Flamengo x Palestino: Derrota marca volta à estaca zero de Tite, que precisa encontrar nova forma de jogar; leia análise

Do ponto de vista do torcedor rubro-negro, a derrota do Flamengo ontem foi o jogo mais difícil de se assistir desde que Tite chegou, em outubro de 2023. Aliás, os pouquíssimos torcedores chilenos que foram ao estádio e saíram felizes com a vitória do Palestino por 1 a 0 devem ter voltado para casa com a impressão de que, em vez do 35º jogo do treinador à frente da equipe, esse havia sido o primeiro. Isso porque, dentro desses sete meses em que o técnico conduz a equipe, o Flamengo simplesmente voltou para a estaca zero.

Quatro pontos em doze

O buraco está tão embaixo que, mesmo tendo mais dois jogos para disputar nesta fase de grupos, é praticamente nula a chance do rubro-negro terminar na primeira colocação. Com quatro pontos, o clube é o terceiro colocado — com a vitória, o Palestino chegou aos seis pontos —, fora da zona de classificação para as oitavas de final, a cinco do Bolívar, que enfrenta hoje o Millonarios, às 23h. Para avançar de fase, o Flamengo precisará não só vencer os jogos que restam, mas secar o adversário de ontem.

Apesar de surpreender pela enorme distância do poderio financeiro e da qualidade do elenco do clube carioca em relação aos rivais de grupo, o cenário do Flamengo na Libertadores traduz bem o desempenho que o time vem tendo a essa altura da temporada. No jogo de ontem, em cenário parecido com as últimas partidas, o futebol do rubro-negro praticamente não existiu.

Sem a bola, o time foi desorganizado, não conseguiu pressionar o Palestino e nem proteger bem o gol de Rossi. Um bom exemplo é o golaço marcado por Cornejo, aos 18 minutos da segunda etapa. Os chilenos cobraram escanteio, Léo Pereira afastou e o meia finalizou sem deixar cair.

Já no setor ofensivo, a equipe não foi capaz de sequer trocar passes e triangular. Dependente de lampejos de De La Cruz e Cebolinha, o Flamengo só levou perigo em jogadas brigadas, quando o camisa 11 e Bruno Henrique pararam no goleiro Rigamonti.

Em meio a uma sequência de péssimas partidas, essa foi, tanto pelo desempenho quanto pelo baixo nível do adversário, a pior do Flamengo com Tite. Pressionado, o treinador, que insiste num modelo de jogo que já não dá certo desde fevereiro, precisará encontrar logo uma nova forma de fazer a equipe jogar para resistir à forte e tradicional pressão externa e interna no clube.

— A responsabilidade se assume primeiro com o técnico, porque é dele a maior. Se divide com o grupo todo de trabalho, mas é o técnico o primeiro. O momento, o trabalho, a parte tática, (é preciso) equilibrar todas essas situações físicas (que) competem ao técnico. Ela é da individualidade, sim, dos atletas, mas é primeiro do técnico — falou o treinador.

Fonte: O Globo