Flamengo gasta combustível no início, cansa no fim, mas é carregado pela torcida após nove anos às quartas da Libertadores

Para contar a história de Flamengo 2 x 0 Emelec é necessário voltar algumas horas antes do jogo. Toda a atmosfera criada ao longo desse 31 de julho influenciou no que aconteceu em campo. A torcida foi ao Ninho do Urubu apoiar a equipe à tarde. Horas depois, “corredor de fogo” na chegada ao estádio, sinalizadores... O Maracanã é acostumado com festa. Mas nessa quarta-feira foi especial. Impossível o time não se contagiar. E o Rubro-Negro deve muito a sua torcida o fato de estar classificado, após nove anos, para as quartas de final da Libertadores (ouça tudo no player acima, no Podcast GE Flamengo).

Dentro do estádio, com quase 70 mil vozes gritando e cantando sem parar, o Flamengo correspondeu. Foram 25, 30 minutos de intensidade total, em que o time praticamente não deixou o Emelec respirar. Tempo necessário para o Flamengo marcar duas vezes com Gabigol e acabar com a vantagem dos equatorianos.

Gabigol, mais uma vez, foi decisivo para o Flamengo: 22 gols em 2019 — Foto: André Durão

Gabigol, mais uma vez, foi decisivo para o Flamengo: 22 gols em 2019 — Foto: André Durão

Fora a incrível chance perdida pelo próprio Gabigol com apenas três minutos de jogo, tudo deu muito certo para o Flamengo no primeiro tempo. Pelo lado direito, Rafinha, Gabigol e Everton Ribeiro – apesar de nitidamente ainda não estar em seu melhor ritmo – envolveram os equatorianos. Na esquerda, Gerson, cada vez mais à vontade, se entendeu com Bruno Henrique.

Em 19 minutos o Flamengo já vencia por 2 a 0 e passava a impressão de que poderia resolver a classificação no primeiro tempo. Mas não resolveu... e acabou sofrendo por isso.

Falta gás, sobra tensão

Logo nos primeiros minutos deu para perceber que o segundo tempo teria outro roteiro. O combustível queimado em excesso no primeiro tempo fez falta. Faltou gás, intensidade, e o Emelec cresceu. E assustou.

- É impossível uma equipe jogar como o Flamengo fez por 45 minutos, quando o Emelec não fez um arremate. Foram 70% de posse de bola, como que você quer que uma equipe seja, no Brasil, China ou Europa, como o Flamengo foi por 105 metros pressionando o portador da bola e chegue na segunda parte com a mesma intensidade? Sabe onde isso acontece? No PlayStation. Quero agradecer aos jogadores por fazerem tudo que deviam fazer - analisou Jorge Jesus.

Foi um segundo tempo de poucas chances e muita tensão. O Flamengo teve uma excelente chance com Thuler, outra boa oportunidade em arrancada de Bruno Henrique e só. Valente, o Emelec não se limitou a defender e tentava encaixar contra-ataques.

Thuler, 20 anos, parecia um veterano em campo — Foto: Alexandre Vidal / Flamengo

Thuler, 20 anos, parecia um veterano em campo — Foto: Alexandre Vidal / Flamengo

Nesse ponto, vale destacar a atuação da defesa rubro-negra. Pablo Marí e Thuler, reservas até semana passada, foram impecáveis. Em seu segundo jogo, o espanhol vai mostrando até aqui que o Flamengo fez uma aposta certeira. O jovem Thuler, de 20 anos, parecia um veterano. Que partida do garoto.

Se a defesa era sólida, o ataque perdeu força. As substituições não incendiaram o time. Faltou ritmo a Arrascaeta, que voltava de lesão. O estreante Reinier e Berrío não conseguiram manter o nível de Gabigol e Gerson, que pediram para sair. Bruno Henrique até tentava, mas estava exausto. Rafinha já não subia com a mesma frequência. O sistema ofensivo estava sem combustível. A disputa por pênaltis foi o caminho natural.

Sobriedade que faltou na Copa do Brasil sobra nos pênaltis

Diego Alves voa para defender o pênalti de Dixon Arroyo — Foto: André Durão

Diego Alves voa para defender o pênalti de Dixon Arroyo — Foto: André Durão

Nas penalidades, a tranquilidade que faltou na Copa do Brasil sobrou diante do Emelec. Arrascaeta, Bruno Henrique, Renê e Rafinha cobraram com sobriedade, calma e categoria que faltaram contra o Athletico, há duas semanas.

Coube a Diego Alves, vaiado domingo contra o Botafogo, defender a cobrança de Dixon Arroyo. Queiróz acertou o travessão, e o Maracanã explodiu. Ufa! Foi sofrido, mas após nove anos o Flamengo está de volta às quartas de final da Libertadores.

 — Foto: Divulgação

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Fonte: Globo Esporte
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