Que o Flamengo já tem um lugar de destaque entre os grandes do vôlei brasileiro é indiscutível, como comprovam os três títulos conquistados nos campeonatos nacionais de 1978, 1980 e 2001. No entanto, longe da Superliga desde 2006, o Rubro-Negro precisou dar alguns passos para voltar à elite do país. Em 2018, o clube participou da Superliga C, garantindo vaga na segunda divisão. Em seguida, no mês de abril deste ano, confirmou o primeiro objetivo do novo projeto: o acesso à principal competição nacional depois do segundo lugar na Superliga B.
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- No momento que o Flamengo viabilizou uma equipe, com investimento expressivo, a estratégia era conseguir a participação na Superliga A. Como tudo que o Flamengo faz, tudo é planejado, feito com muita certeza. A gente não entra em aventuras, a gente dá um passo atrás do outro - disse Delano Franco, vice-presidente de esportes olímpicos do Flamengo.
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Delano Franco, vice-presidente de esportes olímpicos do Flamengo. — Foto: Marcelo Cortes/Flamengo
Mesmo com essa trajetória, o Flamengo sabe do desafio que tem para brigar definitivamente pelo troféu da competição. Sabendo disso, foi ao mercado reforçar o elenco para a disputa da Superliga 2019/2020. Foram feitas 11 contratações, sendo três jogadoras vindas do Fluminense, e apenas quatro atletas da última temporada permaneceram no time.
Elencamos os principais acontecimentos do clube na volta à elite, como as contratações, a inesperada saída de duas jogadoras, os primeiros desafios da temporada, os objetivos do clube e até as inspirações em outros times rubro-negros. Tudo isso para que o o torcedor flamenguista e o fã de vôlei fiquem por dentro das principais informações da equipe, que estreia na Superliga nesta terça-feira contra o Minas Tênis Clube, atual campeão do torneio.
Reforços estrangeiros e busca por jogadoras do Fluminense
Entre as contratações mais badaladas do clube estão a chegada da italiana Valeria Papa, que já defendeu times tradicionais como o Busto Arsizio e o Scandicci, a oposta Malu, atual campeã da Superliga, e a ponteira Carla, campeã da Superliga em 2018 e que estava no Fluminense.
- Essa é a minha primeira vez fora da Itália e o mais longe do meu país. Para mim, é um sonho. Quando um clube como o Flamengo te chama, é impossível responder não - afirmou a italiana, que ainda brincou dizendo que seu marido torce para o Flamengo da Itália (Milan).
Além da ponteira Valeria Papa, o Flamengo também vai contar com o reforço de uma jogadora da Argentina. A jovem levantadora María Victoria Mayer, de 18 anos, foi contratada para repor a saída inesperada de Ju Carrijo - tema que será tratado em outro tópico com mais detalhes.
Uma curiosidade das contratações do Flamengo é o fato de o Fluminense ter sido o clube que mais cedeu jogadoras ao rival. Além da ponteira Carla, as líberos Gabi Dutra e Teny também trocaram as Laranjeiras pela Gávea. Rivais nas décadas de 70 e 80, os dois times voltam a dividir as quadras de vôlei nessa temporada.
- A nossa vida é assim, um dia estamos aqui, outro dia estamos lá. Independentemente de qualquer coisa, a gente entra para representar a camisa que a gente está defendendo hoje. Não importa se é o Fluminense ou não, eu vou sempre entrar para ganhar e para que o Flamengo saia com um resultado positivo. Eu estava lá no ano passado e perder para o Flamengo era inadmissível. Cada jogo que tiver, acredito que vai ser uma disputa muito saudável, mas com os dois times querendo ganhar porque ninguém quer perder clássico - declarou a ponteira Carla, que recentemente foi campeã dos Jogos Mundiais Militares com a seleção brasileira .
Quem permaneceu?
Da equipe que garantiu a classificação à elite, apenas quatro atletas permaneceram: a oposta Angelica Caboclo, a ponteira/central Jéssica Silva, a central Nadyala Gama e a levantadora Laura Canedo, atleta da equipe juvenil, mas que também atua no profissional. Além delas, o Flamengo garantiu a permanência do técnico Alexandre Ferrante, que comandou a equipe na Superliga B.
