A derrota para o Peñarol na Libertadores acentuou as cobranças sobre o técnico Tite e deu início ao ciclo vicioso que está impregnado no Flamengo nos últimos anos. Nos primeiros sinais de fracasso do planejamento do futebol e da gestão do elenco milionário, a direção do clube se exime de responsabilidade, apesar do faturamento bilionário e das muitas contratações, e deixa o treinador exposto, para começar tudo outra vez.
O cenário se agrava com a eleição para presidente que se avizinha em dezembro, sobre a qual o desempenho do futebol costuma influenciar muito pouco. Por isso, o presidente Rodolfo Landim não fez questão de parar para dar explicações sobre o mau momento do time, no sorteio da semifinal da Copa do Brasil, ontem, na CBF.
Xingado e hostilizado no Maracanã, Tite deixou claro que está ciente de sua saída ao fim do contrato, também em dezembro, no caso de não trazer títulos. Nem a atual administração, que tenta emplacar Rodrigo Dunshee como sucessor, nem os candidatos de oposição são simpáticos a uma renovação contratual, ainda que Tite erga uma taça.
Nos bastidores do Ninho do Urubu, o ambiente entra naquela fase de desgaste em que só o resultado salva o trabalho. Os relatos são de jogadores ressabiados com a forma como a comissão técnica gere o grupo na questão física, e também sobre um esgotamento de modelo tático, sem repertório.
Depois de bradar sobre a dificuldade de manter a força do elenco nas três competições, enfim a diretoria acatou o pedido da comissão técnica e vai priorizar as Copas em detrimento do Brasileiro.
O Flamengo informou no fim da tarde que a comissão técnica e a diretoria optaram pela permanência de 12 atletas no Rio para treinamentos específicos até segunda-feira. São eles: Rossi, Varela, Fabrício Bruno, Léo Pereira, Alex Sandro, Erick, Léo Ortiz, De La Cruz, Arrascaeta, Gonzalo Plata, Gerson e Bruno Henrique.
O auxiliar Matheus Bachi, o analista Bruno Baquete, o preparador físico Arthur Peixoto e o preparador de goleiros Thiago Eler permanecem no CT Ninho do Urubu, enquanto o técnico Tite embarca com a comissão para o duelo contra o Grêmio, pelo Brasileiro, com um time todo reserva.
Castro e Diniz no radar
A ideia é dar descanso e aprimorar a parte física de peças que têm demonstrado claramente o esgotamento, e que foram forçadas a retornar de lesão antes da hora. Sobretudo Arrascaeta e De La Cruz, dois dos que foram muito mal contra o Peñarol. Vale ressaltar que o atacante Gabigol segue fora também para trabalhos físicos, mas não foi citado pelo clube.
No meio da crise, o Flamengo não deve fazer qualquer troca de comando até o jogo da volta contra o Peñarol no Uruguai, quinta-feira. A tendência é que Tite seja mantido mesmo em caso de eliminação para tentar o título da Copa do Brasil. Neste cenário, entretanto, possíveis substitutos começam a ser avaliados. Com o processo eleitoral dificultando o planejamento para o futuro, a atual gestão não busca um nome no mercado, mas há boas impressões sobre Luís Castro, ex-Botafogo, e Fernando Diniz, ex-Fluminense. Ambos estão livres no mercado e topam o desafio no Flamengo. Inclusive de imediato.
Castro tem sido contactado por outros clubes brasileiros de maneira informal e pode ser alvo também de Cruzeiro e Atlético-MG. Já Diniz pretende voltar a trabalhar em 2025 e já foi procurado antes de o Fla optar por Tite.
O nome do ex-jogador Filipe Luís surgiu como possível solução emergencial até o fim do ano, mas o técnico do sub-20 vê com ressalvas assumir o cargo no profissional neste momento, em função dos problemas que o departamento sofre nos últimos tempos, com múltiplos treinadores.