de um resultado do primeiro jogo, mas temos capacidade de mudar essa situação na partida no Uruguai — reforçou o capitão rubro-negro.

O Peñarol, aliás, mostrou qualidade em todos os setores do campo. Intenso na marcação e forte nas triangulações, o time uruguaio foi bem ao se defender das tentativas de jogadas pelas pontas do Flamengo, que abusou dos cruzamentos, com 40 — mas apenas 11 certos.

Além disso, a equipe de Diego Aguirre, que seguiu perfeitamente a estratégia traçada pelo treinador ex-Internacional e São Paulo, também não teve medo de tentar passes arriscados para fugir da pressão do Flamengo no início de sua construção ofensiva. Assim, inclusive, quase ampliou o placar com Báez, nos acréscimos do primeiro tempo. Um dos destaques dos uruguaios na partida, o centroavante Silvera deu lindo chapéu em Bruno Henrique quase dentro da área defensiva e a bola chegou até o camisa 28, que finalizou em cima de Rossi.

Antes de pensar no jogo de volta contra o Peñarol, o Flamengo tem compromisso pelo Brasileiro. No domingo, às 18h30, na Arena do Grêmio, encara o tricolor gaúcho. Na quarta posição, com 45 pontos, o rubro-negro está oito atrás do líder Botafogo.

Fonte: O Globo