A parte jurídica não é problema. O diálogo com as autoridades está em andamento. Mas tudo depende da implementação, ou não, do lockdown.
O Flamengo termina a semana com a volta aos treinamentos prevista para segunda-feira, mas ciente de que é preciso muita precaução para bater o martelo sem criar conflitos com o poder público ou questionamentos ainda mais pesados da sociedade. De momento, segue o dilema entre teoria e prática.
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Flamengo não treina no CT desde o dia 13 de março — Foto: Alexandre Vidal/Flamengo
Com todos os funcionários do departamento de futebol e familiares testados, 38 contaminados pelo coronavírus e previsão de nova leva de testes para o início da próxima semana, o Flamengo entende não ferir o decreto de quarentena da Prefeitura ou do governo do estado caso retome as atividades. Por outro lado, a diretoria vê como fundamental uma sinalização dos órgãos neste sentido para se resguardar de retaliações.
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Tudo isso, por sua vez, cai por terra se as conversas do governador Wilson Witzel com o Ministério Público resultarem em "lockdown" no Rio de Janeiro. Neste cenário, não há espaço para discussão e as atividades continuarão suspensas até que a situação seja revertida.
Com base no decreto de quarentena, que se encerra segunda-feira, dia 11, na esfera estadual, os advogados rubro-negros não identificaram infração numa eventual volta dos trabalhos no Ninho do Urubu. O Flamengo entende que não há nada claro sobre atividades em campo aberto. Como o protocolo definido não indica aglomeração em lugar fechado e prevê distanciamento maior do que 1.5m entre os jogadores, o clube entende estar apto.
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O Flamengo reforça ainda que reduziu em 80% a presença simultânea de empregados no CT, além de não utilizar espaços compartilhados, como cozinha, refeitório, vestiários, piscina e academia.
Nesta sexta-feira, o presidente Rodolfo Landim assinou documento da Ferj onde manifestou, ao lado de outros 13 clubes, o desejo de voltar aos trabalhos. O posicionamento público, por sua vez, não significa que o Flamengo partirá para o conflito.
Até por entender que há uma superexposição desde toda polêmica envolvendo a relação com famílias das vítimas do incêndio no Ninho do Urubu, o clube avalia com cuidado cada passo. A percepção é de que imagem já está desgastada demais para o Flamengo tomar uma posição sozinho.
Os diálogos com prefeitura e governo seguem paralelamente à implementação dos protocolos de segurança no CT. Há uma tentativa de persuasão no sentido de que o clube daria exemplo de como as empresas poderão retomar à normalidade com medidas de segurança. Tudo, por sua vez, depende da decisão do MP e do Governo sobre o "lockdown".