Quem diria que um dos jogos mais tranquilos, na teoria, para o Flamengo nesta fase de grupos da Libertadores terminaria sendo uma epopeia de uma equipe argentina estreante? Com os primeiros gols e a primeira vitória no torneio em sua história, o Central Córdoba arrancou um 2 a 1 no Maracanã pela 2ª rodada — gols de Heredia e Florentín, com De La Cruz descontando — que deixou atônito cada rubro-negro presente. Em campo, uma gritante diferença de atitude e competência provou que nenhum jogo é vitória garantida na competição continental.
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Enquanto a torcida do Flamengo, no primeiro jogo do clube em casa nesta edição, ergueu um mosaico em que pedia o tetracampeonato, um amontoado de argentinos vindos de Santiago del Estero e presentes no setor Sul fez a verdadeira festa, desde que entrou duas horas antes do início da partida. A energia contagiou a equipe, que se lançou como se não tivesse nada a perder e foi recompensada com duas bolas na rede ainda no primeiro tempo.
Exaltação merecida feita ao vencedor, a atuação do Flamengo foi a pior sob o comando do técnico Filipe Luís, que viu cair uma longa invencibilidade de 27 jogos. É de conhecimento público a decisão do departamento de futebol em priorizar o Campeonato Brasileiro e o jogo com o Grêmio no domingo, o que não exime os jogadores da postura que se viu em campo.
A começar pelo problema das chances perdidas, que voltou a assolar o time mais uma vez. Juninho e Bruno Henrique desperdiçaram gols que poderiam ter deixado a partida tranquila. Passada a iniciativa inicial, a equipe começou a permitir estocadas ao Central Córdoba, mais um adversário que montou linha com cinco defensores, mas tinha jogadores rápidos e que não se assustaram com o ambiente.
Sem Gerson e Pulgar — que entraram apenas na substituição tripla feita no intervalo, junto de Wesley —, o meio-campo pareceu desconexo, mesmo tendo Arrascaeta e De La Cruz lado a lado. Faltava, sobretudo, intensidade para desenvolver as jogadas. Despretensioso, o Central Córdoba conseguiu um pênalti quando Léo Pereira parou a bola com a mão na área. Heredia deslocou Rossi e abriu o placar.
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A derrota por um gol de diferença já era alarmante o suficiente, considerando como o adversário compensava a inferioridade técnica com valentia para se impor. Ficou ainda pior quando Cufré cobrou falta na cabeça de Florentín, que ampliou para 2 a 0 aos 43 minutos.
Com a vantagem argentina, entrou em campo o pacote completo da catimba sul-americana, com jogadores fazendo cera e até goleiro tirando a luva para passar o tempo. Passou a reinar uma defesa fixa com, pelo menos, seis homens. Não restava solução para Filipe Luís que não fosse empilhar atacantes e tentar forçar a entrada nas trincheiras.
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De La Cruz inflamou a torcida ao descontar em bela cobrança de falta, mas ainda era preciso muito mais. Todos os chutes com bola rolando eram bloqueados, e as jogadas pelos lados contavam com marcação dobrada ou morriam na própria ansiedade rubro-negra.
A aguardada entrada de Pedro, que não jogava há sete meses após ter grave lesão no joelho esquerdo, de necessária para dar ritmo de jogo, virou esperança de salvação. Mas apenas completou o pacote de falsas esperanças. Foram 25 minutos em que o centroavante nada pôde fazer.
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Nos acréscimos, sem goleiro, Bruno Henrique ainda cabeceou uma bola na trave. Era sinal de que os três pontos já tinham dono.
Para o clube que, até pouco tempo atrás, passou cinco anos sem perder em casa na Libertadores, agora são duas derrotas seguidas — a outra para o Peñarol, nas quartas de final do ano passado. No geral, o Flamengo e Filipe Luís não perdiam no Maracanã desde outubro, contra o Fluminense, pelo Brasileirão. Caiu também a invencibilidade do elenco principal nesta temporada.
O próximo desafio na competição será contra a LDU, em Quito, no dia 22 de abril. Já neste domingo, às 17h30, o rubro-negro visita o Grêmio, pelo Brasileiro.
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