O Flamengo se tornou o epicentro de uma controvérsia nesta sexta-feira (15), ao optar por transportar sua equipe de futebol feminino de ônibus do Rio de Janeiro a São Paulo. A decisão ocorre em um momento crucial, já que as "Meninas da Gávea" se preparam para enfrentar o Palmeiras neste domingo (17), às 10h30 (horário de Brasília), na Arena Barueri, pelo jogo de volta das quartas de final do Brasileirão.
A escolha pelo transporte rodoviário, para um trajeto que ultrapassa 400 km, gerou críticas contundentes sobre a valorização do futebol feminino dentro do clube, que é um dos mais ricos do continente. A viagem, que leva cerca de sete horas, foi custeada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que, segundo informações, oferece apenas essa alternativa para deslocamentos dessa distância.
Críticas à gestão do futebol feminino
A jornalista Renata Mendonça, da TV Globo e co-fundadora do projeto "Dibradoras", foi uma das principais vozes a criticar a postura do Flamengo. Em um vídeo divulgado em suas redes sociais, ela questionou: "O Flamengo, que é o clube mais rico do continente, ou um dos, não vai gastar dinheiro com time feminino para viajar, não é mesmo? Então, bora lá encarar o busão da madrugada, a noite mal dormida."
Mendonça destacou a disparidade no tratamento e investimento, ressaltando que a escolha por um transporte terrestre compromete o descanso e a preparação das atletas em um momento decisivo do campeonato. O Flamengo venceu a partida de ida por 3 a 2, em Volta Redonda, e joga pelo empate para avançar à semifinal.
Decisões questionáveis e falta de apoio
As críticas de Renata Mendonça não se limitaram ao meio de transporte. Ela também abordou a decisão do Flamengo de mandar o jogo de ida em Volta Redonda, em vez de na capital. Segundo a jornalista, o gerente de futebol feminino do clube, André Rocha, justificou a escolha alegando que a modalidade "não tem demanda" para um estádio com capacidade superior a 10 mil pessoas, uma exigência da competição nesta fase. "O dirigente do clube de maior torcida do Brasil acha que a torcida do Flamengo não seria capaz de colocar 10 mil pessoas para ver um time feminino jogando mata-mata com a Cristiane em campo", contestou Mendonça.
Ela traçou um paralelo com a divulgação massiva do jogo do time sub-20 masculino no Maracanã, que contou com planejamento, promoções e ampla chamada ao público, algo que, segundo ela, não foi feito para a equipe feminina.
Reflexão sobre o futuro do futebol feminino
Em seu desabafo, a jornalista criticou duramente a gestão do futebol feminino do Flamengo, afirmando que a mentalidade de quem comanda a modalidade parece ir na contramão do seu desenvolvimento. "É muita, mas muita vontade de fazer a parada dar errado. Parabéns aos envolvidos", concluiu.
Até o fechamento desta matéria, o Flamengo não havia se pronunciado oficialmente sobre as críticas levantadas por Renata Mendonça. A delegação feminina segue viagem para São Paulo, onde buscará a classificação para a semifinal do Brasileirão.