A nova postura do Flamengo no mercado brasileiro e até internacional impôs uma espécie de fair play aos clubes, ao exigir garantias cada vez mais rígidas para que os negócios sejam concluídos.
A mudança promovida pela nova diretoria se deve aos constantes calotes das outras equipes em pagamentos de jogadores. Tanto do Brasil como do exterior.
O principal e mais recente caso envolve o volante Thiago Maia, vendido ao Inter, que não pagou pelo atleta e quer negociá-lo com o Santos, também sem pagar, mas cobrando pelos direitos econômicos.
Por conta disso, o Flamengo só aceita ir adiante se receber garantidas de receitas futuras líquidas e certas do clube, ou garantias bancárias, principalmente, que dão a certeza do recebimento.
José Boto, diretor técnico, tem repassado a nova diretriz aos outros clubes, que incluem, como alternativa, o pagamento à vista, algo que ninguém quer, como ocorreu com o Santos.
No caso de Thiago Maia, o Inter recuou no negócio e reclamou que o Santos não ofereceu as garantidas exigidas pelo Flamengo, mesmo os gaúchos tendo sido os devedores originais.
Nos bastidores, o presidente rubro-negro, Luiz Eduardo Baptista, foi peça decisiva e bateu o martelo que o negócio não seria realizado, sob o argumento que o Santos não será o novo Inter.
O dirigente já havia entrado em cena em outras situações, como a venda de Fabrício Bruno para o Cruzeiro, ocasião em que o avião com o atleta estava na pista e só saiu após o pagamento.
Na venda de Lorran ao CSKA, os russos pediram que o atleta fosse fazer exames na Turquia, mas o Flamengo não permitiu, exigindo o recebimento dos valores acordados da primeira parcela.
Postura se estende para fora do Brasil
A mesma política de mercado agora passará a vigorar para negociações de atletas para o exterior. A nova gestão do Flamengo adotou ressalvas sobre as recentes vendas para Portugal.
Operações feitas com clubes sem força patrimonial alguma, como o Leixões e o Estrela Amadora, foram vistas como temerárias. E as mesmas garantidas serão exigidas daqui em diante.
Em fevereiro, o clube já acionou o Leixões na Fifa por causa de uma dívida referente à transferência do atacante Werton, cujo pagamento da primeira parcela venceu e não foi efetuado.
Em julho de 2024, o clube rubro-negro vendeu 70% dos diretos do jogador por 1 milhão de euros (R$ 5,8 milhões na cotação da época). E deveria receber cerca de R$ 1 milhão no começo de 2025.
O volante Igor Jesus foi vendido para os Estados Unidos pelo Estrela Amadora, de Portugal, que o comprou junto ao Flamengo, mas também nunca pagou nada. A Fifa também será acionada no caso.
Mas a nova gestão entende que a administração anterior negociou jogadores para esses clubes de Portugal a preços abaixo do valor de mercado.