Flamengo: Ederson cita 'negligências' do departamento médico ao apoiar zagueiro que se aposentou por lesões

Uma manifestação de solidariedade ao zagueiro Dener, que se aposentou aos 23 anos por conta das lesões, trouxe à tona as críticas do ex-meia Ederson ao departamento médico do Flamengo.

Cria da base rubro-negra, Dener relatou nas redes sociais ter passado três anos e meio com semblante de dor, "após uma cirurgia e uma recuperação mal sucedida por irresponsabilidades e negligências".

Ederson quis manifestar apoio ao agora ex-zagueiro e disse que sofreu com "a mesma negligência" no Flamengo. "Tive que encerrar minha carreira também por culpa daqueles incompetentes", disse o meia.

Apesar de os jogadores não citarem nomes, a situação envolve o setor liderado pelo médico Márcio Tannure desde 2015.

Ederson chegou ao Flamengo naquele mesmo 2015 e saiu em julho de 2018. À Rádio Globo, ele detalhou situações, como o fato de ter treinado por alguns dias com o ligamento do joelho direito rompido, em setembro do primeiro ano no clube.

- Tive uma pancada muito forte no jogo contra o Vasco. Fiz um exame no dia seguinte e não me deram o resultado em mãos. Quando eu voltei para o clube, me mandaram treinar normalmente, sendo que eu mal conseguia apoiar o pé no chão. Eu dizia que não tinha condições, porque estava com muita dor. Aí começou a situação desagradável, sendo forçado a treinar com uma dor absurda. Isso foi por dois, três dias. Quando o exame chegou, o médico viu que constava ruptura do ligamento. Tive que treinar porque as pessoas acharam que não era nada - disse o meia.

Ederson voltou no ano seguinte, mas se viu diante de um quadro mais grave, no joelho esquerdo. Contra o Corinthians, um carrinho de Fagner gerou lesão no menisco, rompimento de ligamento e um edema ósseo.

- Apesar de tudo isso, o tratamento optado foi conservador, com indicação de que eu voltaria a jogar em um mês. Mas edema ósseo precisaria colocar tirar o pé do chão. Mas o tratamento foi o contrário: sempre forçando. Fiquei afastado por dez meses - comentou Ederson.

O ex-meia disse ainda que buscou opiniões de outros médicos, mas os profissionais do Fla não acataram as indicações, já que contrariavam a condução do clube. Ederson foi além e relaciona o desenvolvimento de um câncer no testículo ao período de sofrimento por causa da lesão no Fla.

- É uma percepção que eu tenho, conversando com alguns especialistas. É possível que alguém passando por algo muito, muito difícil acaba envolvendo outro tipo de doença. Cientificamente não sei se é possível comprovar isso - completou o ex-jogador, que processa o Flamengo no âmbito trabalhista por causa de uma cláusula não cumprida de aumento salarial.

Vice-presidente geral e jurídico do Fla, Rodrigo Dunshee de Abranches usou o Twitter para dar uma resposta, sem citar nomes, às alegações do caso de Dener, que desencadeou o desabafo de Ederson.

Cirurgias são atividade de risco inerente. Na Justiça, um dos processos mais difíceis são os de erro médico, pela possibilidade natural de uma operação não atingir 100% de sucesso. Temos que valorizar nossos médicos, que, até prova em contrário, são heróis desse Brasil. Ex-atletas não são qualificados para julgar condutas médicas. Entendo algumas frustrações, mas culpar pessoas não é a melhor forma de aceitar as fatalidades da vida. Acusar é fácil, provar, não. Estou falando sem citar nomes ou processos. O lugar para discutir casos específicos é em processo judicial.

Fonte: Extra
publicidade
publicidade