Flamengo x Criciúma: Pênalti raro e virada no fim ofuscam problemas do rubro-negro; leia a análise

A tão aguardada volta do time titular do Flamengo após a perda de cinco desfalques para a Copa América não foi do jeito que a torcida esperava. Mas a atuação ruim acabou ofuscada pelo placar e pela série de elementos que roubaram as atenções da partida. A vitória por 2 a 1 sobre o Criciúma teve virada no fim, gol de Gabigol e dois pênaltis — um deles tão raro que era desconhecido até mesmo por alguns jogadores.

O lance que mudaria o jogo ocorreu aos 39 minutos da etapa final. Cebolinha invadiu a área e, quando estava prestes a finalizar, o volante Barreto tirou a bola chutando uma segunda em cima dela. O árbitro Maguielson Lima não hesitou e marcou o pênalti.

Foi isso mesmo. Naquele momento, havia uma segunda bola na área do Criciúma. Fora devolvida da arquibancada por um torcedor do Flamengo que exagerou na força. Até então, o árbitro não havia se dado conta, já que ela não estava atrapalhando a partida. Até que Cebolinha se aproximou carregando a que realmente estava em disputa.

Além de faltar com a ética, Barreto mostrou desconhecer a regra. Uma segunda bola equivale a um objeto em campo. E, quando um atleta o atira na direção de outro jogador, deve ser marcado tiro livre indireto. Se for dentro da área, é pênalti. Coube a Gabigol cobrá-lo, o que o camisa 99 fez com muita categoria.

Foi também o sétimo jogo dele pelo Flamengo no Brasileiro. Agora, Gabi já não pode disputar o torneio por outra equipe (além da Copa do Brasil). Ovacionado no Mané Garrincha, ele reclamou da forma como a negociação pela renovação foi conduzida pela diretoria. Neste momento, as conversas estão paradas. Seu contrato termina no fim do ano.

— Foram acordadas muitas coisas que não foram cumpridas. Não agiram de uma maneira boa com um ídolo — desabafou, sem descartar a permanência em 2025. — Mas as coisas estão em aberto, e tudo pode acontecer.

Seu gol salvou o Flamengo de uma atuação ruim na maior parte do jogo. Sem intensidade e errando demais na saída de bola, o time levou pouco perigo real ao adversário. Para completar, a insistência nas jogadas pela faixa central do campo facilitou a vida da defesa rival. Na primeira etapa, foram apenas quatro finalizações contra sete do Criciúma, números que ilustram como o time catarinense estava melhor.

Defensivamente, o Flamengo também não fazia uma boa partida. Poucas vezes pressionou a saída do Criciúma e deu muitos espaços para o Criciúma. Aos 34, foi punido com o gol de Rodrigo. No lance, Ayrton Lucas falha na marcação a Allano, assim como Pedro com o autor do gol.

O time não voltou bem do intervalo. Mas mudou de postura a partir dos 30 minutos. Passou a pressionar o adversário e a sair num ritmo mais intenso. Não é por acaso que a virada ocorre toda na reta final do jogo. Pedro, que perdera um pênalti aos 18 da segunda etapa, empatou aos 30. E, já perto do fim, Cebolinha sofreu o pênalti convertido por Gabi.

A postura dos minutos finais pode servir de exemplo de como o Flamengo deve se portar. Mas desde o início. Afinal, não é sempre que o time vai "mudar a chave" já no fim e se recuperar.

Após dois jogos sem vencer, o Flamengo agora soma 34 pontos. Na quarta, visita o Vitória, em Salvador.

Fonte: O Globo