Nesta sexta-feira (15) o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou à Justiça 11 pessoas pelo incêndio que provocou a morte de 10 adolescentes no CT do Ninho do Urubu, do Flamengo , em fevereiro de 2019. Entre eles, estão o ex-presidente do Rubro-Negro Eduardo Bandeira de Mello e Carlos Noval, que ocupou cargo na antiga diretoria.

"O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio do Grupo de Atuação Especializada do Desporto e Defesa do Torcedor (GAEDEST/MPRJ), denunciou à Justiça 11 pessoas, pelo crime de incêndio culposo qualificado pelos resultados morte e lesão grave, apontadas como responsáveis pela tragédia do Ninho do Urubu. No dia 8 de fevereiro de 2019, o incêndio no Centro de Treinamento do Clube de Regatas do Flamengo (CRF), conhecido como "Ninho do Urubu", provocou a morte de dez adolescentes e graves lesões em outros três", começa por dizer a nota do MPRJ.

Também foram denunciados Antonio Marcio Mongelli Garotti, Claudia Pereira Rodrigues, Danilo da Silva Duarte, Edson Colman da Silva, Fabio Hilario da Silva, Luiz Felipe de Almeida Pondé, Marcelo Maia de Sá, Marcus Vinícius Medeiros e Weslley Gimenes.

Todos os denunciados são dirigentes do clube carioca e representantes de empresas que prestaram serviço ao Flamengo na época da tragédia no CT do clube.

Ao fim de todo o processo, todos os 11 denunciados poderão sofrer pena de prisão, entre um anos e quatro meses, até quatro anos.

"A denúncia oferecida junto à 36ª Vara Criminal da Capital descreve uma série de irregularidades e ilegalidades cometidas. Aponta que houve desobediência a sanções administrativas impostas pelo Poder Público por descumprimento de normas técnicas regulamentares, ocultação das reais condições das construções existentes no local ante a fiscalização do Corpo de Bombeiros, contratação e instalação de contêiner em discordância com regras técnicas de engenharia e arquitetura para servirem de dormitório de adolescentes, inobservância do dever de manutenção adequada das estruturas elétricas que forneciam energia ao aludido contêiner, inexistência de plano de socorro e evacuação em caso de incêndio e, dentre outras, falta de atenção em atender manifestações feitas pelo MPRJ e o MPT a fim de preservar a integridade física dos adolescentes", diz outro trecho na nota, que também fala especificamente sobre Bandeira de Mello.

"O denunciado Eduardo Carvalho Bandeira de Mello, na condição de presidente do clube e detentor final da tomada de decisão, optou por não cumprir a disponibilização de um monitor, por turno, para cada dez adolescentes residentes e por não adequar a estrutura física do espaço destinado a eles às diretrizes e parâmetros mínimos. Segundo a denúncia, ele tinha plena ciência do estado de clandestinidade administrativa dos módulos habitacionais. Ainda segundo o MPRJ, os outros denunciados também incrementaram o risco ao negligenciarem diversos cuidados necessários e adotarem condutas que caracterizam imperícia", concluiu.