Flamengo tenta fugir de fantasma que o assombra nas 8 primeiras rodadas; entenda

Técnico mais celebrado da atualidade, Pep Guardiola, hoje no Manchester City, espalha um mantra: campeonatos de pontos corridos são conquistados nas últimas oito rodadas e perdidos nas oito primeiras. A receita do catalão, especialista em ganhar esse tipo de torneio, expõe a necessidade de uma boa largada. E serve de alerta para o Flamengo, que inicia sua trajetória de favorito ao título brasileiro hoje, diante do Atlético-GO. O rubro-negro, mesmo em um dos momentos mais vitoriosos de sua história, tem experimentado começos aquém do seu potencial na Série A — e que, claro, fazem falta lá na frente.

Campeão pela última vez em 2020, com Rogério Ceni, o Flamengo não lidera o Brasileiro desde a rodada final daquela edição. Já são três temporadas sem sentir o gostinho da ponta, algo incompatível com o orçamento na casa do bilhão. Por outro lado, um filme tem se repetido: atravessar as primeiras partidas da competição em meio ou às vésperas de crises, que por vezes levam a trocas de técnicos.

Em 2021, o rubro-negro fechou suas oito primeiras rodadas com um aproveitamento de 50%, em 12º lugar. O Atlético-MG, que seria campeão naquele ano, era o quinto colocado. Ceni cairia após a 11ª rodada.

Não foi muito diferente na temporada seguinte. Sob o comando de Paulo Sousa, o Flamengo fechou o primeiro bloco de oito jogos com os mesmos 50% de aproveitamento, agora em oitavo. O futuro campeão Palmeiras já era o líder naquele momento. O técnico português foi demitido no início de junho, no modesto 14º lugar.

O Brasileiro de 2023, cujo início foi conduzido pelo interino Mário Jorge, espremido entre os turbulentos Vitor Pereira e Jorge Sampaoli, viu o rubro-negro oscilar para 54% de aproveitamento. E não mais do que um sétimo lugar. O alviverde paulista, em sua campanha pelo bicampeonato seguido, já era o vice-líder.

Aproveitamento do Flamengo nas 8 primeiras rodadas / colocação ao fim da 8ª rodada

Há motivos para acreditar que, desta vez, o Flamengo poderá operar em velocidade de cruzeiro. E o principal deles está justamente à beira do campo. Com sete meses de trabalho, Tite inicioou a temporada com o título invicto do Carioca. E estruturou a melhor defesa da história do torneio em mais de um século, com só um gol sofrido na campanha.

Números como este indicam que uma das principais armas do rubro-negro na competição deve ser a regularidade defensiva. O que representa um upgrade em relação a edições anteriores. Há anos com alguns dos melhores meias e atacantes do país em seu elenco, o Flamengo sempre foi forte no setor ofensivo. A segurança na marcação, porém, mostrou-se uma pedra do sapato que pode agora, enfim, ser superada por Tite.

Os primeiros 20 jogos do ex-técnico da seleção brasileira representam os melhores números defensivos de um comandante do Flamengo desde o mítico 2019, quando o português Jorge Jesus era o encarregado.

Do meio para frente, as melhores notícias parecem ser as boas fases do meia Arrascaeta e do atacante Pedro. O garçom uruguaio segue tecnicamente impecável e fisicamente estável, e o artilheiro decolou de vez com um treinador que sempre confiou em seu futebol. Há ainda a oxigenação promovida pela chegada do também uruguaio De la Cruz, fundamental para a dinâmica do meio-campo. O crescimento de Everton Cebolinha na ponta esquerda é outro mérito de Tite.

Há, porém, dois aspectos que merecem atenção. E um deles foi levantado pelo próprio treinador após a vitória sobre o Palestino, na quarta-feira. Tite considera “humanamente impossível” disputar as três principais competições (Brasileiro, Libertadores e Copa do Brasil) com o time titular. Resta saber se a Série A pode ser colocada em segundo plano. Por ora, não: a previsão para hoje é de força máxima, inclusive com a volta de Gerson, relacionado após dois meses.

A outra preocupação é com a Copa América, que deverá tirar diversos nomes do elenco rubro-negro por até nove rodadas.

O Atlético-GO, rival desta tarde, chega empolgado pela campanha que lhe rendeu o título do Estadual. A dúvida é o lateral-direito Bruno Tubarão, que sente dores musculares. O volante Roni, lesionado, segue fora.

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Fonte: Extra