Em entrevista exclusiva ao ESPN.com.br, Glauber Ramos, atual técnico do Goiás e que viu Michael surgir no clube, lembrou da convivência com o atleta e falou sobre o bom momento vivido por ele no Flamengo

Com uma história de muita superação dentro dos gramados, o atacante Michael vive o seu melhor momento desde que chegou ao Flamengo , no primeiro semestre de 2020. O camisa 19 agarrou as chances dadas pelo técnico Renato Gaúcho , principalmente durante a lesão de Arrascaeta (que já está recuperado), e vem correspondendo em campo. Porém, nem sempre foi assim.

Neste sábado (27), a partir das 17h, Palmeiras e Flamengo decidem o título da Conmebol Libertadores 2021 no Estádio Centenário, em Montevidéu, no Uruguai, com transmissão AO VIVO pelo FOX Sports e pela ESPN no Star+ .

Após se destacar com a camisa do Goiás em 2019, anotando 16 gols e dando cinco assistências em toda a temporada, o jogador de 25 anos foi contratado a peso de ouro pelo Rubro-Negro no ano seguinte (cerca de R$ 34,5 milhões na época), mas teve um início difícil no clube carioca, que vinha das conquistas do Campeonato Brasileiro e da Conmebol Libertadores. Foram meses de desconfiança até que, em 2021, ele deslanchou.

Atual técnico do Goiás e ex-auxiliar do clube, Glauber Ramos foi uma das pessoas que acompanhou o jovem atacante desde o seu início no Esmeraldino . Em entrevista exclusiva ao ESPN.com.br , ele lembrou da convivência com Michael no dia a dia e ainda atribuiu a chegada de Renato como peça-chave para a evolução do atleta com a camisa rubro-negra.

Em 2016, durante uma de suas passagens pelo Gama, do Distrito Federal, Glauber teve a oportunidade de acompanhar Michael no Goianésia. Na época, ele até tentou levá-lo para a sua equipe, mas o atacante já tinha um pré-contrato assinado com o Goiás, que começou a defender em 2017. E já naquele tempo, o atleta dava trabalho aos marcadores.

"Tenho uma história interessante porque em 2016 eu estava no profissional do Gama, em Brasília. Fomos vice da Copa Verde, e na Copa do Brasil estávamos jogando e íamos pegar o ABC-RN. Nesse intervalo, vimos o Michael jogando no Goianésia e tentamos contratá-lo para o Gama, mas ele já tinha um pré-contrato com o Goiás. Pouco tempo depois, fui para o Goiás e contei essa história para o Michael: Graças a deus que o Goiás chegou primeiro porque senão você estaria lá no Gama", lembrou o treinador, que exaltou as qualidades de Michael e seu jeito extrovertido fora dos gramados.

"É um atleta muito gente boa, extrovertido, aonde chega chama atenção brinca com todo mundo. É um cara do povo, muito brincalhão. Veio da várzea. Ele tem um drible fantástico, não tem medo de arriscar, de errar em jogadas improváveis. Algo muito difícil de se ver no futebol brasileiro hoje em dia. O um para um dele é muito bom, dificilmente não consegue driblar. Tinha muitas decisões equivocadas pela falta de trabalho de base, de entendimento tático, mas no dia a dia ele pegava algumas coisas, mas gostava mesmo de jogar futebol. Você posicionava ele, e ele fazia porque tinha que ser feito. Mas quando jogava, sem limitação de toques se destacava muito. Em joguinhos dois toques, tinha um pouco de dificuldade", prosseguiu.

Como Jorge Jesus 'salvou' Michael no Flamengo

Assim que chegou ao clube carioca, Michael teve como técnico Jorge Jesus . Na época, o atacante ainda era apenas uma aposta, já que a maioria dos torcedores rubro-negros não o conhecia. E o português teve papel importantíssimo no seu início de trajetória pelo Fla, segundo Glauber.

Em um dos encontros recentes que teve com Michael, ele o revelou que JJ mostrou confiança no seu futebol e foi quem deu forças para que o atacante não desistisse, apesar de toda a desconfiança que o cercava naquele momento.

" Ele disse que passou por alguns problemas e que o Jorge Jesus não o deixou parar, porque confiava nele . Tem uma história de vida fantástica é um exemplo para a juventude que às vezes não vê saída de coisas ruins", disse.

Confissão de Michael sobre Renato Gaúcho

Neste mesmo encontro com Glauber, Michael também exaltou o atual treinador rubro-negro . Segundo ele, Renato foi fundamental para que o atacante conseguisse recuperar o seu futebol, que vem encantando toda a torcida na atual temporada.

"Ele tem evoluído muito. Na última vez que o Michael esteve aqui disse que o Renato [Gaúcho] deixa ele muito à vontade para jogar . Claro que tem cobranças táticas, mas tem liberdade. A gente vê o Michael jogando com os mesmos dribles ousados de antes, mas tomando mais decisões corretas que antes. Agora ele recomeça o jogo quando aperta, coisa que não fazia antes. Ele tentava antes dar três ou quatro dribles e não tinha paciência de esperar outra oportunidade", disse.

"No começo [no Flamengo], ele era muito motivo de chacota até pelos torcedores do Flamengo pelo jeito dele. Mas ele conversou com gente e disse que o Renato resgatou a alegria que ele tinha perdido em estar jogando . A gente sabe que o Renato é esse cara que sabe lidar com atletas e fez isso com Michael. Muito da evolução dele nos últimos jogos tem muita contribuição do Renato", revelou.

"Ele joga um futebol alegre que não temos mais, não tem mais ponta rápido, agudo. Ele pega a bola na esquerda e vai para dentro da área pelo lado direito, algo que falta. Característica de drible e ofensiva. Ele tem aproveitado bem e está fazendo valer o valor investido nele", concluiu.

Apaixonado por café e 'bom de garfo'

Por último, Glauber ainda contou mais bastidores sobre a convivência com o atacante no Goiás e revelou que Michael tem algumas 'paixões' fora dos gramados, uma delas o café, que (nunca) não pode faltar .

" Ele é apaixonado por café , corre para todo lado com um copo na mão. Ele não para de tomar o dia todo. É incrível", contou o treinador, que ainda revelou que Michael também é bom de garfo e se alimenta muito bem.

"Ele come muito bem. Quando ele chega o prejuízo é grande! É pequeno e magro, mas se alimenta muito bem. Nas concentrações a gente brincava que era o dobro das refeições e três garrafas de café porque uma e meia era só dele [risos]", finalizou.