Flamengo x Palmeiras fora das quatro linhas; entenda

A demissão de mais de 50 profissionais no departamento de futebol de base do Flamengo, incluindo gestores técnicos e administrativos, e até jogadores, desta vez, não teve viés político. Ao contrario do corte em outras áreas do clube, como jurídico e saúde, o desligamento em massa é parte da estratégia de negócio da nova gestão. O presidente Luiz Eduardo Baptista, o Bap, quer recuperar o prestígio perdido para o Palmeiras no mercado internacional de compra e venda de direitos econômicos.

Por trás do discurso ideológico do executivo português José Boto, sob narrativa de que a formação de jogadores no Brasil perdeu sua essência, existe a certeza de que o Flamengo fez pouco dinheiro no segundo mandato do presidente Rodolfo Landim em relação ao tanto investido no Ninho do Urubu. Apesar da receita recorde de quase R$ 246 milhões, em 2023, com a venda de jogadores revelados no clube, o montante em 2022 não chegou a R$ 52 milhões. E 2024 deverá fechar no mesmo patamar.

Ou seja: estimadamente, cerca de R$ 400 milhões em três anos. O Palmeiras, rival que há dez anos disputa com os rubro-negros a excelência em termos de gestão, soma mais de 1 bilhão de euros com a venda de jovens jogadores formados na Academia neste mesmo período. Excelência que permitiu a diretoria palmeirense transformar o dinheiro obtido com a venda destes ativos em “receita recorrente” — contabilmente, algo já realizado. O clube paulista estipulou como valor mínimo o faturamento de R$ 300 milhões por ano.

Este ano, só com a venda do zagueiro Vitor Reis para o City por 35 milhões de euros (R$ 227,5 milhões), o Palmeiras já se pôs muito próximo da meta. E por certo irá ultrapassá-la com a transferência de outros jovens que já fazem parte do elenco. E, vejam bem: a receita com venda de direitos econômicos já bate a meta estipulada só com valores “das crias” — não incluindo as possíveis saídas de Rony, Zé Rafael e/ou Richard Ríos que ainda podem ocorrer até a janela do meio do ano.

Luiz Eduardo Baptista, que alega ter assumido a administração com R$ 3 milhões no caixa, crê que o Flamengo tem de voltar a crescer nesta rubrica. Por isso foi atrás de um gestor formado na área de “scouting”, (também) por isso apostou na permanência de um treinador que conhece a base do clube; e por isso tentou contratar (sem sucesso) o gerente base do Palmeiras, João Paulo Sampaio.

Fonte: Extra