Empatar com a LDU em Quito é um resultado que muitos rubro-negros aprovariam antes do início da fase de grupos da Libertadores. O 0x0 não é ruim se considerado o fato de o Flamengo ainda ter dois jogos dentro do Maracanã até a 6ª rodada. Mas também é verdade que o ''bicho não se mostrou tão feroz quanto parecia''. O duelo mostrou que vencer na capital equatoriana era factível.
É lógico que os quase três mil metros de altitude no Estádio Casa Blanca influenciam no rendimento de qualquer equipe visitante. O Flamengo teve méritos em controlar o time anfitrião, que se mostrou bastante limitado tecnicamente e com conteúdo tático pobre para aproveitar os efeitos da condição citada acima. Mas os cariocas poderiam ter vencido com um pouco mais de contundência ofensiva.
Escalações
O técnico Pablo Sánchez confirmou a LDU com o agressivo lateral De la Cruz pela direita. Minda, Gruezo e Cornejo formaram o meio. Cornejo, Alzugaray, Bryan Ramirez e Arce foram o quarteto ofensivo. Filipe Luís poupou Léo Pereira. Não teve De la Cruz, Alex Sandro, Allan e Plata. Evertton Araújo e Ayrton Lucas foram titulares. No ataque, Juninho foi o centroavante e Bruno Henrique o ponta.
Como LDU e Flamengo iniciaram o duelo válido pela 3ª rodada do Grupo C da Libertadores 2025 — Foto: Rodrigo Coutinho
O jogo
Quem esperava um 1º tempo de grandes dificuldades para o Flamengo em Quito certamente se surpreendeu. O rubro-negro teve o controle das ações e sofreu poucos sustos, mas também não conseguiu ser agressivo o suficiente para transformar os mais de 60% de posse em chances de gol. Na prática, apenas Arrascaeta teve a real oportunidade de abrir o placar, mas bateu fraco de canhota.
A LDU basicamente não fez marcações mais agressivas na saída de bola. Esperava em bloco médio, e intensificava o combate perto da linha média. Não fez isso tão bem. Havia muito espaço de progressão para Wesley, lacunas nas costas de Cornejo para Gérson transitar, e pressão na bola bastante irregular.
Os zagueiros e volantes do Flamengo tiveram liberdade para dominar e achar os passes. A questão foi fazer volume ofensivo a partir disso. O time da Gávea controlava com a posse em uma região muito recuada do campo. Quando se aproximava da área, talvez poupando-se ou em dificuldades pela altitude, não conseguia ter a energia suficiente para vencer os duelos e romper a defesa adversária.
Ayrton Lucas, Flamengo, LDU, Libertadores — Foto: Rodrigo BUENDIA / AFP
Ayrton Lucas conseguiu fazer dois bons apoios no início, mas não manteve o padrão. Wesley cometeu erros. Gérson teve altos e baixos. Arrascaeta foi quem mais acertou na parte ofensiva. Bruno Henrique e Juninho estiveram muito apagados. Pulgar e Evertton Araújo evitaram passar da linha da bola. Provavelmente para controlar os contragolpes rivais.
Foram poucas transições que incomodaram de fato o Flamengo. Na principal delas, Alzugaray bateu por cima sem nenhum perigo. Tirando isso, apenas entradas na área sem a melhor definição das jogadas por parte dos equatorianos. A equipe local cometeu muitos erros técnicos.
Buscou em grande parte do 1º tempo trabalhar com passes em profundidade, nas costas da defesa do Flamengo. A proposta era achar Arce, Alzugaray ou Bryan Ramirez desta forma. As inversões em diagonal para as progressões de Leonel Quiñónez nas costas de Wesley também foram utilizadas, mas praticamente todos os passes que entravam no alvo achavam o jogador em impedimento.
Gerson, Flamengo, LDU, Libertadores — Foto: Rodrigo BUENDIA / AFP
O Flamengo também cometeu alguns erros de passe e controle de posse por dificuldades com a velocidade maior da bola. Isso também atrapalhou a construção da equipe. O cenário da partida não mudou nada no início do 2º tempo. Pablo Sanchez tentou mudar o estado inofensivo da LDU com as entradas de Villamil e Alvarado nos lugares de Minda e Alzugaray.
Já Filipe Luís acrescentou qualidade com a entrada de Pedro na vaga de Juninho. A bola chegou mais ''redonda'' no início da 2ª etapa, mas o camisa 23 seguiu cometendo erros. Pouco depois foi a vez de Everton Cebolinha e Luiz Araújo substituírem Bruno Henrique e Arrasacaeta. O uruguaio caiu de produção depis do intervalo.
Gérson foi mantido na função que fazia. Luiz Araújo trabalhou por dentro, próximo de Pedro. E quase abriu o placar ao fazer boa jogada em ataque rápido pelo meio. Errou na hora da finalização. A LDU só foi pressionar de verdade depois dos 40 minutos. Já com o experiente Estrada em campo, e se aproveitando do extremo cansaço do Flamengo, empurrou o time brasileiro para trás.
Estrada perdeu uma grande chance ao cabecear por cima um escanteio curto cobrado pela direita, mas Everton Cebolinha também assustou em chute cruzado nos acréscimos. Adé salvou. Com o empate sem gols, o Flamengo segue dependendo apenas dele para se classificar às oitavas de final da Libertadores.