Flamengo 'versão europeia' de Filipe Luís estreia no Mundial e coloca DNA à prova

A estreia contra o Espérance, da Tunísia, hoje, às 21h, na Copa do Mundo de Clubes, será a primeira grande oportunidade de Filipe Luís apresentar ao mundo seu Flamengo de “versão europeia”. Desde que assumiu o comando da equipe em outubro do ano passado, no lugar de Tite, o técnico deixou claro que apostaria em um time com o DNA rubro-negro, mas com uma proposta moderna: pressão constante sobre o adversário, independentemente de quem esteja do outro lado.

Nesta semana, o Observatório do Futebol (CIES) revelou que o Flamengo superou gigantes europeus como Barcelona e Manchester City nesse aspecto. O estudo levou em conta a média de profundidade no campo em função da pressão exercida. O Flamengo lidera o ranking mundial, com uma média de 59,04 metros — ou seja, essa é a distância entre a última linha de marcação do time e o próprio gol. Considerando que um campo de futebol tem cerca de 100 metros, isso indica que, na maior parte do tempo, a equipe joga no campo de ataque e pressiona a saída de bola adversária.

Com os gigantes

O segundo colocado é o Bayern de Munique, que ontem venceu o Auckland City por 10 a 0 na estreia, com média de 57,16 metros. O Arsenal, fora do Mundial, comandado por Mikel Arteta, aparece em terceiro com o mesmo número. Ambos os clubes demonstram um estilo de jogo baseado em imposição territorial e recuperação rápida da bola.

Em quarto lugar está o Manchester City de Pep Guardiola, com 57,01 metros, seguido pelo Barcelona, com 56,46 metros. O Paris Saint-Germain, outro representante europeu no torneio, ocupa a sétima colocação (55,35 metros).

— O futebol está em constante evolução e é possível vencer de diversas formas. O Flamengo quer vencer de uma maneira clara: pressionando e atacando — afirmou Filipe Luís em sua primeira entrevista como técnico. Na véspera do jogo, reafirmou a tese.

— Eu falo de forma Flamengo no sentido de tentar atacar o tempo todo, com jogo vertical, sempre tentando dominar o jogo tendo a bola. O que vai determinar altura no campo, vai ser o adversário. Se eles tiverem mais qualidade e tivermos que defender, vamos defender. Mas a nossa forma de jogar será a mesma. Sempre tentarei pressionar da mesma forma

Filipe Luis, do Flamengo — Foto: Gilvan de Souza/Flamengo
Filipe Luis, do Flamengo — Foto: Gilvan de Souza/Flamengo

Para atingir esse padrão de jogo, o Flamengo também reformulou aspectos da preparação física. Segundo o preparador Diogo Linhares, o trabalho é moldado a partir do modelo proposto por Filipe Luís.

— O futebol é um conjunto de fatores. O modelo de jogo do Filipe é o carro-chefe. Para executá-lo, o jogador precisa estar preparado fisicamente. Trabalhamos sempre no limite dos atletas, buscando equilíbrio entre desempenho e recuperação — explica Linhares.

A escolha dos titulares tem seguido essa lógica. Durante a ausência de Pedro, lesionado até abril, Filipe apostou em Bruno Henrique no comando de ataque. Os dados do estudo consideram esse período, o que levanta a dúvida: com Pedro ainda fora de sua melhor forma, o técnico manterá a estratégia? Gonzalo Plata surgiu como o atacante com maior capacidade de pressionar, e os pontas — Michael, Cebolinha e Luiz Araújo — têm se revezado como titulares.

— O trabalho físico é ajustado individualmente conforme as características de cada jogador. Esse dado não diz respeito a um ou outro atleta: o elenco inteiro precisa executar o modelo — reforça Linhares, que projeta um bom desempenho físico diante da diferença de calendário entre brasileiros e europeus, embora muitos adversários estejam atuando por suas seleções.

— O objetivo é nivelar o elenco para que todos possam ser utilizados ao longo da temporada. Os europeus estarão no fim ou no início da temporada, mas, como no caso do Chelsea, a maioria dos jogadores está em atividade nas datas Fifa. Estão jogando.

Controle de carga para atingir ápice

O Flamengo, por sua vez, optou por um controle maior de carga. O lateral-esquerdo Alex Sandro retornou aos treinos no CT da equipe nos Estados Unidos e não preocupa para a estreia, embora tenha sido poupado das últimas atividades após uma sequência intensa com a seleção. Caso não jogue, Ayrton Lucas deve ser o titular. Situação semelhante ocorre com Arrascaeta, enquanto De la Cruz ainda se recupera fisicamente de uma lesão no joelho e será desfalque.

A preparação no Rio foi voltada aos jogadores que não foram convocados para seleções, com momentos de descanso e treinos específicos antes da viagem. Já Alex Sandro, que defendeu o Brasil, foi mantido em atividades internas no CT nos EUA. A expectativa é de que ele esteja à disposição já nas primeiras partidas. A ideia da comissão técnica é clara: fazer o time crescer ao longo da competição, sem abrir mão de sua identidade ofensiva.

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Fonte: O Globo
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