O Flamengo votará na quarta-feira da semana que vem (11/09), em reunião no Conselho Deliberativo, uma emenda que tem como objetivo dificultar a implementação de uma SAF (Sociedade Anônima de Futebol). O Rubro-Negro em 2022 chegou a receber uma "proposta de assessoria financeira" com modelos de estrutura e potenciais investidores para comprar uma parte minoritária do clube.
- É uma emenda criando regras de votação se um dia alguém propor a criação de uma SAF. Hoje não tem nenhuma regra do Estatuto, é um assunto omisso. Se o Landim propusesse, a votação seria normal no Conselho (Deliberativo). Nessa emenda, eu e mais 200 conselheiros estamos propondo basicamente duas regras: que não seja votada no Conselho Deliberativo, e sim em assembleia geral com 60% dos sócios aptos a voto, que hoje é 6 mil. Então teria que ser no mínimo 3.600 votando, e tem que ser uma aprovação qualificada de 2/3 do quórum, hoje seriam 2.400 a favor. E outro ponto é criar uma quarentena: quem for dirigente no triênio anterior não pode assumir cargo remunerado na SAF por seis anos - explicou Rötzsch em contato com o ge .
A emenda reuniu 217 assinaturas (bem mais que o mínimo de 50 para ser levada ao Conselho Deliberativo), e conta com assinatura de três dos pré-candidatos à eleição do Flamengo em dezembro: Maurício Gomes de Mattos, que tem o apoio do grupo " Flamengo Maior", Luiz Eduardo Baptista (Bap) e Wallim Vasconcellos. Candidato da situação, Rodrigo Dunshee alegou que não pode assinar nenhuma emenda porque faz parte da comissão que analisa todas que são propostas. Rötzsch está esperançoso para que ela seja aprovada:
- O que eu ouvi é que parece que vai ser aprovada. Todas as emendas passam por uma comissão de estatuto, que pode propor mudança, mas a gente conseguiu, até pelas 200 e tantas assinaturas, que ela vai ser votada como destaque, sem mudar nada. Tem um apoio amplo, a gente acha que vai passar. Se o Flamengo um dia achar que virar SAF é o melhor caminho, que seja um movimento que a maioria dos sócios concorde e não ser aprovada por 100, 200 ou 300 pessoas.
Em outubro de 2022, ano em que Botafogo, Cruzeiro e Vasco viraram SAFs, o Flamengo recebeu do Banco BTG Pactual e da empresa "Win The Game" uma "proposta de assessoria financeira" recomendando modelos de negócio e potenciais investidores para comprar até 49% do clube. O ge teve acesso ao documento, que foi enviado por Cláudio Pracownik, ex-vice-presidente de Finanças, Marketing e Administração na gestão Eduardo Bandeira de Mello e ex-CEO da "Win The Game".
A proposta, que tinha validade de 15 dias, apresentou três "alternativas estratégicas" para a implementação: "constituição de SAF por transformação direta"; transação ao nível de unidade de negócio" e "constituição de SAF por dropdown de ativos selecionados", que foi a estrutura recomendada (veja nas imagens abaixo) . O documento levantou também 30 empresas como potenciais investidores no mercado, mas não tratou de valores para a venda (apenas calculou uma comissão de 3,5% da operação, limitada a R$ 5 milhões).
Procurado pelo reportagem, Pracownik alegou que a "Win The Game" só apresentou a proposta junto com o BTG porque ambos foram contratados pelo Flamengo . Atualmente integrante da chapa de Bap, que concorrerá à eleição em dezembro, o ex-dirigente disse ter feito esse estudo para vários clubes, mas que sempre achou que o Rubro-Negro não precisava de uma SAF:
- O Flamengo não contratou a gente para fazer uma SAF, mas para entender o processo de uma SAF e estudar possibilidades de captação. SAF é um dos processos, tem diversos. Eu sempre disse que o Flamengo está numa posição que não precisa de SAF nesse momento. Se o Flamengo contrata minha empresa para uma análise de mercado, a decisão não é minha. Se tem um contrato é porque o Flamengo quis contratar. A gente trouxe um estudo de possibilidades. Não aconteceu nada a partir daí, nem recebeu proposta nenhuma de investidor. A gente fez isso para vários clubes, um estudo de mapeamento de mercado - afirmou, complementando:
- Era um estudo encomendado pelo Flamengo , legítimo, de mapeamento de formas de captação de recursos no mercado. O presidente Landim, a partir desse estudo, que acho que não foi o único estudo, decide o que quer fazer. Uma vez que sou obrigado eu entrego, não tem nada além disso. Eu era sócio-fundador presidente de uma empresa, com controle meu e do BTG, e meu papel era trabalhar para vários acionistas. Não dá para confundir pessoa física e pessoa jurídica. Enquanto eu tinha essa empresa não fui a uma reunião do conselho e não votei uma ação porque estava impedido, conflitado. Depois a empresa foi vendida para o próprio BTG.
- O Flamengo nunca solicitou estudo com esta finalidade de SAF. Sobre propostas de investidores para o Flamengo , não sei se você está falando do mesmo fato que eu, mas durante a gestão um banco grande, que prefiro não citar, associado a uma empresa, teoricamente especializada nisso e que já não existe mais, apresentaram uma proposta, que nunca foi solicitada por nós, defendendo que o Flamengo vendesse até 49% do clube para investidores por intermediação deles. O presidente Landim não deu seguimento a isso.
Em entrevista ao ge em maio desse ano , o presidente Rodolfo Landim chegou a se dizer favorável à implementação de uma SAF em um modelo diferente dos existentes no futebol brasileiro: mantendo o controle do clube. O pensamento seria para construir o estádio sem criar dívidas ou prejudicar o investimento no futebol. Porém, a atual gestão mudou de ideia a partir da possibilidade de usar o potencial construtivo da Gávea como fonte de receita para as obras da futura casa rubro-negra.
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