Após a derrota para o Corinthians por 2 a 1, neste domingo, o Flamengo voltou a chamar a atenção para um problema recorrente: as lesões musculares. Em coletiva de imprensa, o preparador físico Fábio Mahseredjian, ao lado do técnico Tite, abordou as recentes lesões que assolaram o elenco rubro-negro. Nos últimos 15 dias, cinco jogadores sofreram lesões na coxa, levantando questões sobre o preparo físico e o planejamento do time para a sequência de jogos.
- É um fenômeno ocorrido no mundo todo. Tem times no Brasileiro com 12 no DM (departamento médico). O Botafogo ontem teve um atleta (Cuiabano) com lesão de posterior de coxa logo no início da partida. Hoje aqui o Corinthians com quatro, cinco minutos, também teve um que machucou a posterior da coxa (Hector Hernández). Outro saiu no segundo tempo, não sei se lesionado ou não, mas com a mão na posterior da coxa. É um fenômeno mundial.
- Em novembro do ano passado saiu uma reportagem do Mirror, da Inglaterra, que em uma certa rodada havia 30 jogadores que não iriam jogar por lesões em posterior de coxa. Foram as três que fomos acometidos: Gabriel, Pedro e Nico (De la Cruz), que foi uma lesão muito pequena. Foi concentrado, não está tudo errado, nós estamos bem equilibrados, sabemos o que estamos fazendo. Essas lesões vão continuar ocorrendo - disse Mahseredjian em coletiva.
Pedro e Gabigol foram os primeiros a se lesionarem no dia 15 de agosto, durante a partida contra o Bolívar, pela Copa Libertadores, no Maracanã. A lesão de Arrascaeta ocorreu apenas três dias depois, no clássico contra o Botafogo, pelo Campeonato Brasileiro. A sequência de lesões não parou por aí: Michael e De la Cruz se machucaram no confronto contra o Bahia, e, na partida contra o Corinthians na Neo Química Arena, foi a vez de David Luiz deixar o campo no segundo tempo com dores na coxa esquerda.
Lesões musculares em 15 dias:
Pedro: posterior da coxa esquerda
Gabigol: posterior da coxa direita
Arrascaeta: adutor da coxa esquerda
De la Cruz: posterior da coxa direita
Michael: posterior da coxa direita
David Luiz: coxa esquerda (ainda vai fazer exames)
- A lesão do Arrascaeta foi de adutor, ninguém esperava. Nenhum exame detectou a possibilidade de vir lesão. Prever lesão não existe, não há nada que nos mostre. Você tenta atenuar, mas prever ou prevenir é muito difícil. Não é uma realidade só nossa. Sei que tem DM de clubes com 12, nove, seis... É sazonal. Esse intervalo vai nos dar tempo de recuperar esses atletas porque sai desse período congestionado. Se tudo der certo e conseguir avançar, serão mais oito jogos consecutivos - argumentou Mahseredjian.
Fábio Mahseredjian minimizou as preocupações com o elevado número de lesões, citando um estudo científico inglês que sugere que lesões musculares são cada vez mais comuns devido ao aumento da intensidade dos jogos e do tempo de acréscimos.
- No primeiro semestre eu disse que não tem como fugir porque o futebol está mais intenso. Existem artigos científicos provando isso. Tem um que acompanhou sete temporadas consecutivas na Inglaterra, da temporada 2006/07 até 2012/13. A distância percorrida foi exatamente a mesma, uma diferença de 2%. Sabe o que aumentou? O número de piques: 85%. A distância percorrida em alta velocidade, acima de 20km/h: 30%. A distância em sprint, acima de 25km/h: 35%. Então o futebol mudou.
- Nós enfrentamos, como outras equipes também, 13 jogos consecutivos agora nesse período congestionado, pós-Copa América. Com decisões duras, viagens longas... Jogar em La paz é muito difícil. E foi uma decisão que valeu uma classificação. Futebol ficou mais intenso. Esse ano o acréscimo dos jogos aumentou. Hoje tivemos 18 minutos, só o Gerson nesses 13 jogos jogou 14. Quase um jogo e meio a mais por causa dos acréscimos, e olha que contra o São Paulo ele entrou só no segundo tempo, e contra o Botafogo jogou só o primeiro. Citei ele por ser o com mais minutagem.
Questionado sobre a possível sobrecarga física ao escalar o time titular na segunda partida do Carioca, após uma vitória confortável por 3 a 0 contra o Nova Iguaçu no jogo de ida, Mahseredjian rebateu qualquer insinuação de erro de planejamento.
- O Carioca acabou em abril. Com certeza que esse não foi o fato de em alguns jogos a performance física pode ter influenciado. Isso aconteceu do final de janeiro, fevereiro, março e abril? Então com certeza não. O que posso afirmar é que a sequência agora, 13 jogos consecutivos, jogos decisivos contra equipes de altíssimo nível... Como foi o Palmeiras por exemplo, jogando três jogos seguidos contra eles e em condições adversas para nos, que é o gramado sintético. Tudo isso vem influenciar, mas eu não vejo tantos jogos assim de termos desequilíbrio físico no final das partidas.
- Contra o Botafogo acredito que sim, estou aqui para assumir. Mas porque estamos muitas vezes jogando contra equipes que tem um dia a mais de descanso do que nós. Foram várias vezes que jogamos quinta e domingo, e o adversário jogou quarta. Ou jogamos quarta e sábado, e adversário jogou terça. Bragantino foi assim, e ainda tivemos a viagem para a Bolívia e vencemos. Mas não preciso me vangloriar, não foi física a vitória, foi sempre no contexto geral. Só queria deixar claro, muitas vezes tivemos desvantagem em termos de descanso em relação aos adversários. Com certeza o Carioca não teve erro de planejamento.
Sobre a recuperação dos jogadores, Mahseredjian forneceu atualizações importantes. Gabigol já iniciou a fase de transição e voltou a realizar atividades em campo, enquanto Arrascaeta segue em tratamento e fisioterapia. Ambos são esperados para reforçar o Flamengo após a pausa para a Data FIFA, entre 2 e 10 de setembro. Michael, por sua vez, deve ficar fora por cerca de dois meses, enquanto De la Cruz tem previsão de retorno em duas a três semanas.