O que mais interessava ao Flamengo na última rodada da fase de grupos da Copa do Mundo de Clubes já tinha acontecido quando o time entrou em campo para enfrentar o Los Angeles FC – e não terminou como se esperava. Ser o primeiro colocado do grupo por antecipação deu aos rubro-negros um presente de alemão: enfrentar o Bayern de Munique nas oitavas de final. A decisão de Filipe Luís de poupar jogadores certamente já estava tomada antes da surpreendente vitória do Benfica. E talvez tenha sido mais importante observar o que aconteceu na tarde quente de Charlotte do que na noite morna de Orlando.
O Bayern poupou quase todos os titulares no primeiro tempo e foi punido por um contra-ataque do Benfica – um europeu que mostrou ao mundo que não só os times de outros continentes entram em campo para se defender nesta Copa. Talvez o projeto do técnico Vincent Kompany fosse deixar as estrelas da companhia no vestiário, se protegendo do calor com o ar-condicionado ligado, como fizeram os reservas do Borussia Dortmund. Mas o empate não vinha, e Harry Kane, Kimmich e Olise precisaram suar a camisa no segundo tempo. O bastante para acabar com teorias da conspiração sobre escolha de adversário, mas talvez não para desgastar fisicamente jogadores que devem dar muito trabalho ao Flamengo.
Filipe Luís se preocupou mais em preservar os que tinham cartão amarelo do que em dar descanso a seus comandados. Mas, mesmo entre os poupados, cabe a dúvida: quais deles são titulares? Gerson e Pulgar foram, nas duas partidas anteriores; Plata, só contra o Chelsea; e Bruno Henrique entrou em ambas, mas sempre vindo do banco. Rossi foi o único a jogar os 90 minutos dos três jogos da fase de grupos; além dele, só Arrascaeta e Luís Araújo, substituídos no segundo tempo contra o Los Angeles, estiveram em todas as formações iniciais.
O Flamengo pode não ter chegado ao nirvana dos treinadores, um grupo sem titulares ou reservas – o time alternativo, afinal de contas, levou gol do eliminado Los Angeles e só empatou. Mas alguns dos que jogaram em Orlando mandaram recados importantes ao treinador: Alex Sandro já está fisicamente pronto; Pedro quer jogo, mesmo ainda não estando em seu nível técnico habitual; e Wallace Yan, artilheiro rubro-negro na Copa com poucos minutos em campo, tem mesmo personalidade. Outros, como Cebolinha e Michael, continuam devendo. Mas todos ganharam rodagem.
Mais do que a invencibilidade, manteve-se um time intacto, sem suspensos e novos machucados. Vai ser preciso tudo isso, o calor de Miami e mais um pouco para enfrentar o próximo desafio.