O Fortaleza teve todos os méritos para vencer no Maracanã, mas Tite, um dos melhores treinadores do mundo, cooperou muito para um Flamengo diminuído nos dois jogos em casa onde fez só um ponto em seis contra Cuiabá e Fortaleza.
Para vencer o Atlético-MG no modo reativo, três rodadas atrás, Tite abriu o serviço de meio com Allan e Léo Ortiz. Marcou, reagiu em velocidade no contragolpe e ganhou de goleada.
Mas o que surpreende num treinador com tanta competência em leitura tática como Tite é a suposição previamente equivocada de que seria possível ser propositivo com dois jogadores iguais nas duas primeiras posições de meio, por mais que houvesse liberdade para um deles fazer área a área.
Não adianta dar a funçào a quem não é capaz de cumprí-la. É escandalosamente óbvio que Léo Ortiz quando levado a meio-campista, Pulgar e Allan são do nesmo lugar e muito parecidos. Não é sensato escalar dois defensivos tão parecidos e inócuos para propor uma estratégia ofensiva.
Nas duas vezes em que começou assim, implodido, o Flamengo saiu atrás e foi pouquíssimo criativo neste modelo. Uma quantidade infinita de cruzamentos com pouco trabalho de bola no meio resumem a previsível improdutividade num time desenhado desta forma.
No decorrer, Tite foi trocando defensivos por ofensivos. Já pressionados pelo tamanho da missão e um tanto desorganizados, não deram resultado. Tite já provou com sobras que é capaz de montar times campeões com viés mais ou menos propositivo.
Neste Flamengo, porém, é um atraso enorme insistir com um meio-campo tão trancado na origem. Por perder muito tempo nesta montagem equivocada, o Flamengo desperdiçou cinco pontos consecutivos em casa. Como preço, perdeu a liderança para o monólito chamado Palmeiras.