Paulo Pelaipe foi demitido do Flamengo no início de janeiro de forma surpreedente, uma vez que o clube acabara de ganhar o Brasileiro e a Libertadores e tendo sido ele quem indicou a contratação de Jorge Jesus. Passados quase três meses, o ex-dirigente falou de forma clara como se deu sua saída.
Direto, o ex-gerente de futebol acusou 'boicote' e 'traição', deu os nomes de quem impediu sua continuidade na agremiação, classificou como "falta de respeito" o modo de desligamento (por e-mail) e deixou claro que segue amigo e respeita demais o vice-presidente de futebol, Marcos Braz, com o qual já tinha acertado sua renovação de contrato.
"Faltou respeito! E eu disse isso para o próprio Marcos [Braz], que é meu amigo. E o presidente [Rodolfo] Landim que também sempre foi muito correto, pelo menos comigo. Ele tem todo direito de não renovar o contrato do funcionário. O que não precisava era, primeiro caso, eu tinha proposta do mercado, eu tinha mercado para trabalhar em dezembro, esperar até 6 de janeiro para dizer e dizer daquela forma, com um e-mail, não precisava ter isso. Então, acho que faltou respeito."
A resposta acima e as demais que você lerá abaixo foram dadas em uma live de Pelaipe com o jornalista da ESPN Brasil Jorge Nicola em seu canal no YouTube .
Renovação encaminhada, mas...
Primeiro, Pelaipe detalhou como já tinha acertado tudo com Braz para renovar seu contrato. Foi em um almoço em São Paulo dia 2 de dezembro de 2019, um dia após a vitória por 3 a 1 sobre o Palmeiras pela antepenúltima rodada do Campeonato Brasileiro .
Após chegarem a um acordo, o vice-presidente ligou para uma pessoa do Jurídico do clube, a quem Pelaipe identificou como "doutor André", e informou que o novo vínculo seria agora por tempo indeterminado, uma vez que o seu anterior tinha data final, que era 31 de dezembro de 2019.
Após a virada do ano, Pelaipe foi até Portugal, encontrou-se com Jorge Jesus, viu os planos do técnico para 2020 - havia previsão até de uma pré-temporada no país europeu, que caiu por conta da disputa da Supercopa do Brasil - e voltou ao Brasil em 5 de janeiro, um domingo.
Ao pisar no aeroporto em São Paulo, ele recebeu ligação de Braz o convocando para uma coletiva de imprensa com o mesmo e mais o diretor executivo de futebol, Bruno Spindel, no Rio de Janeiro, dia 7, uma terça-feira.
"Quando chegou na segunda-feira, dia 6 [de janeiro], 17h33, eu recebi um e-mail dizendo que o meu contrato não seria renovado. Para eu comparecer no clube no outro dia, às 15 horas, para eu fazer a minha saída do clube. Aí, liguei para o Marcos, e o Marcos não sabia..."
Traição, boicote e nomes
O ex-gerente de futebol rubro-negro, atualmente no São Caetano, começou mesmo o seu desabafo após ser questionado sobre se ainda mantém contato com algumas pessoas do clube carioca.
"Com o Bruno [Spindel], ainda hoje troquei WhatsZap e também com o Marcos Braz. Todo mundo sabe no Flamengo que eu fui traído pelo supervisor de futebol do Flamengo, que queria o meu lugar lá", começou.
"Todo mundo sabe no Rio de Janeiro, todo mundo do futebol sabe que eu fui traído pelo supervisor de futebol do Flamengo, que é primo de um vice-presidente e que queria o meu lugar. Foi isto que acontceu, por isto que eu saí do Flamengo", seguiu.
Nicola, então, o questionou sobre quem é este supervisor: "É o Skinner, o Gabriel Skinner?"
Pelaipe respondeu claramente: "É o Gabriel Skinner, ele me boicotava lá, e ele é primo do BAP e conseguiu atingir os objetivos."
BAP é como é conhecido Luiz Eduardo Baptista, vice-presidente de relações exteriores do Flamengo, com muito poder no clube e figura importantíssima para as eleições dos dois últimos presidentes, Eduardo Bandeira de Mello e Rodolfo Landim.
Nicola fez mais uma pergunta: "E o Skinner continua como supervisor ou ele subiu depois que você saiu?"
Pelaipe respondeu: "Depois que eu saí não entrou ninguém, então, ele fica de supervisor, ele fica meio, entendeu?..."
E seguiu: "Mas esta é a realidade. Acho que está bem respondido, está bem claro, foi isto que aconteceu, uma decisão que eu tenho que respeitar, que é uma decisão política, que um vice-presidente quis botar o seu primo no meu lugar, e o Marcos [Braz] talvez não tenha deixado ainda."
"É a verdade, fui boicotado por um supervisor que era mais forte do que eu porque é primo de um vice-presidente que é forte no clube, acabou, ponto", finalizou Pelaipe sobre o assunto.