- Aquele time da temporada passada, por merecimento, deveria estar todo aqui. O primeiro passo que a gente teve que dar foi analisar o cenário que a gente se encontra. O que a gente viu é que houve um aumento de nível técnico absurdo da última temporada para essa. Então, a gente teve que entrar tarde no mercado - explicou o técnico.
Mescla de juventude e experiência
Com o objetivo de formar um elenco competitivo, o Flamengo apostou em uma mescla de jogadoras jovens e experientes. Além de Valeria Papa, de 30 anos, a equipe vai contar, por exemplo, com as centrais Roberta e Fê Isis, ambas com 35. O Rubro-Negro ainda manteve a ponteira/central Jéssica Silva (32) e contratou a líbero Teny (34).
Por outro lado, o Flamengo também conta com algumas jovens jogadoras no elenco: as levantadoras María Victoria Mayer (18) e Laura Canedo (19), a líbero Gabi Dutra (19) e as ponteiras Beatriz Flávio (20) e Natalia Monteiro (22).
Despedidas inesperadas de Hannah Tapp e Ju Carrijo
Um fato inusitado nessa volta do Flamengo à Superliga foi que, antes mesmo do início da temporada, o clube perdeu duas jogadoras que foram anunciadas oficialmente. A central americana Hannah Tapp, com passagens pela seleção dos EUA, acabou rescindindo o contrato após receber uma oferta do Hitache Rivale, do Japão. Já a levantadora Ju Carrijo, por um problema médico, não seguiu na equipe.
Para repor essa última saída, o Flamengo contratou a argentina María Victoria Mayer, de 18 anos. No caso de Hannah Tapp, o clube solucionou o problema com uma atleta da casa. Versátil em quadra, Jessica Silva está atuando como ponteira e central.
- Com a questão da Juliana, a gente teve a oportunidade de trazer a Mayer. Acho que foi um golaço do Flamengo. Eu fiquei muito feliz porque fui até eu que indiquei a jogadora. Como tivemos que trazer a Mayer para fortalecer o elenco, a gente conseguiu arrumar esse problema da Hannah Tapp dentro de casa, com louvor - declarou Alexandrinho, como o técnico é carinhosamente chamado.
Desafios antes da Superliga
Além de alguns amistosos na pré-temporada, o Flamengo disputou o Desafio Minas x Rio, que contou com a participação dos finalistas da última Superliga, o campeão Minas Tênis Clube e o vice-campeão Praia Clube, e também do Fluminense. Em três jogos, o Flamengo perdeu para o Minas e para o Praia, mas derrotou o rival tricolor, ficando assim na terceira posição.
Oficialmente, a estreia do time na temporada foi no Campeonato Estadual, com vitória por 3 a 0 sobre a seleção carioca. Ainda na primeira fase, o clube venceu novamente o Fluminense, por 3 a 2, e acabou sendo derrotado pelo favorito Sesc-RJ, por 3 a 0. Com esses resultados, o Rubro-Negro garantiu a presença na final do torneio contra o time de Bernardinho. Na decisão, o Sesc-RJ venceu e conquistou o 15º título estadual .
- Eu estou muito satisfeito com esse início de trabalho. Acho que teremos uma Superliga bem mais forte do que nos anos anteriores, então, a responsabilidade aumenta demais. A entrega diária das atletas me sugere uma coisa muito boa - analisou o técnico Alexandrinho.
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Alexandre Ferrante, técnico do Flamengo — Foto: Marcelo Cortes/Flamengo
Qual é o objetivo na temporada?
Com um projeto a longo prazo, o Flamengo não projeta uma briga pelo título nessa temporada da Superliga, mas em um futuro próximo. A intenção do clube é voltar a ser um dos protagonistas da modalidade com a possível conquista de um troféu daqui a alguns anos. Assim, a diretoria do clube não tem uma meta traçada para o resultado do time nessa temporada.
- Como tudo que o Flamengo faz, tudo é planejado, feito com muita certeza. A gente prefere fazer algo passo a passo, mas a gente tem a convicção que vai chegar lá. O objetivo é chegar em algum momento na Superliga como o grande time que vai disputar o campeonato. Não é nesse ano, temos grandes expectativas, mas não é a nossa expectativa disputar (o título). Queremos chegar lá o mais rápido possível - declarou Delano Franco, vice-presidente de esportes olímpicos do Flamengo.
