Gabigol é, indiscutivelmente, o herói do título da Libertadores de 2019 do Flamengo . Autor dos dois gols da virada sobre o River Plate , porém, ele poderia ter tido sérios problemas até mesmo para estar em campo se não fosse o ex-nutricionista do clube, Thiago Monteiro.

A história foi revelada pelo próprio profissional, que lembrou que um suco do hotel onde a delegação ficou hospedada em Lima, no Peru, poderia ter comprometido todo o elenco.

Em entrevista ao canal “Pilhado”, no Youtube, Monteiro contou que era praxe em viagens internacionais nunca consumir sucos naturais, por preocupação com a procedência da água. Embora menos recomendável, a opção é sempre pelo líquido industrializado nesses casos.

Não era o que aconteceria na decisão da Libertadores: ao chegar para a primeira refeição, o ex-nutricionista rubro-negro percebeu que o suco era natural. Chegou a falar com o chefe de cozinha do clube e até com o dono do hotel, que garantiu a qualidade da água utilizada. Como todos já estavam prontos para a refeição, Monteiro autorizou o consumo na primeira noite, mas para o dia seguinte, ao menos para os jogadores, tudo seria trocado. “Provei o suco e era bizarro de gostoso. Pensei: ‘Como vou tirar desses caras?’”, relembrou ele.

Dito e feito. Ao contar para a comissão técnica, ouviu as primeiras reclamações. “É muito bom o suco”. “Vocês podem tomar, eles não vão”, respondeu ele. Com os jogadores, a mesma coisa. “Qual é Nutrifofo (apelido de Monteiro), cadê o suco”, questionou Willian Arão.

“Não dá, água do hotel, vamos no suco de caixinha”, respondeu o profissional, reconhecendo que era “ruim”, mas necessário. “São só três dias”. Tirando o elenco, os demais profissionais seguiram consumindo os sucos naturais do hotel...

“No segundo dia, apareceram dois da comissão técnica: ‘Comi alguma coisa que me fez mal’. Diarreia”, relembrou o nutricionista, que pensou: “Se for comida, estou morto...”.

Monteiro explicou que todos da delegação comiam a mesma coisa, a única diferença na viagem da final da Libertadores era o suco, que seguia não sendo consumido apenas pelos atletas. Os dias se passavam, e o número de problemas de saúde só aumentavam...

“Estou morto”, relatou Monteiro, que procurou então o departamento médico do clube para saber se havia algum problema com jogadores. Nenhum caso. Já na comissão técnica, 70% dos profissionais, segundo o nutricionista conta, estava debilitada.

Monteiro, que revelou também ter tido o problema, lembra que provocou Arão posteriormente. “Olha aí, dá uma olhadinha para o lado”, disse. O meio-campista ainda teria questionado: “Como tu sabe que é o suco?”. “É tudo igual, é a única coisa diferente!”.

No dia do duelo contra o River, segundo o nutricionista, 90% da delegação tinha problemas de diarreia, nenhum jogador. Em campo, o Flamengo buscou uma virada histórica, com dois gols de Gabigol nos minutos finais, para conquistar o título com vitória por 2 a 1.

Poderia ser diferente não fossem os sucos de caixinha? Para o ex-nutricionista, sim. “Claro que iam jogar, iam para campo, mas como ia ser a performance desses jogadores?", questionou. “Do jeito que foi, gols no momento que foram... É óbvio que não vou garantir, mas eram grandes as chances de não render tanto, cair no segundo tempo, time desidratado... Difícil.”