- Não temos uma meta traçada (para essa temporada). A meta tem um caráter grande de subjetividade que depende das circunstâncias que vamos enfrentar. A ideia é representar bem o Flamengo, jogar bem, jogar com raça, não se entregar numa partida, trazer algumas surpresas positivas e chegar mais longe possível - completa o dirigente Rubro-Negro.
As jogadoras também sabem da dificuldade que terão em quadra contra equipes com um investimento muito superior, como Rio de Janeiro, Praia Clube e Minas. Mesmo assim, elas confiam no potencial da equipe para "incomodar" as grandes potências do atual cenário da modalidade.
- Acho que o time tem que pensar em crescer a cada jogo, a cada treino. O nosso time tem um grande potencial e a gente tem que saber usá-lo da melhor maneira possível. Temos grandes adversários. Posso dizer que essa vai ser uma das temporadas mais equilibradas, onde os times investiram muito, com vários times que podem ser candidatos ao título. A gente vai estar nessa briga para se classificar da melhor maneira possível, para surpreender muito time, temos que ter consciência do que a gente pode. Se a gente puder ultrapassar, vamos fazer isso - afirmou a ponteira Carla.
Inspiração nos times de futebol e basquete
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Rubro-Negro almeja domínio em diversas modalidades esportivas — Foto: Marcelo Cortes/Flamengo
Sonhando com essa volta ao protagonismo no esporte, o Rubro-Negro busca inspiração em outras modalidades do próprio clube, o futebol e o basquete. Os dois times passaram por um processo de reestruturação e, atualmente, são considerados favoritos nas competições que disputam.
- O basquete é uma categoria consolidada no Flamengo. Hoje, o basquete entra no NBB como o grande campeão. Ele já ganhou seis de 11. Ele é um time a ser batido. Se você olhar o futebol, também teve um processo de reconstrução e hoje está em um nível muito alto, dando muita alegria para o Flamengo.Temos um time que é mágico, brigando pelo título da Libertadores e do Brasileiro, e que encanta multidões. É nesse lugar que queremos chegar com o vôlei no nível de excelência do Flamengo - declarou Delano Franco, vice-presidente de esportes olímpicos do Flamengo.
Onde o Flamengo vai jogar?
Ao longo da Superliga, o Flamengo disputará 22 jogos na fase de classificação, dividida em turno e returno, sendo que os oito primeiros colocados avançam aos playoffs. A estreia da equipe será contra o atual campeão, o Minas Tênis Clube, no dia 12 de novembro. A partida será disputada no Tijuca Tênis Clube, local que também recebe os jogos do Rio de Janeiro na competição. Além do Tijuca, o Flamengo também vai atuar no ginásio do clube Hélio Maurício, localizado no bairro da Gávea. Outras opções, como o Maracanãzinho, também não estão descartadas.
- Desde o Tijuca Tênis Clube até o Estádio de Wembley, o Flamengo está aberto e vai jogar onde a situação sugerir. A diretoria trabalha diariamente para que tenhamos cada vez melhores soluções para essa momentânea ausência de ginásio. Jogaremos alguns jogos em casa também, o que me traz muita felicidade - afirmou o técnico do time, Alexandre Ferrante.
Elenco do Flamengo para a temporada 2019/2020
Francine (levantadora) – 27 anos
María Victoria Mayer (levantadora) – 18 anos
Laura Canedo (levantadora) – 19 anos
Valeria Papa (ponteira) – 30 anos
Carla (ponteira) – 27 anos
Beatriz Flávio (ponteira) – 20 anos
Natalia Monteiro (ponteira) - 22 anos
Jéssica Silva (ponteira/central) – 32 anos
Roberta (central) – 35 anos
Fê Ísis (central) – 35 anos
Nandyala Gama (central) – 26 anos
Malu (oposta) – 26 anos
Angelica Caboclo (oposta) – 28 anos
Gabriella Dutra (líbero) – 20 anos
Stephany Carvalho, Teny (líbero) – 34 anos
*estagiário, sob supervisão de Raphael Andriolo